quarta-feira, 28 de abril de 2010

Abril e o poder do sonho de um Povo



«Nenhum homem é uma ilha isolada. Cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa ficará diminuida, como se fosse a casa do teu amigo a tua própia casa. A morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do género humano. E, se dobram os sinos, não perguntes por que dobram os sinos - eles dobram por TI» John Donne. «Ó tu, Sertório, ó nobre Coriolo, Catilina, é vós outros dos antigos Que contra vossas pátrias com profano Coração vos fizeste inimigos: Se lá no reino escuro de Sumano Receberdes gravíssimos castigos, Dizei-lhe que também dos Portugueses Alguns traidores houve algumas vezes» (Luiz de Camões - Lusíadas, IV, 58)
Muitos séculos depois de Camões e muitos anos volvidos após o 25 de Abril de 1974, os poderes «ocultos» podem, ainda, mascarar as pantominas dos vira-casacas de certos quadrantes da sociedade portuguesa ... Mas tentar mascarar a verdade genuína do actual quotidiano dos portugueses, principalmente daqueles que sofreram e sobreviveram aos anos da "ditadura" da religão, guerra do ex-ultramar e a 48 anos de Governo fascista, que lhes roubou parte dos sonhos da juventude e lhes incendiou a infância, além de grave injustiça, é blasfémia.
Serão os sonhos determinantes na vida dos seres humanos?...Alguns sonhos podem ser uma espécie de luz que alumia os caminhos mais sinuosos, mesmo quando a claridade de cada dia parece escapar às turbulências dos tempos desta vida. levados por um sonho assim, os capitães de Abril de 1974, no "abraço" do movimento das Forças Armadas, violaram todas as "algemas" e abriram todas as"janelas" para uma nova era...a era da liberdade. Porém, há quem diga ainda hoje que, de "quando-em-quando", se ouve o "troar" dos canhões da barbárie. Outros asseguram que não. O debate violento que ainda hoje travam na luta pelo poder põe a nu uma questão talvez essencial para o futuro da humanidade: Se os direitos do homem ainda não são universais, poderão ao menos vir a sê-lo..? Que povo é este que povo...