Um estudo de psicologia divulgado nos USA demonstra como um casamento infeliz é capaz de destruir a saúde do coração. Na pesquisa realizada pela psicóloga Nancy Henry (Universidade de Utah), analisaram-se 276 casais com idades entre os 40 e 70 anos, com uniões de 20 anos, em média. A avaliação da qualidade dos casamentos foi feita a partir de parâmetros como suporte mútuo, envolvimento emocional e frequência de desentendimentos sobre sexo, filhos e dinheiro. Os casais fizeram avaliações médicas como exames de sangue, medidas da pressão arterial e da circunferência da cintura. E descobriu que uniões desgastadas provocam depressão tanto nas mulheres quanto nos homens, embora as mulheres que vivem casamentos infelizes estejam mais sujeitas a desenvolver sintomas fisiológicos da síndrome metabólica. Porque será que as mulheres sofrem mais? "As mulheres parecem basear o conceito que elas têm de si mesmas na qualidade das relações que elas vivem. Talvez por isso um mau casamento tenha um impacto tão grande na saúde física e emocional das mulheres".
Conheço um casal que vive um casamento infeliz há ... desde sempre. Desentendeu-se na primeira hora de casal e, a partir daí foi como um vírus, uma bactéria. Nunca procurou encontrar o eixo do respeito mútuo. Não sei se completa bodas de ouro ou de sangue. Sei que o homem e a mulher nunca tiveram coragem de reconstruir a vida – cada um a seu modo. Sempre foram infelizes, porque sim! E esqueceram-se que o sofrimento não é exclusivo deles. A decisão de perpetuar aquele casamento vampírico repercutiu-se nos filhos. É uma relação contratual a dois que faz danos colaterais. Como todos os vírus e bactérias! As brigas destroem a ideia de que é possível encontrar a felicidade e de que as relações só se justificam quando são mais-valias emocionais. O casal isola-se. É o complexo de ilha: quanto mais se reduz a convivência do outro menos ele se apercebe de que aquela relação não é normal. Não é só a relação que fica imóvel, cada um estagna. Habituam-se a viver mal. A infelicidade é elevada a status quo aceite. Ninguém consegue que nenhum deles reconheça que, enquanto há vida há espaço para esperança. São donos de uma alergia à felicidade. Não se dão com casais felizes, porque "não são normais", detestam gente feliz, porque os "enervam". A saúde de ambos anda mal e piora a olhos vistos. O homem, contido e calado, pálido, doentio. A mulher, explosiva e rancorosa, açúcar demais no sangue, colesterol alto e gordura abdominal. Os médicos bem lhe tentam baixar os índices com remédios, mas a verdadeira "questão de fundo" é afastada, esquecida. A infelicidade devia ser tão combatida como o colesterol. Mas essa é uma decisão que só pode partir de quem sofre. Naquela relação não sei qual dos dois sofre mais, mas sei que sofrem os dois. Não há um culpado nem um inocente, há culpados e inocentes. Amo os dois da mesma forma. E odeio-os também. Estou sempre à espera de que um me diga que o outro morreu. De repente. Mas, conhecendo-os, sei que não é de repente. É a todos os momentos. Pode, aparentemente, ser uma morte rápida, instantânea, mas foi tramada ao longo de décadas. Será o resultado de um (des)investimento a dois. Preocupa-me que um dia possam ser eles a receber um telefonema. E que a ligação se faça da minha casa. Porque quando tento responder à pergunta: Quem sofrerá mais nos casamentos falidos: o homem ou a mulher?, só me lembro de uma resposta: ambos, e mais ainda, os filhos. Nunca entenderei a desculpa de que os casamentos infelizes não acabam por causa dos filhos. E, talvez ajude saber que pôr esse peso em cima dos ombros dos filhos, o peso da culpa, é um ónus demasiado pesado e forçado. Os filhos são, na maior parte das vezes, um pretexto para o comodismo, a estagnação, a continuidade do dever (ou do direito?!) à infelicidade. Por isso, aos casados infelizes, resta-me pedir-lhes um favor: FAÇAM-ME O FAVOR DE SER FELIZES! E NÃO SE DESCULPEM COM OS FILHOS!