quarta-feira, 24 de março de 2010

Mulheres e Kuwait: Lutas a caminho ...

Em 2005, centenas de kuwaitianas manifestaram-se frente ao Parlamento exigindo o reconhecimento dos seus direitos, incluindo o direito ao voto e a serem eleitas. A concessão de direitos políticos à mulher é, ainda hoje, um temas fracturante da conservadora sociedade do Kuwait, onde os islamitas mantêm um pulso de ferro nesta matéria. Nesse ano, os deputados chegaram a um acordo de princípio para a elaboração de um projecto de lei que dá às mulheres o direito de voto e que as torna elegíveis. Em 2007, as mulheres foram já eleitas para o Parlamento, com as candidatas liberais Aseel al-Awadhi e Rula Dashti a integrarem o grupo de 10 deputadas eleitas no terceiro distrito eleitoral. Em 2008, os votos das mulheres representavam 58%, o que fez nascer o bloco ‘Crescimento’, que prepara as mulheres a agregarem competências nos processos de decisão, fundado por uma sunita, uma xiita e uma liberal laica. Não é por acaso que uma é xiita. No Kuwait, os xiitas representam 1/3 da população, mas vivem em condições de profunda discriminação. Em 2009, a Corte Constitucional do Kuwait determinou que as mulheres ganhassem o direito a tirar passaportes sem o consentimento dos maridos. Em 2010, notou-se um aumento no número de mulheres a ingressar nos corpos da polícia. Estas mulheres-polícia acabaram o curso universitário e dispõem-se a exercer esta profissão, assumindo os riscos. O womanismo ganha forças e ganha pontos até no Kuwait. Congratulamo-nos. Deixo-vos, contudo, alertando para a prudência nestas visões breves, uma piada feminista. Notando surpresa que, 10 anos depois da sua última viagem ao Kuwait, as mulheres já não caminhavam, como antes, 0,5 m atrás dos maridos, mas 5 m à frente deles, a jornalista aproximou-se de uma das mulheres e disse: - "Isto é maravilhoso! O que foi aconteceu para que acabassem com aquele costume absurdo de caminhar atrás dos maridos e agora até caminham à sua frente deles? A mulher respondeu: - Minas terrestres". Ou seja, ainda há muito para fazer mas fico feliz pelo muito que já conseguiram estas guerreiras.