terça-feira, 9 de março de 2010

Henrique Granadeiro: a história de (mais) um menino de ouro!

A minha simpatia por Henrique Granadeiro é também pessoal. Poucos seriam os homens capazes de (re)agir como ele, nos episódios tristes da vida da ex-mulher, designadamente o (f)acto Emídio Rangel e aqueles mais recentes com o submundo que a lançaram para o fundo da vida, com a depressão, a perda da sua (interessante) imagem feminina, e mais que não vem ao caso. Lembrando-se que Margarida Marante é a mãe dos seus filhos, e apesar de ter refeito a sua vida pessoal, depois do divórcio, HG foi um dos seus poucos apoios. Esquecendo coisas que nenhum outro homem esqueceria e dando-lhe a mão quando todos os outros, depois de cair em desgraça, lhe a negaram. Estes gestos de uma elevação quase sem par sempre me cativaram. Com o arrojo de quem só conta consigo, demarcou-se da vulgaridade com que os casos da ex eram tratados em público. E optou por se agarrar ao que sabe ser o único bem não efémero: a família. As suas origens humildes, o Alentejo onde nasceu, e os anos passados no Seminário Maior de Évora (até ter renunciado ao sacerdócio) bastarão para justificar a invulgar grandeza de carácter. E passo agora ao porquê da minha admiração profissional. Um homem que já experimentou a administração da Sojornal e Controljornal (do Grupo Impresa) e já foi Chefe da Casa Civil do Presidente da República (Ramalho Eanes), conhece demasiado bem os meandros do poder e dos media. Bem sucedido como poucos nos negócios pessoais, acaba de criar a marca Granadeiro, “Vinhos de autor”, com o emblemático Tapada do Barão, o primeiro tinto Colheita Seleccionada, de 2007 (medalha de prata no concurso Vinalies Internationales deste ano), a nova marca de vinho, Poliphonia (vinhos topo de gama), a versão “Signature” será, à medida do Pêra Manca (de que Granadeiro foi ‘pai’ e um vinho a sair apenas para o mercado em anos excepcionais), saboreando os seus quase 70 hectares de vinha ali para Reguengos, com a perfeição de quem vinifica as uvas na adega da Monte dos Perdigões nos seus enormes lagares de mármore e azulejo pintado.
De um homem com o toque de Midas, era de esperar que nem a Inquisição o tombaria. Ouvi-lo depôr hoje na Comissão de Inquérito Parlamentar ao Caso Face Oculta foi um deleite de frontalidade, uma oral brilhante. Provou que conhece os meandros do poder e que os enfrenta, sem hesitar em dizer de sua justiça, com uma pitada de ironia e sarcasmo. Talvez a "caça às bruxas" - como chamou ao processo - se devesse ter lembrado do perfil deste homem, do seu passado e da sua independência antes de lhe quererem vestir a pele de um mero e comum boy. HG não precisa de ninguém porque ele próprio, já é, de há muito e às suas custas, alguém.
E vai daí que, depois do tiro no pé que foram os cheques de Godinho aos manos Santana Lopes, o PSD deveria ter sido mais cauteloso. O problema dos telhados de vidro é mesmo este. Num Inverno tão chuvoso como este, cheio de ventos e tsunamis, os telhados aguentaram-se mal e cairam em cima dos inquisidores, quando HG, questionado sobre as alegadas pressões, afirmou, que as mesmas são esperáveis e até legitimas, dependendo da terra em que caem. E lembra que, quando era presidente da Lusomundo Media, foi pressionado pelo então ministro Morais Sarmento do Governo PSD-CDS. «Tive um momento difícil quando fui presidente da Lusomundo Media, em que houve uma pressão fortíssima dos governantes. As pressões iam desde a forma como os políticos eram fotografados, até às matérias informativas e de comentários», disse. (Morais Sarmento tutelava a pasta dos media no Governo PSD-CDS de Durão Barroso e Santana Lopes) «Fui gerindo as pressões, não cedendo, até ao momento em que fui pressionado para demitir os três directores do Jornal de Notícias, 24 horas e da Grande Reportagem [Leite Pereira, Pedro Tadeu e Joaquim Vieira, respectivamente]. Perante isso, demiti-me», referiu.
Ainda as telhas voavam e já os sorrisos se tinham instalado nas faces dos deputados do PS, a olhar para os pés dos deputados do PSD e a aguardar os efeitos visiveis de mais um tiro no pé.
«Pressões vão existir sempre e pessoas submissas que se deixam influenciar também», acrescentou Granadeiro. Ora, o que este homem quis dizer é que não é nem nunca será um boy. Tem um perfil acima disso. Não provindo do berço, mas do seu esforço notável e do seu enorme sentido de empreendorismo. Podem ficar orgulhosos a família, a PT e deixem-me dizer-vos o País. Em Portugal, o sonho americano também é possível. E HG prova-o, E mais, prova que é possível atingir o topo, quando se tem uma enorme capacidade de trabalho, um coração, e uma alma. E já agora, que se orgulhem os Espírito Santo, também, que o menino que conheciam de Évora e a quem ajudaram nos primeiros investimentos, mostrou-se merecedor do apadrinhamento. HG é um homem que faz com que todos os investimentos (desde os de afecto aos de confiança passando pelos negócios) dão certo. Tem o tal Toque (de Midas). Sem plagiar a biografia de Sócrates até me apetece dizer: outro Menino de Ouro. E a mãe, onde quer que esteja, orgulhar-se-á de dizer: o meu menino é de ouro. É verdade: é de ouro este menino!