Passam 80 anos sobre o nascimento de José Afonso. O Centro Cultural Vila Flor, Guimarães. Sábado, 24 Abril-22h00. 20 Canções para Zeca Afonso "um projecto que propõe uma reflexão sobre a obra poética e musical desta figura ímpar da cultura portuguesa." O repertório inclui canções originalmente editadas entre 1962 e 1987, representando estética e cronologicamente uma parte significativa da obra de Zeca Afonso. Neste espectáculo, a raiz popular presente na música de Zeca Afonso é recriada num contexto inovador que concilia as melodias das canções (vozes), os timbres jazzísticos do trio de jazz (guitarra, baixo e bateria) que acompanha os instrumentos solistas (saxofone e piano) e a ambiência subtil do quarteto de cordas, numa fusão única de universos musicais que se complementam e enriquecem.
Foi uma das figuras mais marcantes da canção de intervenção em Portugal. Desde os anos cinquenta que José Afonso (Zeca) desempenhou um papel fundamental no combate à opressão, através do canto e da poesia. Cultivou vários géneros poéticos musicados: desde o fado à canção popular transformando a letra e a música em mensagens mágicas de melodia e sonho. Dizia: «Semeio palavras na música. Não tenho pretensões de dar a estas minhas deambulações pela música popular qualquer outro rótulo. Faço apenas canções. A canção insere-se sempre dentro de um processo. A sua eficácia depende do processo em que se insere. A sua importância depende da vastidão desse processo.»
"A arte de José Afonso é um jorro de água clara, puríssima, portuguesa sem mácula. Realmente é a “pureza” a nota maior desta arte: Pureza de voz, pureza no poema, pureza na música. Neste disco, um dos mais ricos quanto a valores poéticos, é ela que domina: Trova antiga purificada, folclore limpo de excrescências, balada de combate em que a justiça vai de bandeira. E o ouvinte fica tonificado, «limpo», cheio de graça, com mais vigor para a luta. No chiqueiro velho e saudosista, insignificativo e feio da música ligeira do nosso país, José Afonso surgiu como um renovador: De riso claro e leal, com punho duro de diamante, terno e gentil sem amaneiramentos. Limpou crostas, desatou amarras, descobriu ramos verdes e ocultos, abriu janelas na parede bolorenta do fatalismo lusíada. E como esta arte pura e viril habitava já, nebulosamente, nos anseios da juventude que tanto pechisbeque musical mórbido e paupérrimo trazia nauseada, José Afonso conseguiu rapidamente uma enorme audiência. Ele é hoje o mais autêntico trovador do povo português, nesta hora que todos vivemos. Ninguém melhor que ele transmite os seus desesperos e raivas, as suas aspirações de amor, de paz, de justiça, de verdade. Por isto, todos o amam. E o amor do povo, dos jovens, de todos aqueles que ainda não estão definitivamente contaminados, esclerosados, é, tenho a certeza, a recompensa e a glória de José Afonso. Nem tudo está podre no reino da Dinamarca." (Bernardo Santareno)
Ainda no ano passado lindíssima homenagem em Santiago de Compostela, com uma centena de pessoas a participar no "baptizado" de um parque com o nome de Zeca Afonso, no dia em que se assinalou 37 anos de um concerto que o cantor português deu em Santiago de Compostela e em que marcou a estreia de "Grândola, Vila Morena".
Traz outro amigo também, Cantigas do Maio, Venham mais cinco, Somos filhos da madrugada, mas foi a «Grândola Vila Morena», que foi elegida como a senha para que o Movimento das Forças Armadas avançasse para a revolução dos cravos na madrugada de 25 de Abril de 1974.
Foi uma das figuras mais marcantes da canção de intervenção em Portugal. Desde os anos cinquenta que José Afonso (Zeca) desempenhou um papel fundamental no combate à opressão, através do canto e da poesia. Cultivou vários géneros poéticos musicados: desde o fado à canção popular transformando a letra e a música em mensagens mágicas de melodia e sonho. Dizia: «Semeio palavras na música. Não tenho pretensões de dar a estas minhas deambulações pela música popular qualquer outro rótulo. Faço apenas canções. A canção insere-se sempre dentro de um processo. A sua eficácia depende do processo em que se insere. A sua importância depende da vastidão desse processo.»
"A arte de José Afonso é um jorro de água clara, puríssima, portuguesa sem mácula. Realmente é a “pureza” a nota maior desta arte: Pureza de voz, pureza no poema, pureza na música. Neste disco, um dos mais ricos quanto a valores poéticos, é ela que domina: Trova antiga purificada, folclore limpo de excrescências, balada de combate em que a justiça vai de bandeira. E o ouvinte fica tonificado, «limpo», cheio de graça, com mais vigor para a luta. No chiqueiro velho e saudosista, insignificativo e feio da música ligeira do nosso país, José Afonso surgiu como um renovador: De riso claro e leal, com punho duro de diamante, terno e gentil sem amaneiramentos. Limpou crostas, desatou amarras, descobriu ramos verdes e ocultos, abriu janelas na parede bolorenta do fatalismo lusíada. E como esta arte pura e viril habitava já, nebulosamente, nos anseios da juventude que tanto pechisbeque musical mórbido e paupérrimo trazia nauseada, José Afonso conseguiu rapidamente uma enorme audiência. Ele é hoje o mais autêntico trovador do povo português, nesta hora que todos vivemos. Ninguém melhor que ele transmite os seus desesperos e raivas, as suas aspirações de amor, de paz, de justiça, de verdade. Por isto, todos o amam. E o amor do povo, dos jovens, de todos aqueles que ainda não estão definitivamente contaminados, esclerosados, é, tenho a certeza, a recompensa e a glória de José Afonso. Nem tudo está podre no reino da Dinamarca." (Bernardo Santareno)
Ainda no ano passado lindíssima homenagem em Santiago de Compostela, com uma centena de pessoas a participar no "baptizado" de um parque com o nome de Zeca Afonso, no dia em que se assinalou 37 anos de um concerto que o cantor português deu em Santiago de Compostela e em que marcou a estreia de "Grândola, Vila Morena".
Traz outro amigo também, Cantigas do Maio, Venham mais cinco, Somos filhos da madrugada, mas foi a «Grândola Vila Morena», que foi elegida como a senha para que o Movimento das Forças Armadas avançasse para a revolução dos cravos na madrugada de 25 de Abril de 1974.
Pequenas grandes coisas que por cá se vão votando ao esquecimento. Com muita pena!