A Igreja continua a não ter uma linha de opinião uniforme no seu seio quanto à questão dos seus próprios pecados. Por cá, o cardeal patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, afirma que os lamenta, considerando que «indignam o mundo» e ofuscam a imagem do «Reino de Deus», e diz mesmo que «Estamos aos pés da Cruz num momento em que os pecados da Igreja, mesmo os pecados dos sacerdotes, indignam o mundo e ofuscam a imagem do Reino de Deus», suplicando aos crentes «Continuamos a precisar do Vosso amor redentor, por causa dos nossos pecados. Perdoai os pecados da Vossa Igreja». O bispo de Oslo e Trondheim, Bernt Eidsvig, veio revelou à imprensa norueguesa as informações recebidas sobre novos casos de pedofilia na Igreja Católica da Noruega. O Papa Bento 16 aceitou a renúncia do bispo irlandês John Magee, criticado pelo modo como lidou com o escândalo de pedofilia que recentemente atingiu a Igreja Católica na República da Irlanda e quer encontrar-se com mais vítimas de abusos sexuais por parte de membros da Igreja, depois de o ter feito durante as visitas pastorais que realizou aos EUA e à Austrália. O cardeal Walter Kasper, um colaborador próximo do Papa, defendeu hoje uma "limpeza" na Igreja através da condenação dos culpados de atos de pedofilia e da indemnização das vítimas. "Já chega. É preciso fazer a limpeza na nossa Igreja", declarou. "Os abusos sexuais de menores por parte de responsáveis do clero são atos criminosos, vergonhosos, pecados mortais inadmissíveis". Segundo ele, "o Papa não tem intenção de ficar a olhar" sem agir e exige "a tolerância zero em relação aqueles que são culpados de más condutas tão graves". Provas da determinação de Bento XVI são, segundo Kasper, as recentes demissões de bispos irlandeses acusados de terem encoberto abusos sobre crianças realizados durante dezenas de anos por padres. O Papa "não vai parar aqui", assegurou o cardeal, referindo a carta pastoral à Igreja da Irlanda prevista para as próximas semanas. O cardeal Kasper sugeriu mesmo que aquela mensagem podia ser alargada a toda a Igreja. Eis a perplexidadae elevada a indignação quando o bispo do Tenerife, Bernardo Alvarez (autoridade religiosa máxima nessa região espanhola) gerou escândalo ao perguntar «Porque é que um abusador de menores é considerado doente?». «Pode haver menores que o consentem - há-os de facto» disse. "Há adolescentes de 13 anos que são menores e que estão perfeitamente de acordo e inclusive, que o desejam. Aliás, se te descuidas, provocam-te». Mais à frente o bispo comparou a homossexualidade com os abusos, apesar de assegurar que existe uma diferença clara entre os dois questionando: «Porque é que o abusador de menores é considerado doente?». Para o bispo, hoje em dia «não é politicamente correcto dizer que é uma doença, uma carência, uma deformação da natureza própria do ser humano. Era isso que dizia qualquer dicionário de Psiquiatria e que hoje não pode dizer». Desculpas para actos de Satanás na casa de Deus?