sábado, 24 de abril de 2010

Primeiro comunicado do MFA - na voz de Joaquim Furtado



Acabo de ver na RTA-Memórias, o Joaquim Furtado, Inevitável ligá-lo ao som da Revolução dos Cravos. No dia anterior a rádio foi a “senha” para o arranque simultâneo dos militares que decidiram acabar de uma vez por todas com uma ditadura que matava o País com uma morte que não se via mas matava.
5 minutos antes das 23h do dia 24 de Abril de 1974, nos estúdios da Rádio Alfabeta dos Emissores Associados de Lisboa, o locutor de serviço - João Paulo Dinis – “lançou” a música “E depois do adeus” de Paulo de Carvalho. Era o sinal para as tropas avançarem.
A "senha", constituída pela canção Grândola, Vila Morena, de José Afonso, foi gravada por Leite de Vasconcelos e posta no ar por Manuel Tomás, no âmbito do programa Limite da Rádio Renascença, à meia-noite e vinte, antecedida da leitura da sua primeira quadra.
“Grândola, vila morena Terra da fraternidade, O povo é quem mais ordena Dentro de ti, ó cidade”
Esta segunda “senha” transmitida pela Rádio Renascença, estação de cobertura nacional, serviu para informar todos os quartéis e militares que aderiam ao golpe, de que tudo estava preparado e a correr conforme o previsto.
Era o arranque sincronizado e irreversível das forças do MFA (Movimento das Forças Armadas).
4 horas mais tarde a rádio era já o eco da liberdade e augúrio de que tudo iria correr bem.
A Rádio Clube Português é ocupada por militares e transformada no posto de comando do «Movimento das Forças Armadas» - por este motivo a emissora fica conhecida como a “Emissora da Liberdade”.
Às 04h26 o locutor Joaquim Furtado fazia a leitura do primeiro comunicado do MFA, aos microfones do Rádio Clube Português: “Aqui posto de comando do Movimento das Forças Armadas. As Forças Armadas portuguesas apelam para todos os habitantes da cidade de Lisboa no sentido de recolherem a suas casas, nas quais se devem conservar com a máxima calma. Esperamos sinceramente que a gravidade da hora que vivemos não seja tristemente assinalada por qualquer acidente pessoal, para o que apelamos para o bom senso dos comandos das forças militarizadas no sentido de serem evitados quaisquer confrontos com as Forças Armadas. Tal confronto, além de desnecessário, só poderia conduzir a sérios prejuízos individuais que enlutariam e criariam divisões entre os portugueses, o que há que evitar a todo o custo.”
Na manhã do dia 25, nascia a liberdade e morria a ditadura. Jazia podre nos seus 50 anos. Caía sem criar resistência. Dos canos das espingardas não saíam ecos de tiros, neles floriam cravos vermelhos.