sexta-feira, 16 de abril de 2010

Um cartão de crédito que, afinal, prevê divórcios...

Uso do cartão de crédito prevê divórcios? pergunta o In Verbis. Pois parece que sim. A análise pormenorizada das despesas pagas com cartão de crédito pode prever mesmo uma separação conjugal, diz Ian Ayres, professor na Universidade de Yale, no seu livro Super Crunchers, em que afirma que grandes empresas de cartões de crédito como a Visa não estão preocupadas com o estado civil dos seus clientes, apenas querem saber se as despesas efectuadas com recurso ao cartão serão efectivamente pagas. Mas Ayres explica também que o cruzamento de dados pode permitir antecipar comportamentos. Ou seja, mesmo que não seja este o objectivo, poder-se-á perceber, por exemplo, se a tendência numa vida a dois é para a separação. Isto porque, como as pessoas em litígio conjugal se costumam esquecer de fazer os seus pagamentos, os problemas domésticos dos consumidores passaram a fazer parte da análise de risco das empresas de cartões de crédito. É por isso que estão, cada vez mais, a ser construídos perfis psicológicos dos vários tipos de consumidores. Proprietários de automóveis que adquiram detectores de monóxido de carbono ou comprem sementes de primeira qualidade para alimentar os seus pássaros raramente se esquecem de pagar. Pelo contrário, proprietários de carros com motores baratos a gasolina são consumidores de maior risco para as companhias.
Prever o comportamento das pessoas está a tornar-se, assim, um negócio muito lucrativo. Uma das questões que interessa às empresas de cartões de crédito é saber se o dono do cartão mudou recentemente de casa. Porquê? "Para ser o primeiro a enviar-lhe uma série de ofertas, direccionadas às suas necessidades", explica Bob Grossman, director do Laboratório de Computação Avançada, da Universidade do Illinois, nos EUA.
No ano passado, a American Express chegou ao ponto de oferecer 300 dólares a clientes seleccionados, para que encerrassem as suas contas e abandonassem a empresa. É que ficava mais barato perdê-los do que ter em conta o risco que lhes estava associado.
Na base desta decisão está a análise pormenorizada de elementos aparentemente tão díspares como o facto de que quem gosta de dançar prefere ter um Macintosh, por exemplo. Foi, inclusivamente, criado um algoritmo para estudar o cruzamento de dados e permitir chegar a conclusões. (Cristina Martins Expresso online 13.04.2010)