domingo, 14 de março de 2010

A Tapada (de Mafra) e as Tampas do Congresso (de Mafra)

O site da CMMafra que diz que Mafra "é ... um território de oportunidades abertas" seria outro se alguém adivinhasse que, um dia, ali se realizaria um Congresso(zinho) do PSD. Redireccionado as atenções usualmente dadas à Tapada, a fauna foi este fim-de-semana substituída por veados, gamos, javalis, saca-rabos, raposas, lobos e pássaros, todos cor-de-laranja. Poucos veados, algumas raposas (por sinal, velhas), uns poucos lobos (conhecidos) e muitos pássaros (apesar da proibição do bel canto de PSL/delito de opinião/"vão ver o que vos acontece se voltarem a repetir a gracinha de dizer mal de mim quando voltar ser o que mereço: lider"!).
Terminada a noite do 1º dia, Rui Machete reservou a 150 congressistas a inscrição para falar na manhã seguinte, e, então reabertos os trabalhos do conclave, o 1º orador, Pinheiro Torres, ensaiou a sua dissertação perante +/- 20 congressistas. Domingo é dia de missa e estava tudo no Convento em acto de contrição.
PSL propôs que o congresso se realize antes das eleições, lá pela 6ª, na tarde de sábado votava-se, e a seguir ao jantar já se sabia quem era o novo líder. Palavras de um homem que não tem tempo a perder, dada a sua cri(act)atividade noctívaga. Assim, lá no finzinho desse sábado já pode decidir se se continua a fazer estragos no PSD (que a ele deve, não exclusivamente, mas em boa parte, estar "pelas ruas da amargura"), ou se funda outro - escolhia uma matilha de pupilos, e, um dia, aplicaria - oh! sonho que comandas a vida!, o novo modelo de congresso pós eleições que defende, porque este "não é bom para o líder", porque "é "quase uma obrigação, um ritual que tem de ser cumprido". Líder (PSL) que obriga à lei da rolha, porque há que acabar com esta gentalha que está neste partido equivocada, a pensar que se pode dar ao luxo de pensar e, pior ainda, de mostrar aos outros que se pode pensar, o que é, no mínimo, antipedagógico! Lider (PSL) que detesta rituais (Cal Gonçalves e Miguel de Almeida, ex-chefes de gabinete, lembrem-se disso e jamais o convidem para alguma Causa Maior onde os haja. Regulares (estes incluídos) e irregulares agradecem!) Pena que MFL, no final do conclave, não reze o discurso de extrema-unção (que também a ela se deve), para que fique na história da social-democracia como Aquela Santa! Tudo numa Terra de Convento! PSL, numa coerência louvável, e num gesto sacro-santo muito seu, (re)pisa Cavaco Silva (O que O condecorou com a insígnia da Ordem que, se tudo estivesse no lugar certo e o mundo fosse Justo e Perfeito, nunca o condecoria), e, referindo-se a Sócrates, cospe fogo: "não levará a mal que lhe pergunte se era esta a boa moeda", embora não vá tão longe a ponto de pôr em dúvida o seu apoio à recandidatura do professor: "sinto-me contente por ter Cavaco Silva como candidato presidencial e Manuel Alegre a continuar a fazer poemas". Folgamos em sabê-lo! De poetas está o Inferno cheio e V.Exa. almeja o Céu. E lá foi, artilhando "estar convencido de que se Cavaco Silva soubesse o que sabe hoje teria preferido que o PSD continuasse a governar" (referindo-se ao artigo que este escreveu, em 2005, e que fragilizou a sua imagem (tinha-a?!) de primeiro-ministro). Furioso com Constâncio - "enfiou o maior barrete a Portugal e permitiu o projecto de poder pessoal de José Sócrates" -, indecente que ninguém se lembre dele para estas nomeações "lá fora" (O que por acaso todos também temos pena!) e previne o PSD para "liderar um bloco de centro-direita , assumindo a bipolarização, e dexando o CDS no seu lugar, sem andar a crescer à nossa custa". Ora, quem será O Escolhido para liderar tal bloquinho? Adivinhe-se! O homem da lei da rolha. E, intrépido, quando, à saída de Mafra, os jornalistas o confrontaram que "nem o PCP tem uma norma destas...", respondeu: "temos nós". Remata-se "O camarada Estaline está vivo e veste laranja." (Sim, porque naquele partido, o Diabo não veste Prada)
PR diz que "precisamos duma verdadeira dessocratização" - diria mais, ele precisa e com a maior urgência. Dos inimigos ainda se pode dizer mal mas já sobre PPC, fica-se pelas "indirectas", (referindo-se à ligação PPC-Ângelo Correia, a Tal que incomoda muita gente) lá foi dizendo que "o PSD e o país precisam de ter no poder "alguém que não ceda aos interesses dos negócios", com um apelo dramático aos militantes: "cada um é dono e senhor do seu voto, e dono da sua própria mão, do polegar e do indicador com que irá votar". A sério? Tem a certeza que é do PSD?
