Lembro que o Museu da Maçonaria Francesa, saqueado na Ocupação Alemã na França durante a Segunda Guerra Mundial - reaberto, primeiro, em 1973 e, depois, em 2000 (ano em que muitos de seus documentos históricos foram devolvidos a partir de Moscovo, onde haviam sido guardados pelo KGB, após a derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial), voltou a abrir as suas portas (Ile de France e Paris Cite, nº 16, R. Cadet). Criado em 1889 (Museu do Grande Oriente de França), oferece o registo de quase 300 anos de história da Maçonaria e reconta a intervenção das Lojas Maçónicas, na história da França, naquele período. Passei os olhos maravilhados por mundos tão equidistantes como a filosofia e a política, cruzando o tempo e o espaço desde o Iluminismo à construção republicana em 1880, e visitamos os maiores passos do homem nos mundos religioso, literário e artístico. É uma história encantatória de como nos perdemos para nos encontrar, nos seus 800 m² de exposição, vagueando entre quase 23.000 volumes nos seus arquivos de 400 m², com outros tantos 400 m² reservados para exposições temporárias. Envolve-nos a magia dos objectos e dos símbolos. Voltamos ao tempo em que teve uso o avental maçónico de Voltaire (1778) e de Jérôme Bonaparte, aos factos relatados pela espada maçónica de Lafayette, aos ensinamentos de (uma primeira edição) James Anderson, das Constituições dos Franco-Maçons (1723), à intemporalidade das gravuras satíricas de William Hogarth (1697-1764), à sacralidade da estatueta de Meißen (1740), e, claro, por último, ao retrato esplêndido do conde de Clermont (e príncipe de sangue real, Luiz de Borbón-Condé, Grand Master 1743-1771).
Uma revisita sagrada, a não perder.