segunda-feira, 29 de março de 2010

Acidentes em obras: morrer cá ou lá!

Um acidente laboral ocorrido em Nov, nas obras do Túnel de Dos Valires, em Andorra, provocado pela queda de uma parte da estrutura em construção, resultou na morte de 5 trabalhadores, e ferimentos em outros 6, todos portugueses. Os trabalhos no túnel foram paralisados por ordem do executivo de Andorra que exigiu à construtora uma "colaboração total nos trabalhos de limpeza dos escombros" e proibiu o andamento da obra até que seja apresentado um relatório que garanta a sua segurança. O chefe de Governo, Jaume Bartumeu, reuniu-se com o director-geral da Dragados e "insistiu que a obra continuará parada enquanto não estiver garantida a segurança total da parte que já está construída", afirmando que a obra pára até que seja apresentado "um relatório que garanta que é possível continuar com os trabalhos em condições de total segurança". O presidente da República, Cavaco Silva, evocou as vítimas do acidente, num discurso em Andorra, perante uma plateia de centenas de pessoas reunidas no Palácio do Congressos. "Quis estar com os portugueses do Principado de Andorra, em sinal de solidariedade para com todos vós, começando pelas famílias dos que nos deixaram na sequência dos trágicos acontecimentos que marcaram a vida da Comunidade, em novembro passado", disse.
A 11 deste mês, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, confirmou a criação de uma comissão de inquérito técnica para averiguar as causas de derrocada do viaduto sobre o IP4, em Amarante (o 2º acidente mortal naquelas obras). "O Governo está atento e as agências que têm a responsabilidade de acompanhar estas situações também estão atentas. Já foram desencadeados todos os mecanismos para averiguar responsabilidades", afirmou o ministro, pedindo "serenidade". A 18 deste mês, ocorreu um incidente na estação de Moscavide (futura extensão da Linha Vermelha-Aeroporto, junto ao campo de futebol do Clube Desportivo Olivais e Moscavide, na Rua João Pinto Ribeiro).
O que têm as duas obras em comum? Muito. Nelas morreram cidadãos portugueses. Ou pouco. Já que Cavaco Silva não se dignou dizer uma só palavra e de não esteve lá. Uma recomendação: se for trabalhador das obras, opte por trabalhar no estrangeiro, porque, havendo uma fatalidade, o PR, com certeza, irá até lá e apresentará as suas condolências. Porque se morrer por cá, cai na terra e no esquecimento.