sábado, 24 de abril de 2010

Visões de Abril, por Jorge Sampaio



Jorge Sampaio agradece o "heroísmo silencioso" dos opositores à ditadura, como os que estiveram presos na Fortaleza de Peniche. "A liberdade e a paz são hoje a tradição portuguesa renovada", declarou. Sublinhando o contributo histórico de alguns dos detidos em Peniche, como Álvaro Cunhal, para o caminho que conduziu ao 25 de Abril, Sampaio sublinhou que "a liberdade é, graças a eles, um grande projecto colectivo". Incapaz de conter a emoção, Jorge Sampaio recordou que "não há resistência sem resistentes", elogiando a luta de "homens e mulheres de todas as condições, profissões e convicções ideológicas" que estiveram privados da liberdade por se oporem ao regime totalitário. "A liberdade e a paz são os bens colectivos, afinal de contas, mais preciosos", sublinhou, depois de lembrar os tempos em que "a guerra era o sinal da mais completa ausência de debate democrático" e em que "Portugal era ostracizado" no estrangeiro por fechar as portas ao Estado de Direito e insistir numa política colonialista. Graças à liberdade, "os cidadãos sabem que a sua opinião conta, que o seu voto conta e tem de continuar a contar", sustentou, voltando a enaltecer a "afirmação corajosa" dos resistentes antifascistas que perceberam que "só há um destino que vale a pena ser vivido: a liberdade".