Desde Theodore Roosevelt, foram vários os presidentes norte-americanos que colocaram a reforma do sistema de saúde como uma das suas prioridades eleitorais: Harry Truman, Dwight Eisenhower, John F. Kennedy, Gerald Ford, George H. Bush, Bill Clinton e George W. Bush. Porque foi que nada mudou? Porque nenhum conseguiu cumprir essa bandeira eleitoral.
Barack Obama promulgou ontem a histórica reforma do sistema de saúde. Uma reforma que começa a causar muita polémica. 14 Estados recorreram à justiça para bloquear a Reforma, alegando que é inconstitucional. Todos são Estados republicanos e queixam-se que a Reforma terá um impacto muito elevado no orçamento. O processo interposto num tribunal da Florida qualifica a Reforma de Obama como uma “invasão sem precedentes” na soberania dos Estados, já que os obriga a gastar milhões para expandir o seguro de saúde de modo a universalizar o direito à saúde, alargando os cuidados de saúde a 32 milhões de cidadãos até então excluídos deste direito, com um custo de 940 mil milhões de dólares em 10 anos. Com esta Reforma, 95% dos norte-americanos abaixo dos 65 anos terão seguro de saúde. Mas a América republicana (40% do eleitorado) sente-se invadida pela medida na exacta medida que que esta lhes entra bolsos adentro. Uma sondagem da "Harris Interactive" mostra que 57% acredita que "Obama é muçulmano", 45% assegura que ele "não nasceu nos EUA", o que lhe retiraria o direito à Casa Branca, cerca de 40% compara as suas atitudes às de Adolf Hitler, e 24% chama-lhe anticristo. Mas entre querelas e aplausos, com aquela leveza teatral que só os americanos se dão ao luxo de ter, o momento mais valorizado foi a gafe protagonizada pelo vice-Presidente, Joe Biden, que introduziu o discurso final: "Senhor Presidente, você foi o homem que tornou isto possível", e trocando um abraço com Obama, diz-lhe ao ouvido: "This is a big fucking deal", tipo: "Isto é um acordo do caraças", ou até numa tradução mais fiel...