A 8, os presidentes americano e russo, Barack Obama e Dmitri Medvedev, assinaram, em Praga, um tratado de redução dos arsenais nucleares. Não foi um acto puramente bilateral, mas o segundo passo da "ofensiva nuclear" de Obama, aberta com o anúncio de uma nova doutrina nuclear. Prosseguiu com a Cimeira da Segurança Nuclear, em Washington, e culminará na conferência da ONU sobre o Tratado de Não Proliferação (NPT), em Maio, em Nova Iorque. A campanha foi lançada há 1 ano, em Praga, com o discurso de Obama sobre "um mundo sem armas nucleares". O objectivo declarado é reforçar a "segurança nacional", abandonando as doutrinas da Guerra Fria "para responder às ameaças do século XXI". O combate à proliferação e a necessidade de salvaguardar o NPT são a preocupação imediata. O novo tratado Start não é muito ambicioso, mas é crucial para Obama, pois precisa de mostrar acção e passar a mensagem de que os EUA estão seriamente empenhados em reduzir os seus arsenais e o peso da arma nuclear.
Na conferência sobre o NPT, as 5 potências nucleares oficiais (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França) serão submetidas a forte pressão dos desnuclearizados para acelerarem a redução dos arsenais, como previsto no texto de 1968, assinado por 189 países - as excepções são a Índia, o Paquistão e Israel. Ora, os EUA e a Rússia detêm mais de 90% das armas nucleares existentes. A outra vertente, a redução do papel da arma nuclear e a introdução de restrições inéditas no seu uso, foi anunciada, logo após. Os EUA comprometem-se a apenas usar a bomba em "circunstâncias extremas", dando uma garantia aos adversários não nuclearizados que os ataquem: não responderão com a arma nuclear. Mas com uma excepção: os países que violem o NPT. Esta excepção, que visa o Irão e a Coreia do Norte, e possivelmente a Síria, foi criticada por especialistas americanos, como Stephen Walt ou Flynt Leverett, que a qualificaram como um incentivo para a corrida à bomba pelo Irão, já que o designa como "um alvo nuclear".
Começou a 12, a Cimeira sobre Segurança Nuclear em Washington, outro encontro de extrema importância para Barack Obama que definiu a obtenção de armas nucleares por grupos terroristas como “a maior ameaça para a segurança mundial”. O presidente norte-americano encetou uma série de encontros bilaterais, p.ex., com os chefes de governo da Índia e do Paquistão, países fora do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. A cimeira ocorreu dias depois da assinatura do novo tratado de redução dos arsenais nucleares norte-americano e russo. O encontro terá servido para convencer a China a apoiar um novo pacote de sanções contra o Irão. A comunidade internacional suspeita que a república islâmica fabrique armas nucleares através do programa de enriquecimento de urânio. Mas o principal objectivo de Obama é obter das potências nucleares o compromisso de tudo fazerem para impedir o roubo, comércio e contrabando de materiais nucleares que possam servir para fabricar as chamadas “bombas sujas”.
As 47 nações presentes na Cimeira sobre a não-proliferação nuclear, em Washington, comprometeram-se a reforçar a segurança dos arsenais nucleares e a fechar alguns reactores. Presentes, além da ONU, da UE e da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). O Presidente chinês, Hu Jintao, e países irregularmente dotados da arma - Índia, Paquistão e Israel. A cimeira de Washington, que reuniu 47 líderes de nações com arsenal nuclear, terminou com um acordo entre todos os países: Barack Obama recebeu a garantia de que todos se comprometem a reforçar a segurança no que se refere ao armamento nuclear, e que vão aumentar os esforços para impedir que este chegue às mãos de grupos terroristas. O encontro tinha como objectivo principal estabelecer uma estratégia para o controlo da energia nuclear a nível mundial, de forma a impedir que grupos terroristas, como a Al-Qaeda, tivessem acesso a material que lhes permitisse construir uma arma nuclear. Países como o Canadá, o Chile e a Ucrânia comprometeram-se a entregar aos EUA a sua energia nuclear, enquanto Medvedev disse que a Rússia fecharia um dos seus reactores de plutónio. O México disse que transformaria as suas reservas de urânio enriquecido em urânio empobrecido e, portanto, sem aplicação militar. "Agarrámos esta oportunidade", disse Barack Obama ontem, no final da Cimeira, citado pela Bloomberg. "Os norte-americanos vão ficar a salvo e o mundo vai ficar mais seguro", concluiu o presidente democrata.
