quinta-feira, 22 de abril de 2010

Há 80 anos: Zeca Afonso. um cantor da liberdade



Passam 80 anos sobre o nascimento de José Afonso. O Centro Cultural Vila Flor, Guimarães. Sábado, 24 Abril-22h00. 20 Canções para Zeca Afonso "um projecto que propõe uma reflexão sobre a obra poética e musical desta figura ímpar da cultura portuguesa." O repertório inclui canções originalmente editadas entre 1962 e 1987, representando estética e cronologicamente uma parte significativa da obra de Zeca Afonso. Neste espectáculo, a raiz popular presente na música de Zeca Afonso é recriada num contexto inovador que concilia as melodias das canções (vozes), os timbres jazzísticos do trio de jazz (guitarra, baixo e bateria) que acompanha os instrumentos solistas (saxofone e piano) e a ambiência subtil do quarteto de cordas, numa fusão única de universos musicais que se complementam e enriquecem.
Foi uma das figuras mais marcantes da canção de intervenção em Portugal. Desde os anos cinquenta que José Afonso (Zeca) desempenhou um papel fundamental no combate à opressão, através do canto e da poesia. Cultivou vários géneros poéticos musicados: desde o fado à canção popular transformando a letra e a música em mensagens mágicas de melodia e sonho. Dizia: «Semeio palavras na música. Não tenho pretensões de dar a estas minhas deambulações pela música popular qualquer outro rótulo. Faço apenas canções. A canção insere-se sempre dentro de um processo. A sua eficácia depende do processo em que se insere. A sua importância depende da vastidão desse processo.»
"A arte de José Afonso é um jorro de água clara, puríssima, portuguesa sem mácula. Realmente é a “pureza” a nota maior desta arte: Pureza de voz, pureza no poema, pureza na música. Neste disco, um dos mais ricos quanto a valores poéticos, é ela que domina: Trova antiga purificada, folclore limpo de excrescências, balada de combate em que a justiça vai de bandeira. E o ouvinte fica tonificado, «limpo», cheio de graça, com mais vigor para a luta. No chiqueiro velho e saudosista, insignificativo e feio da música ligeira do nosso país, José Afonso surgiu como um renovador: De riso claro e leal, com punho duro de diamante, terno e gentil sem amaneiramentos. Limpou crostas, desatou amarras, descobriu ramos verdes e ocultos, abriu janelas na parede bolorenta do fatalismo lusíada. E como esta arte pura e viril habitava já, nebulosamente, nos anseios da juventude que tanto pechisbeque musical mórbido e paupérrimo trazia nauseada, José Afonso conseguiu rapidamente uma enorme audiência. Ele é hoje o mais autêntico trovador do povo português, nesta hora que todos vivemos. Ninguém melhor que ele transmite os seus desesperos e raivas, as suas aspirações de amor, de paz, de justiça, de verdade. Por isto, todos o amam. E o amor do povo, dos jovens, de todos aqueles que ainda não estão definitivamente contaminados, esclerosados, é, tenho a certeza, a recompensa e a glória de José Afonso. Nem tudo está podre no reino da Dinamarca." (Bernardo Santareno)
Ainda no ano passado lindíssima homenagem em Santiago de Compostela, com uma centena de pessoas a participar no "baptizado" de um parque com o nome de Zeca Afonso, no dia em que se assinalou 37 anos de um concerto que o cantor português deu em Santiago de Compostela e em que marcou a estreia de "Grândola, Vila Morena".
Traz outro amigo também, Cantigas do Maio, Venham mais cinco, Somos filhos da madrugada, mas foi a «Grândola Vila Morena», que foi elegida como a senha para que o Movimento das Forças Armadas avançasse para a revolução dos cravos na madrugada de 25 de Abril de 1974.
Pequenas grandes coisas que por cá se vão votando ao esquecimento. Com muita pena!