segunda-feira, 22 de março de 2010

Morreu o Palácio da Dona Rosa, Alfama

É conhecido por «Palácio da Dona Rosa», "cujo fundador se desconhece" (nota da JF de Santo Estêvão). Um olhar mais atento à fachada exterior do 139 da Rua dos Remédios deixa antever que, no sec. XVIII, ostentava notória beleza arquitectónica. O Palácio assenta sobre uma casa nobre quinhentista que terá pertido a Luís de Brito Nogueira, senhor dos morgados de S. Lourenço, em Lisboa, e de S.to Estevão, em Beja. Por casamento, o Palácio entrou para a casa dos Viscondes de Vila Nova da Cerveira, e Marqueses de Ponte de Lima, título outorgado ao 14.º Visconde. Igualmente por casamento, juntou-se aos bens dos Marqueses de Castelo Melhor. Em 1883, a Capela de Nossa Senhora da Conceição estava ainda incluída no distrito da paróquia de Santo Estêvão. A cruz e os pináculos que coroavam a fachada foram retirados. O púlpito e o tecto de masseira com pinturas em tela foram transferidas para uma igreja em Alhandra, ficando apenas com os azulejos barrocos das antigas capela e sacristia. Em 1889 existiu ali uma taberna. Do portal principal, flanqueado por dois grandes vãos de janelas gradeadas, acede-se ao pátio nobre que, por sua vez abre sobre um logradouro: o “Pátio da D. Rosa”, transformado na década de 30 num conjunto de habitações para famílias pobres. Um interessantíssimo exemplar de casa apalaçada urbana de meados do século XVIII, sobretudo pela articulação dos dois corpos da fachada (habitação e capela) através do Arco D. Rosa e Escadinhas do mesmo nome. Há um mês ruiu uma parte. Um incêndio deflagrou hoje. Mais uma parte da história de Lisboa que se perde. Vejam-se quem são os proprietários, e, já agora, façam-nos um favor: proçedam em conformidade!