terça-feira, 6 de abril de 2010

Associação Portuguesa de Apoio à Vítima: Uma ajuda sempre merecida

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) é uma instituição particular de solidariedade social, pessoa colectiva de utilidade pública, que tem como objectivo estatutário promover e contribuir para a informação, protecção e apoio aos cidadãos vítimas de infracções penais.
A APAV registou 6.539 mulheres, afectadas por crime, só em 2009. Uma média de 18 mulheres/dia. A maioria entre os 26 e os 45 anos de idade. Um total de 7639 vítimas apoiadas pela entidade. Um crescimento de 1,3% do número de processos de apoio, no ano passado, num total de 10 132 processos e de 20 000 vitimas apoiadas. No total, registados 17 628 crimes, a maior parte de violência doméstica (90%). Em caso de violência doméstica, o número de homicídios aumentou para mais do dobro, face a 2008. Noutros casos, como violação, os números subiram 5,3% e no caso de abuso sexual o numero aumentou 3,5%, face ao ano anterior. Falta comprovar se os dados aumentaram pelo aumento de casos ocorridos, ou pelo aumento de queixas.
A Madeira ainda não tem um Gabinete de apoio à vítima, mas os números de violência contra as mulheres são expressivos: 511 participações de violência doméstica nas esquadras da PSP nos primeiros 6 meses de 2009. Todas as vítimas que recorreram ao telefone da APAV foram ajudadas a partir dos Açores, as chamadas da Madeira são encaminhadas para o gabinete de Ponta Delgada e, de lá, os técnicos procuram ajudar quem telefona, quase sempre mulheres alvos de maus tratos por parte dos companheiros. Sílvia Branco, gestora do Gabinete da APAV em Ponta Delgada, reconhece que, à distância, não é fácil ajudar as mulheres que procura ajuda, muitas desesperadas, a precisar de uma resposta imediata e urgente. Os técnicos têm os contactos dos parceiros na Madeira, das instituições e das casas de abrigo, mas a verdade é que é sempre diferente tentar ajudar alguém à distância. Só que é a única solução já que, por cá, não existe uma delegação da APAV. "É impensável prestar apoio psicológico à distância. Temos que contactar as colegas psicólogas da Madeira e encaminhar as mulheres para os parceiros. Só que, como se percebe, não é o mesmo do que ter um gabinete para onde as mulheres podem dirigir-se, do qual podem sair nos carros de serviço para as casas de abrigo. Aqui fazemos isso, ajudamos as mulheres assim que entram aqui". Sílvia Branco não conhece a Madeira, nunca esteve cá, nem sequer de férias, mas em 2009 a equipa do Gabinete de Apoio à Vítima ajudou 31 mulheres, a grande maioria vítima de violência doméstica por parte dos seus companheiros. O volume de chamadas da Madeira para o 707 20 00 77 (a linha da APAV) foi, no entanto, grande e, na opinião da gestora do gabinete de Ponta Delgada, fazia todo o sentido abrir uma destas dependências da APAV. As vítimas - que até ao momento são mulheres - teriam um acompanhamento mais personalizado e mais próximos. Os 15 que existem no continente e nos Açores prestam ajuda psicológica, social e jurídica. "Definitivamente, a Madeira precisa de um gabinete, com uma equipa preparada e que conheça de perto a realidade madeirense". Apenas nos primeiros 6 meses de 2009 foram registadas 511 participações por violência doméstica nas esquadras da PSP da Madeira. O que significa que, por semana, houve 20 queixas, na sua maioria de mulheres e contra os companheiros. Os dados constam de um relatório apresentado pela Direcção Geral da Administração Interna a propósito do Dia Internacional Contra a Violência Sobre as Mulheres e referem apenas à primeira metade do ano. Além dos 15 gabinetes que oferecem um atendimento personalizado, gratuito e confidencial, o site da APAV tem vários conselhos às vítimas e, no caso específico das de violência médica, é dito qu as vítimas devem pedir socorro, procurar refúgio e auxílio de vizinhos, contactar o 112 e procurar ser visto por um médico, mesmo que não existam sinais visíveis de agressão. É também recomendado que as vítimas devem procurar ajuda e pedir a alguém (uma pessoa de família ou uma pessoa amiga) que acompanhe o processo. Nas recomendações e conselhos, a APAV salienta que são naturais as perturbações que as vítimas sentem, tanto físicas, psicológicas e até sociais. O que, no caso das mulheres alvos de maus tratos, tem particular relevo já que, para se manter a salvo, muitas têm de deixar para trás a vida que tinham, a casa, o emprego e isso provoca muitas vezes sentimentos de solidão e tristeza. A associação lembra, no entanto, que, com apoio, quase todos estes sentimentos e problemas por passar. O importante é que as vítimas de crime procurem tratamento para ultrapassar o momento díficil que atravessam.
E, já agora, a APAV é uma organização sem fins lucrativos e de voluntariado, o que significa que todos temos a possibilidade de a ajudar, e, portanto, todas as vítimas de crimes, por uma destas formas. Ponha as mãos na consciência limpa. Este é um problema de todos. Ajude-a(as).