No dia anterior Obama tinha chamado a atenção para o aumento do risco de um ataque nuclear, vinte anos depois do fim da Guerra Fria. O objectivo é a segurança das armas e o controlo dos materiais nucleares, inclusive os de uso civil, visando criar um sistema de cooperação internacional que dificulte o acesso de novos países ao nuclear militar e a possibilidade de esses materiais caírem nas mãos de redes terroristas. A bomba atómica terá evitado, desde 1945, uma guerra entre grandes potências, o que é inédito. Mas, terminado o "equilíbrio do terror", a dissuasão nuclear começa a parecer obsoleta. "A ameaça de guerra nuclear tornou-se remota, mas aumentou o risco de um ataque nuclear", constata o novo documento americano.
A nova expressão é "o ponto crítico nuclear", título de um documentário exibido por Obama na Casa Branca e lançado por um manifesto de antigos responsáveis da política externa, George Shultz, William Perry, Henry Kissinger e Sam Nunn, em Janeiro de 2008: "A acelerada difusão das armas nucleares, do know-how e dos materiais nucleares conduziram-nos a um ponto crítico nuclear. Enfrentamos a real possibilidade de as mais mortíferas armas jamais inventadas poderem cair em mãos perigosas. (...) Com armas nucleares mais largamente disponíveis, a dissuasão torna-se cada vez menos eficaz e crescentemente aleatória."
A nova "postura nuclear" de Obama pressupõe que a superioridade das forças convencionais americanas e o seu avanço nos sistemas antimísseis são a primeira garantia da segurança nacional. Mas, o que é verdade para os EUA não o é para os outros. Num horizonte realista, a Rússia e a China não têm meios para competir com os EUA e abandonar os arsenais nucleares não faz parte dos seus planos. O mesmo acontece com a Índia e o Paquistão, e com Israel. Os EUA reformularão a sua dissuasão. E batem-se contra a proliferação. Apela o general Colin Powell: "Este é o momento em que temos de avançar, de arrastar os outros connosco, para reduzir o número de armas nucleares e, depois, as eliminar da face da Terra." Se a desnuclearização é uma meta irrealista, a não proliferação pode ser tema de consenso, já que toca a segurança internacional.
De 5 a 28 de Maio, os 189 subscritores do NPT reunir-se-ão em Nova Iorque. Para grande parte dos países, o tratado é iníquo, favorecendo os "grandes". Os EUA gostariam de o "actualizar", já que foi em grande medida concebido contra "a corrida aos armamentos". Outros querem rever disposições que consideram discriminatórias. Em cima da mesa, está a "desnuclearização do Médio Oriente" (i.é, o desarmamento nuclear de Israel). Todos têm direito de veto e o Irão é um dos subscritores. A favor do statu quo está o facto de a maioria dos não nuclearizados ter beneficiado do NPT, que travou o acesso à arma por adversários ou vizinhos mais fortes.
Na conferência sobre o NPT, as 5 potências nucleares oficiais (EUA, Rússia, China, Grã-Bretanha e França) serão submetidas a forte pressão dos desnuclearizados para acelerarem a redução dos arsenais, como previsto no texto de 1968, assinado por 189 países - as excepções são a Índia, o Paquistão e Israel. Ora, os EUA e a Rússia detêm mais de 90% das armas nucleares existentes. A outra vertente, a redução do papel da arma nuclear e a introdução de restrições inéditas no seu uso, foi anunciada, logo após. Os EUA comprometem-se a apenas usar a bomba em "circunstâncias extremas", dando uma garantia aos adversários não nuclearizados que os ataquem: não responderão com a arma nuclear. Mas com uma excepção: os países que violem o NPT. Esta excepção, que visa o Irão e a Coreia do Norte, e possivelmente a Síria, foi criticada por especialistas americanos, como Stephen Walt ou Flynt Leverett, que a qualificaram como um incentivo para a corrida à bomba pelo Irão, já que o designa como "um alvo nuclear".
Começou a 12, a Cimeira sobre Segurança Nuclear em Washington, outro encontro de extrema importância para Barack Obama que definiu a obtenção de armas nucleares por grupos terroristas como “a maior ameaça para a segurança mundial”. O presidente norte-americano encetou uma série de encontros bilaterais, p.ex., com os chefes de governo da Índia e do Paquistão, países fora do Tratado de Não-Proliferação Nuclear. A cimeira ocorreu dias depois da assinatura do novo tratado de redução dos arsenais nucleares norte-americano e russo. O encontro terá servido para convencer a China a apoiar um novo pacote de sanções contra o Irão. A comunidade internacional suspeita que a república islâmica fabrique armas nucleares através do programa de enriquecimento de urânio. Mas o principal objectivo de Obama é obter das potências nucleares o compromisso de tudo fazerem para impedir o roubo, comércio e contrabando de materiais nucleares que possam servir para fabricar as chamadas “bombas sujas”.
