sábado, 24 de abril de 2010

Visões de Abril, por Ângelo Correia



Ângelo Correia relata o seu 25 de Abril. Estava em casa a dormir. Tempos antes, pressentiu que alguma coisa ia mudar no país. Ângelo Correia, antigo ministro da Administração Interna do tempo de Cavaco Silva, sentia "uma deterioração profunda do estado de espírito dos portugueses". "O regime estava podre", diz. E chegou o 25 de Abril. "Não há democracias quando se quer, mas quando há condições para isso." Sublinhou que Portugal nunca agradeceu, como deve ser, "aos militares que pagaram as facturas e fracturas da sociedade civil" e que, assim, evitaram "uma guerra civil". No entanto, o social-democrata reconheceu que, na Revolução dos Cravos, nem todos tiveram o mesmo sonho e, portanto, o período que se seguiu foi marcado por alguma "dor". Foi, acrescentou, "um período de afrontamento da legitimidade dos sonhos". Bem vistas as coisas, a força militar, "a matriz original do 25 de Abril", teve o seu papel, só que "não determinou o futuro do país em termos de escolha do povo".