"E se os homens tivessem o período? E se um dia, meus senhores, acordassem e estivessem a esvair-se em sangue directamente do dito cujo? Desafio-os a imaginarem-se nas seguintes condições...", proposta de Paula Cosme Pinto (http://www.expresso.pt/). É o que proponho também que imaginemos. E atenção porque me acusam de compreender melhor o sexo oposto. Tanto que às vezes até me sinto gay. Um homem gay. As minhas amigas acusam-me de ter um computador cor-de-rosa. Pen's com bonequinhos. Chaveiro com coração. Canetas às florinhas. Decoração barroca. Estilo ró-có-có. Adorar aneis, colares, pulseiras, pregadeiras, echarpes. Sapatos. Malas, malinhas, sacos, sacolas. Como seriam os homens que conheço se tivessem período? Vou tentar imaginar.
Ora, partindo do pressuposto que os homens acham que a TPM é o principal motivo para nos apresentarmos com a disposição e aparência radiantes da foto ...
O que piorariam no mundo?
Teriam mau feitio não durante o mês inteiro, mas apenas uma semana ou uns dias antes da menstruação. Encontrariam uma desculpa mais plausível para as suas perturbações físicas, que não a de "tenho de retomar os jogos de futebol com os amigos aos fins-de-semana", "desde que andamos que deixei o jogging". Mais desculpas para as disfunções comportamentais. "Não estou nostálgico porque a minha mãe vai cá almoçar hoje e temo que não goste do teu bechamel - ah! desculpa não queria dizer isto, é do período". Mais pretextos para as anomalias psíquicas. "Não estou furioso porque o Benfica perdeu, mas porque estou naqueles dias." "Não estou mais forte, é só tensão mamária e/ou abdominal". "Irritável eu?, homessa endoideceste, mulher?" "Acusas-me de labilidade emocional, havias de ver o meu pai quando está assim." "Depremido? Deixa-me sózinho só uns dias, por favor!" "Ansioso?, quando é que esta porcaria me deixa em paz (com a cabeça mergulhada há uns dias numa almofada preta, "à macho"." "Que dor de cabeça! É aquela que tenho os 365 dias do ano mas piora nestas alturas, parva!". "Malditas insónias, achas que se for tomar um copo com os amigos, passa?" "Hoje conduz tu, vejo tudo difuso, tenho de comprar uns novos Rai-Ban". "Onde escondeste o chocolate? 'Tava junto com aquelas bolachas fantásticas que comprei o mês passado". "Será que é só o período? Devia ir ao médico. É capaz de ser depressão, distimia, ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno bipolar. Ou anemia, distúrbios autoimune, hipotireoidismo, diabetes, epilepsia, endometriose, síndrome da fadiga crônica, doenças do colágeno. No mínimo!" "30% a 40% dos meus colegas não sofre tanto como eu, herdei isto do maldito do meu avô (que, por acaso também era feio, gordo e careca)." "Esta distensão abdominal não é normal, tens a certeza que usaste preservativo? Não os compraste nos chineses?" "Compraste os kiwis, o limão, o dulcolax, fizeste-me o leitinho com mel, a sopinha de legumes da mãmã? Por isso não vou à casa-de-banho há 5 dias." "O ovo estava estragado, estou com uma absurda diarreia." "Aquelas flores (ou o gato ou o perfume que a tua mãe te deu) fazem-me uma alergia!" "Que vontade das batatas fritas da minha mãe. Do pudim da minha avó. Da mousse da Maria (com quem teve um romance de anos mas só se lembra da mousse)." "Não aspiro nos próximos 3 fins-de-semana, ah! as minhas costas!" "Mãezinha, pode passar por cá, 'tou com TPM." "Filha, eu disse isso? desculpa, foi o desequilíbrio entre os estrogénios e a progesterona. Só volta a acontecer para o mês que vem."
