quarta-feira, 10 de março de 2010

Alegre e Nobre: Um cântico à Liberdade!

Na Visão desta semana, artigo Maçons a Belém, diz-se que a maçonaria do Grande Oriente Lusitano está inquieta com as candidaturas presidenciais de Manuel Alegre e Fernando Nobre, porque os dois estariam "numa anunciada rota de colisão". Sempre acautelando o facto de que nenhum maçon fala pelos outros maçons, um pequeno comentário se impõe.
A pequena imagem que ilustra este post tem um significado que é o da FRATERNIDADE que deveria unir todos os homens e que une todos os homens-maçons. Palavra que está umbilicalmente ligada ao ideal de tolerância, a aceitação assimétrica do poder: Tolera-se aquilo que se apresenta como distinto da maneira de agir, pensar e sentir de quem tolera. TOLERÂNCIA e FRATERNIDADE que se evidenciam e confirmam no dia-a-dia de um maçon, pela sua necessidade e empenho em partilhar as ideias com o outro e para com o outro. Não será difícil perceber que o individualismo está nos antípodas de ambos os conceitos. Sobre Manuel Alegre, sabe-se muito. Já me manifestei neste blog do que acho da sua candidatura à Presidência da República. É fácil traçar-lhe o caminho que se sabe que sempre foi o seu e que sempre trilhou: o socialismo. Mas sobre Fernando Nobre, sabe-se menos. Talvez valha a pena saber um pouco mais. Trata-se de um médico, com um perfil ecléctico, com uma longa e reconhecida carreira ligada a causas humanitárias, com uma rede de contactos abrangente (do Bloco, ao PCP e ao PS), que já apoiou candidatos não por serem deste ou daquele partido ou facção, mas sim porque acreditava neles (em 2006, fez parte da Comissão de Honra e Comissão Política da candidatura de Mário Soares à Presidência da República; nas últimas eleições europeias, foi mandatário nacional do Bloco de Esquerda e nas autárquicas integrou as comissões de honra de dois presidentes de Câmara de partidos diferentes: António Capucho (PSD), em Cascais, e António Costa (PS), em Lisboa), que já integrou os Médicos Sem Fronteiras, e que, a de Maldonado Gonelha, criou a organização não governamental da Assistência Médica Internacional (AMI) e chegou ao 25º lugar da lista de "Os Grandes Portugueses", programa da RTP1. Limitar o perfil e percurso de ambos ao facto de serem maçons é reduzir o espaço de intervenção destes dois homens, tão diferentes, e, contudo, para quem os conhece bem, na essência, tão iguais. Pensar que algum deles se pôe em bicos de pés dentro ou fora de uma FRATERNIDADE só pode um sonho de quem nada sabe e nada percebe de Maçonaria. Claro que se entende este esforço para reduzir numa só palavra a grandeza destes dois irmãos, nunca rivais, porque se um maçon incomoda muita gente, dois maçons incomodam muito mais.
E, para lembrar o sentido de LIBERDADE que os dois possuem e que legitima o arrojo da diferença de ideias, deixo-vos as palavras de Alegre "É possível falar sem um nó na garganta é possível amar sem que venham proibir é possível correr sem que seja fugir. Se tens vontade de cantar não tenhas medo: canta. É possível andar sem olhar para o chão é possível viver sem que seja de rastos. Os teus olhos nasceram para olhar os astros se te apetece dizer não grita comigo: não. É possível viver de outro modo. É possível transformares em arma a tua mão. É possível o amor. É possível o pão. É possível viver de pé. Não te deixes murchar. Não deixes que te domem. É possível viver sem fingir que se vive. É possível ser homem. É possível ser livre livre livre."
Dois grandes homens: um Alegre, outro Nobre, juntos numa só palavra: LIBERDADE.