sexta-feira, 16 de abril de 2010

"Velhas" ideias, "novas" realidades

Podem parecer-nos ideias velhas, mas a nova realidade pode vir a (re)impô-las. É ali na «RUA DE XABREGAS», frente ao antigo «CONVENTO DE S. FRANCISCO DE XABREGAS», que fica o edifício que a «SOCIEDADE PROTECTORA DAS COZINHAS ECONÓMICAS DE LISBOA», mandou construir (inaugurado a 20 de Fevereiro de 1896) com o nome de: «COZINHA ECONÓMICA Nº4» de XABREGAS. Uma iniciativa que foi uma acção de beneficência de MARIA LUÍSA DE SOUSA HOLSTEIN, a 3ª Duquesa de Palmela, neta do primeiro «DUQUE DE PALMELA». Nasceu em Lisboa na freguesia dos «MÁRTIRES» a 4 de Agosto de 1841 e faleceu na sua Quinta de Sintra em 2 de Setembro de 1906. Dama de grande cultura, tinha estudado em França e conhecia vários países, privava com embaixadores, falando-lhes normalmente na língua deles. Interessada por tudo o que a rodeava estava sempre bem informada. Dai, podermos afirmar que conhecia bem o que se passava no resto do mundo e a evolução que a Sociedade Portuguesa iria sofrer. A 8 de Dezembro de 1893 foi inaugurada a primeira «COZINHA ECONÓMICA» na «TRAVESSA DO FORNO» aos «PRAZERES», zona de grande população de operários na altura. Depois desta cozinha, outras se lhe seguiram: Em 1893 a Nº1 na «TRAVESSA DO FORNO-PRAZERES»; - 1894 a Nº2 nos «ANJOS»; - 1895 a Nº3 em «ALCÂNTARA»; - 1896 a Nº4 em «XABREGAS»; - 1897 a Nº5 na «RIBEIRA VELHA»; - 1898 a Nº6 na «RUA DE SÃO BENTO». Nestes locais era garantido, um mínimo de alimentação a muitas famílias operárias, que viviam numa situação onde as condições de vida, trabalho e habitação eram cheias de dificuldades. A partir do ano de 1918, estas instituições viriam a ser conhecidas pela «SOPA DO SIDÓNIO». Os tempos da guerra (1914-1918) trouxeram a miséria a muitas famílias portuguesas e em particular na zona operária de Xabregas. Conta-se que era o próprio «SIDÓNIO PAIS», (Presidente da República Portuguesa entre 1917 e 1918 e morreu assassinado) e um seu filho que, de noite, iam fornecer as «COZINHAS ECONÓMICAS» para que, pelo menos, a sopa não faltasse aos mais pobres. Estas cozinhas depois da República, passaram a ser geridas pela «SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA». Presentemente funciona no número 49 da «RUA DE XABREGAS» um departamento da «CASA PIA DE LISBOA» com o nome de «LAR DE SANTO ANTÓNIO».