Como fundadora da Academia de Estudos Laicos e Republicanos, ser de Vale de Cavalos, ali juntinho a Alpiarça, é um orgulho e uma coerência pessoal.
José Relvas é o vulto que associamos ao Partido Republicano. Em termos políticos, foi no Congresso de 1909, em Setúbal, que se distinguiu. Entre as duas opiniões sobre como acabar com a monarquia, uma que defendia a via eleitoral e pacifica, de Afonso Costa e Bernardino Machado, e outra que achava que a monarquia só poderia cair pela via revolucionária armada, de José Relvas e Eusébio Leão. Curioso porque Relvas era um homem cordato, um “gentleman”, que “alinhou na ala mais radical da política durante o período da propaganda republicana”. A última tese venceu e Relvas e os seus apoiantes tomaram em mãos o Directório do Partido Republicano. Como tarefa prioritária, impunham-se a organização da revolução. A José Relvas foi confiada a tarefa de, com Magalhães Lima, viajar para França e Inglaterra, a fim de elucidar a classe política para os ideais do Partido Republicano e solicitar o seu apoio às mudanças que pretendiam operar em Portugal. Em Alpiarça, JR arregimentou amigos leais, como Ricardo Durão e Manuel Duarte, e preparou-os para a batalha final. Foram estes três magnifícos de Alpiarça, com outros elementos do Directório do Partido Republicano, que fizeram a vigília na noite de 4 para 5 de Outubro, nos “Banhos de Sº Paulo” e depois no Hotel Europa, por cima dos Grandes Armazéns do Chiado, organizando politicamente a insurreição que poria um ponto final à monarquia. Foi também este grupo de alpiarcenses, passados 3 anos, que lutou pela elevação da vila de Alpiarça a concelho. A revolução vingara. No País e em Alpiarça. Preparava-se a independência da freguesia de Alpiarça do concelho de Almeirim. Com a passagem do Dr. Guilherme Nunes Godinho de Presidente da Câmara para Administrador do Concelho de Almeirim, o Dr. Ricardo Durão ocupa a presidência da mesma, continuando Manuel Duarte a ocupar o seu posto de vereador, enquanto que nos corredores da Assembleia da República se começa a preparar a formação do novo concelho. Em 1913 os vereadores eleitos por Alpiarça, José Maria Leal e Joaquim Lima Coito Calado, já não ocupam os cargos para que foram eleitos, significando com as suas ausencias permanentes, que o cordão umbelical estava para ser cortado muito em breve. Em 2 de Abril de 1914, assinou-se o decreto que elevava a freguesia de Alpiarça a concelho. A influência de José Relvas foi notória e os alpiarcenses devem-lhe muito, destacando-se por se ter insurgido com a relutância dos deputados em fazê-lo, argumentando que estava em estudo um novo Código Administrativo e que, já que as duas terras não viviam em harmonia, não se devia criar um novo concelho. Quando sente que a criação do concelho estava em perigo, José Relvas ergue-se e faz um discurso vibrante, contrapondo com a capacidade financeira de Alpiarça, que lhe bastava para ser elevada a concelho. Relvas foi, inquestionavelmente, uma das pessoas mais influentes na vida política da 1ª República, abraçando o ideal republicao com uma entrega notável e desinteressada, por convicção. (Extractos do Livro “Gente de Outro Ver” de José João Pais) Um alpiarcense do coração. Convicção e coração, propriedades da gente daquelas bandas! Alma e sangue daquelas terras! Comos todos os meus!