Sandra Bullock está "com tudo" na parte profissional, a contrapor à vida pessoal. A atriz foi distinguida com o Óscar de Melhor Actriz, pelo papel em The Blind Side (Um Sonho Possível). Deepois de ter sido considerada a pior actriz do ano pelo desempenho na comédia All About Steve nos prémios Razzies, esta foi a sua vingança. O filme estreou esta semana e é imperdível. Registo especial para a cena irresistível, em que Leigh Anne Tuohy (SB), uma mãe de família sulista, é ameaçada e tratada de "bitch" por um gangster negro, a meio caminho, volta-se e chama-lhe "bitch" de volta, diz-lhe que conhece o procurador distrital, que pertence a um grupo de oração, que é membro da National Rifle Association e que anda com uma pistola na mala, e manda-o ter cuidado. É o momento "Dirty" Harry de Bullock. Uma personagem fascinante a de Leigh Anne Tuohy, que nem sequer é uma personagem inventada, ela e a sua família - sulista, endinheirada, cristã e republicana - existem mesmo. De Memphis, os Tuohy acolheram e adoptaram um enorme e plácido rapaz negro de 16 anos, Michael Oher, filho de mãe viciada em crack e de pai incógnito, puseram-no num colégio privado e exploraram-lhe os dotes inatos de jogador de futebol americano. Oher obteve uma bolsa de estudo desportiva para a universidade e foi contratado em 2009 para jogar numa equipa da National Footbal League. Uma história verdadeira contada pelo jornalista Michael Lewis, o "descobridor" da família Tuohy, no livro The Blind Side: Evolution of a Game. Leigh Anne Tuohy, mãe de família, empresária e doente de futebol, é esta "nova" Sandra Bullock, que seduz o ecran com a força de "um vendaval loiro, uma mulher senhora do seu nariz, decidida, cheia de sentido de humor e protectora dos seus, que enfrenta e intimida desde professores cépticos a traficantes de droga, passando por rednecks ululantes. Bullock mete-se na personagem como meia de seda em perna bem torneada." (Eurico de Barros) E muito do prazer do filme é a sua interpretação "optimista, chispante e bem-humorada". Diz o crítico que não é uma Meryl Streep nem uma Jessica Lange - valha-nos Deus, criatura, dê-lhe tempo. Até porque, como diz, Julia Roberts recusou o papel, como há 15 anos Demi Moore rejeitou Enquanto Dormias, e veja no que deu! "Às vezes, as sobras de uns são o bodo de outros."(EB)