Teriam mau feitio não durante o mês inteiro, mas apenas uma semana ou uns dias antes da menstruação. Encontrariam uma desculpa mais plausível para as suas perturbações físicas, que não a de "tenho de retomar os jogos de futebol com os amigos aos fins-de-semana", "desde que andamos que deixei o jogging". Mais desculpas para as disfunções comportamentais. "Não estou nostálgico porque a minha mãe vai cá almoçar hoje e temo que não goste do teu bechamel - ah! desculpa não queria dizer isto, é do período". Mais pretextos para as anomalias psíquicas. "Não estou furioso porque o Benfica perdeu, mas porque estou naqueles dias." "Não estou mais forte, é só tensão mamária e/ou abdominal". "Irritável eu?, homessa endoideceste, mulher?" "Acusas-me de labilidade emocional, havias de ver o meu pai quando está assim." "Depremido? Deixa-me sózinho só uns dias, por favor!" "Ansioso?, quando é que esta porcaria me deixa em paz (com a cabeça mergulhada há uns dias numa almofada preta, "à macho"." "Que dor de cabeça! É aquela que tenho os 365 dias do ano mas piora nestas alturas, parva!". "Malditas insónias, achas que se for tomar um copo com os amigos, passa?" "Hoje conduz tu, vejo tudo difuso, tenho de comprar uns novos Rai-Ban". "Onde escondeste o chocolate? 'Tava junto com aquelas bolachas fantásticas que comprei o mês passado". "Será que é só o período? Devia ir ao médico. É capaz de ser depressão, distimia, ansiedade generalizada, transtorno do pânico, transtorno bipolar. Ou anemia, distúrbios autoimune, hipotireoidismo, diabetes, epilepsia, endometriose, síndrome da fadiga crônica, doenças do colágeno. No mínimo!" "30% a 40% dos meus colegas não sofre tanto como eu, herdei isto do maldito do meu avô (que, por acaso também era feio, gordo e careca)." "Esta distensão abdominal não é normal, tens a certeza que usaste preservativo? Não os compraste nos chineses?" "Compraste os kiwis, o limão, o dulcolax, fizeste-me o leitinho com mel, a sopinha de legumes da mãmã? Por isso não vou à casa-de-banho há 5 dias." "O ovo estava estragado, estou com uma absurda diarreia." "Aquelas flores (ou o gato ou o perfume que a tua mãe te deu) fazem-me uma alergia!" "Que vontade das batatas fritas da minha mãe. Do pudim da minha avó. Da mousse da Maria (com quem teve um romance de anos mas só se lembra da mousse)." "Não aspiro nos próximos 3 fins-de-semana, ah! as minhas costas!" "Mãezinha, pode passar por cá, 'tou com TPM." "Filha, eu disse isso? desculpa, foi o desequilíbrio entre os estrogénios e a progesterona. Só volta a acontecer para o mês que vem."
O que melhorariam no mundo?
Reclamariam o direito a, pelo menos, 5 dias de folga por mês, sem justificação. Alteravam o IVA sobre os pensos e os tampões para 5%. O custo destas despesas seria dedutível no IRS (provavelmente, em despesas de representação - "representam o mundo"). Usariam o inatingível direito (constitucional) a atestado médico, por razões psicológicas. Os analgésicos seriam fornecidos pelo Serviço Nacional de Saúde, gratuitamente e sem limite de dose. Gracinhas das colegas no local de trabalho sobre o péssimo humor "naqueles dias" constituiriam fundamento legal para despedimento com justa causa. Palavrões perante os miúdos irrepreensíveis. Discussões e birras no período fatídico dariam direito a beicinhos caídos no resto do mês. Inimputabilidade penal, pelo menos em 5 dias do mês (com direito a matar a sogra, incluído). Termas e SPA's gratuitos nos outros 25 dias. Jantares melhorados "naquelas" 5 noites.
Isto que me lembre assim para já nesta fracção de segundo, mas, dada a minha reduzida experiência de coabitação em comum com estas criaturas absolutamente fascinantes (àparte uma relação de 20 anos com um tipo que sofria de TPM todos os dias: problema herdado da mãe, coitado, imaginem!), aposto que as minhas amigas se lembrarão de muito mais.