Houve expectativa quando, no ano passado, a UNESCO elegeu a búlgara Irina Bokova para directora-geral. Ainda em 2009, a UNESCO festejou o Dia Internacional da Língua Materna. Visa promover a diversidade e desenvolver uma consciência maior das tradições linguísticas e culturais baseadas na compreensão e no diálogo. IB foi uma firme defensora da língua materna, enquanto expressão do pensamento individual e base da história e da cultura do indivíduo. Defendeu que as línguas, com as suas implicações complexas em termos de identidade, de comunicação, de integração social, de educação e de desenvolvimento, têm uma importância estratégica para os povos e para o planeta. Que, devido aos processos de globalização, as línguas, como património de cultura, se encontram cada vez mais ameaçadas. Quando as línguas se extinguem, reduz-se a diversidade cultural, e, com ela, diluem-se e perdem-se também as perspectivas, tradições, memórias coletivas e modos únicos de pensamento e de expressão. Para IB, é preciso que os governos de todos os países estimulem o multilinguismo. “É fundamental o encorajamento de políticas linguísticas regionais e nacionais coerentes, que contribuam para uma utilização apropriada e harmoniosa das línguas no seio de uma comunidade e de um determinado país”, alerta. Segundo ela, tais políticas favorecem a adoção de medidas que permitam a cada comunidade de locutores utilizar sua língua materna no espaço público e no privado, dando aos locutores a possibilidade de aprender e de utilizar outras línguas locais, nacionais e internacionais.“Uma discussão no âmbito do Ano Internacional para a Aproximação das Culturas. As línguas são, por excelência, vetores de compreensão do outro e de tolerância. O multilinguismo constitui um fator de abertura para a diversidade, para a compreensão de outras culturas. Por isso, a língua deve ser promovida como um elemento constitutivo e estrutural da educação moderna. Tudo a apelar à tolerância, à reconciliação e ao equilíbrio no mundo. “Vivemos num mundo marcado, cada vez mais, por uma interdependência crescente em todos os domínios da actividade humana”, declarou IB. “Paralelamente, com a globalização, a incompreensão e a desconfiança aumentaram, nestes últimos anos. A crise económica, ambiental e também ética veio aumentar ainda mais esse sentimento de insegurança e de desconfiança”. Perante esta realidade, a UNESCO deseja instaurar “um novo humanismo”, para salvaguardar a coesão social e preservar a paz. O objectivo é promover a diversidade de culturas “que englobam não só as artes e as letras mas também os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças”, sublinhou IB. Foram definidos quatro eixos estratégicos de acção. Tratar-se-á de promover um conhecimento mútuo da diversidade cultural, étnica, linguística e religiosa, elaborar um quadro de valores comuns, reforçar uma educação de qualidade e competências interculturais e incitar ao diálogo em prol do desenvolvimento sustentável. IB lançou um apelo à mobilização de todos os parceiros da UNESCO, a fim de participarem, a nível local, nacional, regional e internacional, no Ano Internacional de Aproximação das Culturas. “Perante os desafios de um mundo cada vez mais interligado, a nossa tarefa comum é erguer pontes sólidas e solidárias entre todas as culturas, a fim de criar uma nova ética universal de vida em comum”, concluiu a Directora-Geral da UNESCO.