sexta-feira, 9 de abril de 2010

Passos Coelho, Cleopatra e as víboras!

Todos de olhos postos nas decisões de Pedro Passos Coelho, alguns aguardavam que acedesse às pressões internas e desse palmadinhas nas costas e abracinhos a quem mais não fez que o ostracizar e tratar como o filho de um deus-menor. Apesar de olhar para os ex-adversários, no que alguns já qualificam como "manobra de imitação" da estratégia de José Sócrates, PPC começa a dar sinais visíveis aos próprios deputados do partido. Quando PPC desatou a dizer que contava com os seus adversários Aguiar-Branco e Paulo Rangel para os órgãos nacionais do partido, em nome da unidade interna, comecei a ver a vida deste senhor a andar para trás. Claro que confiei que o bom senso do padrinho o chamasse à razão. Claro que o tal "caminho de unidade e de coesão interna no PSD” é uma utopia, e, apesar dos efeitos visíveis da "lei da rolha", não ignorará as jogadas de bastidores que já colocaram o seu escalpe ao lado dos de Sá Carneiro, Emídio Guerreiro, Sousa Franco, Menéres Pimentel, Ribeiro de Almeida, Pinto Balsemão, Rodrigues dos Santos, Mota Pinto, Rui Machete, Cavaco Silva, Fernando Nogueira, Marcelo Rebelo de Sousa, Durão Barroso, Santana Lopes, Marques Mendes e Luís Filipe Menezes. E, muitos dos que "fizeram a folha" a alguns destas (poucos bons, muitos nem por isso) personagens, já se aprontam para cometer o pecado da gula à custa de umas trincadinhas na sua tenra carne. Mas PPC, definitivamente, tornou-se um homem e um político avisado. Evidentemente que Paulo Rangel e José Pedro Aguiar-Branco aceitaram o convite para exercer cargos de responsabilidade no partido, com Rangel a encabeçar uma lista conjunta ao Conselho Nacional e Aguiar-Branco a presidir à comissão de revisão do programa do partido. Mas estou em crer que PPC, depois de uma longa travessia no deserto, alcançou a sanidade mental desejável ao novo líder do ninho de víboras (o grémio PSD). PPC conseguiu uma façanha, sobretudo, sabendo-se "o que a casa gasta": gente que, para seu bem e do PSD, até cumula lealdade com competência. E não se fala, como é óbvio dos rivais, fala-se dos leais. A nova comissão politica do PSD vai sair do congresso dos sociais-democratas. Que os ares de Carcavelos lhe valham! Miguel Relvas vai para porta-voz e secretário geral do partido. Paula Teixeira da Cruz (advogada, ex-vereadora da CMLisboa e ex-presidente da Assembleia Municipal de Lisboa), Diogo Leite Campos (doutorado em direito e em economia e fiscalista e ex-administrador do Banco de Portugal entre 1994 e 2000) e Marco António Costa (presidente da distrital do PSD do Porto, advogado, actualmente vice-presidente da CMVNGaia) sobem para vice-presidentes. Calvão da Silva vai presidir ao Conselho de Jurisdição Nacional. Braga de Macedo fica à frente do gabinete de relações internacionais. Fernando Ruas (presidente da Associação Nacional de Municípios e mandatário de Passos Coelho na candidatura à liderança do PSD) vai presidir ao Congresso.
O novo lider da Associação Cultural Ninho de Víboras foi já tantas vezes picado pelas ditas que recusou-se a fazer de Cleopatra e a deixar-se morder (mais uma vez e quantas mais ainda). Sem esquecer a máxima: Mantém os teus amigos perto… e os inimigos ainda mais perto. Uma das vantagens de ser um espectador atento de teatro é que, na vicissitude de se ser chamado a vestir a pele de actor, se conhecem já as deixas e as falas de cor! Foi um bom aprendiz, chegará a mestre?