Os crimes contra as mulheres, não só aumentaram: estão mais violentos. "As agressões são sempre preocupantes, mas notamos nos últimos tempos uma mudança na forma dos crimes: são mais violentos, mais brutais", disse a presidente da União da Mulher-Alternativa e Resposta (UMAR). Elizabete Brasil refere-se ao crescente número de mulheres que são mortas à machadada pelos seus maridos ou ex-companheiros. O que é assustador. O marido ou companheiro é o principal agressor. O sistema judicial português, "continua a ser cúmplice" destes crimes. Apesar da violência doméstica ter passado a ser tipificada como um crime público desde 2000, não carecendo de apresentação de queixa para que seja desencadeado o processo crime, "são as mulheres que têm de se pôr em fuga, são elas que têm de ir para as casa de abrigo, deixar a sua casa, a sua rede familiar e social". "O sistema continua a ter dificuldades em deter estes indivíduos, os vizinhos continuam a não chamar a polícia quando assistam a maus tratos, porque ainda há quem pense que entre marido e mulher não se mete a colher, é toda a sociedade que tem de perceber que a agressão é uma violação dos direitos humanos e não se pode ser complacente com essa realidade". Para a activista "já não se pode falar em Portugal de um problema de falta de legislação adequada, ela existe, mas infelizmente a prática das instituições nem sempre é a mais adequada". A UMAR tem duas casas-abrigo para mulheres vítimas de maus tratos, com capacidade para 60 utentes que estão sempre lotadas. O baixo nível de escolaridade e o baixo rendimento salarial das mulheres acompanham frequentemente estes casos.