As 47 nações presentes na Cimeira sobre a não-proliferação nuclear, em Washington, comprometeram-se a reforçar a segurança dos arsenais nucleares e a fechar alguns reactores. Presentes, além da ONU, da UE e da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA). O Presidente chinês, Hu Jintao, e países irregularmente dotados da arma - Índia, Paquistão e Israel. A cimeira de Washington, que reuniu 47 líderes de nações com arsenal nuclear, terminou com um acordo entre todos os países: Barack Obama recebeu a garantia de que todos se comprometem a reforçar a segurança no que se refere ao armamento nuclear, e que vão aumentar os esforços para impedir que este chegue às mãos de grupos terroristas. O encontro tinha como objectivo principal estabelecer uma estratégia para o controlo da energia nuclear a nível mundial, de forma a impedir que grupos terroristas, como a Al-Qaeda, tivessem acesso a material que lhes permitisse construir uma arma nuclear. Países como o Canadá, o Chile e a Ucrânia comprometeram-se a entregar aos EUA a sua energia nuclear, enquanto Medvedev disse que a Rússia fecharia um dos seus reactores de plutónio. O México disse que transformaria as suas reservas de urânio enriquecido em urânio empobrecido e, portanto, sem aplicação militar. "Agarrámos esta oportunidade", disse Barack Obama ontem, no final da Cimeira, citado pela Bloomberg. "Os norte-americanos vão ficar a salvo e o mundo vai ficar mais seguro", concluiu o presidente democrata.
No dia anterior Obama tinha chamado a atenção para o aumento do risco de um ataque nuclear, vinte anos depois do fim da Guerra Fria. O objectivo é a segurança das armas e o controlo dos materiais nucleares, inclusive os de uso civil, visando criar um sistema de cooperação internacional que dificulte o acesso de novos países ao nuclear militar e a possibilidade de esses materiais caírem nas mãos de redes terroristas. A bomba atómica terá evitado, desde 1945, uma guerra entre grandes potências, o que é inédito. Mas, terminado o "equilíbrio do terror", a dissuasão nuclear começa a parecer obsoleta. "A ameaça de guerra nuclear tornou-se remota, mas aumentou o risco de um ataque nuclear", constata o novo documento americano.
A nova expressão é "o ponto crítico nuclear", título de um documentário exibido por Obama na Casa Branca e lançado por um manifesto de antigos responsáveis da política externa, George Shultz, William Perry, Henry Kissinger e Sam Nunn, em Janeiro de 2008: "A acelerada difusão das armas nucleares, do know-how e dos materiais nucleares conduziram-nos a um ponto crítico nuclear. Enfrentamos a real possibilidade de as mais mortíferas armas jamais inventadas poderem cair em mãos perigosas. (...) Com armas nucleares mais largamente disponíveis, a dissuasão torna-se cada vez menos eficaz e crescentemente aleatória."
A nova "postura nuclear" de Obama pressupõe que a superioridade das forças convencionais americanas e o seu avanço nos sistemas antimísseis são a primeira garantia da segurança nacional. Mas, o que é verdade para os EUA não o é para os outros. Num horizonte realista, a Rússia e a China não têm meios para competir com os EUA e abandonar os arsenais nucleares não faz parte dos seus planos. O mesmo acontece com a Índia e o Paquistão, e com Israel. Os EUA reformularão a sua dissuasão. E batem-se contra a proliferação. Apela o general Colin Powell: "Este é o momento em que temos de avançar, de arrastar os outros connosco, para reduzir o número de armas nucleares e, depois, as eliminar da face da Terra." Se a desnuclearização é uma meta irrealista, a não proliferação pode ser tema de consenso, já que toca a segurança internacional.
De 5 a 28 de Maio, os 189 subscritores do NPT reunir-se-ão em Nova Iorque. Para grande parte dos países, o tratado é iníquo, favorecendo os "grandes". Os EUA gostariam de o "actualizar", já que foi em grande medida concebido contra "a corrida aos armamentos". Outros querem rever disposições que consideram discriminatórias. Em cima da mesa, está a "desnuclearização do Médio Oriente" (i.é, o desarmamento nuclear de Israel). Todos têm direito de veto e o Irão é um dos subscritores. A favor do statu quo está o facto de a maioria dos não nuclearizados ter beneficiado do NPT, que travou o acesso à arma por adversários ou vizinhos mais fortes.