JAB não arrebatou a populaça e não foi aplaudido, até porque com tal fatiota era difícil descalçar a bota! Falou na regionalização, "sem medo da palavra", nos 36 anos de militância, aludindo ao defeitozinho de PR, e piscou o olho a Alberto João Jardim (que só sossegou quando descansou o coxis numa cadeirinha ao lado de PR), acabando com a dizer que "há um estorvo no desenvolvimento do pais, chama-se José Sócrates". É principalmente um grande estorvo para ele. É com certeza! Acho que JAB não entende como é que um tipo que só tem de atravessar a rua (Castilho) para se vestir naquela lojinha é socialista. E fica danado! Porque não foi ele pedir lá uns conselhitos de imagem? Talvez tivesse conhecido Maria Célia ... e hoje seria senão um grande homem O homem de uma grande mulher. Que injustiça! Outro Calimero!
Pena que PPC, acusado de passar grande parte da sua vida na JSD, vê a direcção da Jota apoiar o candidato da (não)ruptura: PR. 3 dos vice-presidentes da JSD estão com PR - ah! Bruxelas!, 2 apoiam PPC - as namoradas estão a acabar o liceu e os paizinhos não as deixam ir - e o SG - que é louco por chocolate (suiço) mantém-se neutro! PPC é mesmo um bom homem: teceu elogios a MFL e a PSL e tentou as pazes com AJJ - "se há muito tempo andamos desencontrados, quero que saiba que não é só o senhor que sabe perdoar ao engenheiro Sócrates, eu também sei perdoar" - razão porque Jardim saiu disparado, como se tivesse sido picado por uma viúva negra, até ao banquinho ao lado de Rangel. Sobre este, PPC diz que só o conhece "de há dois anos a esta parte". E prometeu que não vai "andar com o PS ao colo". Ainda bem! Porque é um partido de pesos pesados, meu caro! Lá se foi justificando sobre o passado profissional e a falta de currículo (que o PSD fez questão de não lhe permitir que tivesse) e até ironizou quando se referiu ao facto de ter ido trabalhar "com o terrível Ângelo Correia". "Vivo do meu trabalho com honestidade e se sabem de alguma suspeição concreta digam-me na cara para eu me poder defender". Na cara? Mas em que partido é que o menino está? Passos foi, enfim, "o mais aplaudido e o mais vaiado". Mas quem o manda continuar com esta mania de dizer umas quantas? Isto não é a J!
Marcelo discursou contra José Sócrates e deixou claro que não gosta de PPC. Mais um ponto a favor deste, portanto! Disse-o com mais "indirectas": a política precisa de "gente que tenha trabalhado, que possa explicar o património que tem e de onde veio". Professor, não é uma aula de Administrativo. Se os indiciados do seu partido o ouvem! A propósito, não estava por lá António Preto, não? Nem Helena Lopes da Costa? Ainda bem, ou ainda lhe mandavam uma toranja vermelha. MRS afirmou que tem de se procurar uma solução de governo que "possa dar a volta a Portugal". Porque só dando a volta a esta cambada é que o PSD vence?! Finalizou dizendo que o PSD deve trabalhar para "liderar uma maioria absoluta", referindo-se à tal aliança(cinha) (com que PSL já se vê de novo a casar (outra vez?!)).
LMM disse mais que "A grande tarefa do PSD é mudar tudo de cima abaixo, acabar com o Estado promíscuo, mas ninguém nos levará a sério se substituirmos o amiguismo do PS pelo mesmo do lado do PSD", também queria atingir O Bravo PPC? Caramba! Foi só por isso que foi a Mafra? PPC está de parabéns. Parece que ele vale mesmo a pena e que são os inimigos os primeiros a reconhecer isso. "Não nos precipitemos na abertura de crises. A reviravolta que temos que fazer em Portugal precisa de tempo", avisou, demarcando-se da urgência de PPC que tanto quer (onde foi que já se viu tamanha insensatez?!) "devolver a palavra aos portugueses". E, optando por um dos candidatos preferiu ... nenhum, ou ... todos, juntando os solgans dos 3: Romper, Mudar e Unir. (Este já leu, felizmente para ele, o último discurso do Miguel Veiga)
No meio da (falta de) democracia laranja, zangaram-se os Relvas, com o Miguel a afirmar que "Quem não consegue ser imparcial não tem condições para presidir à comissão de ética da Assembleia da República" (acusando o SG, Luís Marques Guedes, de não ter organizado bem o Congresso, pois "Só nos deram 30 lugares na galeria dos observadores, que acabou por ficar quase cheia de apoiantes de Paulo Rangel", e, como, "Já organizei muitos congressos e fico triste por ver como a secretaria-geral do partido procedeu". E o Alexandre a anunciar que vai abandonar a presidência do ‘think thank’ social-democrata (O Instituto Sá Carneiro).
Concluindo, pouquíssimos veados, umas velhas raposas (até a que levou o carro a fazer a rodagem), uns poucos lobos (principalmente, Aquele) e muitos aves canoras. Ou, como dizia um jornalista: "Paz interna? Nãããã!"