quarta-feira, 31 de março de 2010

Museus: Uma "revolta" pacífica na Cultura ?

Planeamento Estratégico do Instituto dos Museus e da Conservação. Objectivo: diminuir o número de instituições sob a alçada da Administração Central e redinamizar o sector, sobretudo na gestão. Em entrevista ao JL, o secretário de Estado da Cultura, Elísio Summavielle, e o director do Instituto dos Museus e da Conservação, João Brigola traçaram as principais linhas de actuação propostas. Ao que parece, uma revolução está em marcha. Vejamos se tranquila.
Museu Nacional de Arte Contemporânea - Museu do Chiado: O alargamento do MNAC avança. A PSP e o Governo Civil já fizeram as malas. Ao MC caberá a totalidade da área do antigo Convento de São Francisco, em articulação com a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, o que permitirá expor em permanência a colecção de arte portuguesa (o epicentro da sua programação). É a ideia que move a nova directora, Helena Barranha (substituiu Pedro Lapa). "Por um lado, articular as exposições temporárias com os vários núcleos do acervo, que vai dos finais do século XIX à actualidade. Por outro, abrir o museu à cidade, aproveitando a revitalização da Baixa-Chiado". A ideia, a ser trabalhada num projecto arquitectónico, por concurso público, presume-se que "de concepção", é criar um quarteirão-pólo cultural, a abrir à iniciativa privada, com exposições, esplanadas, restaurantes, livrarias, galerias de arte , numa lógica de vida urbana que "levará o exterior para o interior, e o interior para o exterior". Para 2010, confirmam-se as exposições dedicadas a Nadir Afonso e a Columbano Bordalo Pinheiro.
Museu Nacional de Arte Popular: a reabrir, com a sua colecção original e uma releitura contemporânea. Cai a vontade de José António Pinto Ribeiro, que pretendia criar o Museu da Língua e da Viagem (com projecto autónomo). A abrir ainda este ano, faseadamente, a integrar também um olhar merecido para os sabores portugueses. Andreia Galvão (nomeada directora substituta até ao desfecho do concurso público) define três linhas de reflexão: "Valorizar a ideia de museu-documento, fazer a ponte entre o passado e o futuro e torná-lo uma embaixada do país em Lisboa, aberto às comunidades".
Museu da Língua e da Viagem: um caso único, a justificar-se pela sua necessidade e pelo interesse público do programa museológico. "Coloquemo-nos na perspectiva do viajante. Chega a Lisboa e quer saber mais sobre a História de Portugal. Onde vai?", questiona-se Elísio Summavielle. "A Língua é a nossa História, em Portugal e pelo mundo".
Museu Nacional de Arqueologia - Do Mosteiro dos Jerónimos para a Cordoaria: um Museu com casa nova, daqui a 3/4 anos, servindo também para alargar o Museu da Marinha. Segundo Elísio Summavielle, a Cordoaria tem todas as condições para receber o Museu de Arqueologia, depois das obras de adaptação. Será lançado um concurso público para intervencionar o interior, mantendo-se a estrutura do edifício intacta.
Museu dos Coches: a novidade dos museus e o centro de toda a contestação. Com um novo edifício, com projecto do arquitecto brasileiro Paulo Mendes, a manter um pólo no antigo picadeiro e outro em Vila Viçosa. A contestação ao projecto centra-se na grandeza do investimento, com a tutela a justificar-se por ser uma iniciativa do Ministério da Economia, com recurso aos fundos das contrapartidas da criação do Casino de Lisboa. "Belém é uma marca internacional da qual temos de tirar o maior proveito possível", afirma João Brigola, e o objectivo é capitalizar os visitantes do Mosteiro dos Jerónimos (um milhão em 2009) e fazê-los visitar as áreas circundantes.
A cultura a mudar, num país em que urge!