sábado, 27 de março de 2010

Lusofonia: Um espaço de "Irmãos"

O português é a 6ª. língua mais falada do mundo depois do Chinês (Mandarim), Hindi, Espanhol e Inglês e Bengali. Fala-se em lusofonia. Se etimologicamente a lusofonia significaria a fala dos lusos, a fala dos portugueses, é verdade que nela cabem todos os que falam, escrevem, pensam e em português comunicam com os demais, qualquer que seja o lugar ou o país em que se encontrem. A lusofonia (Dicionário de Língua Portuguesa Contemporânea, Academia de Ciências de Lisboa, 2001) é a “qualidade de ser português. O que é próprio da língua e da cultura portuguesa. Comunidade formada pelos povos que têm o português como língua materna ou oficial. Difusão da língua portuguesa no mundo”.
Quando fundámos a Academia de Estudos Laicos e Republicanos, o termo gerou controvérsia. A lusofonia foi entendida como um diálogo em língua portuguesa, um espaço para intercâmbio de povos e de culturas que há muito têm de comum aquele elo da secular língua que falamos. No espaço lusófono posicionamos os oito países de língua oficial portuguesa, as suas identidades culturais, as regiões em que a língua portuguesa é utilizada como língua materna ou de património, os que residem em qualquer parte do mundo, que consideram como sua língua a portuguesa e que através dela comunicam. Entendemos a lusofonia como “uma pátria comum onde as diferenças se completam numa unidade de iniciativas em face da pressão cada vez maior da globalização, impedindo assim os efeitos descaracterizadores desta, preservando e valorizando o que cada país sozinho não podia realizar, sobretudo em fóruns internacionais”, cuja base é a argamassa secular da cultura lusíada, que invoca as suas raízes nos descobrimentos dos portugueses nos séculos XV e XVI.
Sobre a "boa" marca da portucalidade no espaço lusófono, romanticamente lembro sempre as Endechas a Bárbara Escrava: "Aquela cativa Que me tem cativo, Porque nela vivo Já não quer que viva. Eu nunca vi rosa Em suaves molhos, Que para meus olhos Fosse mais formosa. Nem no campo flores, Nem no céu estrelas Me parecem belas Como os meus amores. Rosto singular, Olhos sossegados, Pretos e cansados, Mas não de matar. Uma graça viva, Que neles lhe mora, Para ser senhora De quem é cativa. Pretos os cabelos, Onde o povo vão Perde opinião Que os louros são belos. Pretidão de Amor, Tão doce a figura, Que a neve lhe jura Que trocara a cor. Leda mansidão,que o siso acompanha; Bem parece estranha, Mas bárbara não. Presença serena Que a tormenta amansa; Nela, enfim, descansa Toda a minha pena. Esta é a cativa Que me tem cativo, E, pois nela vivo, É força que viva." Luís de Camões (1524-1580)