O embaixador de Moçambique em Portugal, Miguel Mkaima, tinha 38 anos quando se licenciou em História de Arte na Universidade Irmãos Humboldt, na velha e desaparecida Berlim-Leste. O seu percurso reflecte os últimos 50 anos da história do seu país.
O embaixador de Moçambique em Portugal nasceu no planalto de Mueda, em 1954, numa família Makonde — etnia que vive entre esta região e o sudeste da Tanzânia. O pai, Albino Mkaima, pouco simpatizante com o regime colonial, tinha 2 mulheres que viviam mais ou menos juntas, na companhia dos 7 filhos de uma e dos 6 da outra. Em Setembro de 1964, quando começou a Luta Armada de Libertação Nacional com um ataque ao posto de Chai na província de Cabo Delgado — a mesma a que pertence Mueda — a vida dos Mkaima em Moçambique complicou-se e a grande família alargada mudou-se para a Tanzânia, país onde a Frelimo — Frente de Libertação de Moçambique — tinha bases de apoio. Miguel já andava pelos 10 anos de idade, mas a sua vida ainda só tinha passado pelas lides da agricultura de subsistência e pastorícia. O novo país abriu-lhe as portas da escola, mas fechou para sempre o tempo em que vivera protegido no seio da família: fez a escola primária em regime de internato no Centro Educacional da Frelimo, em Tunduru, e começou o liceu na Escola da Frelimo, em Bagamoyo.
A independência de Moçambique trouxe-o de volta ao país onde nascera, e à cidade da Beira onde frequentou o ensino médio na Escola Samora Machel. No seu jovem país, as oportunidades de carreira eram inversamente proporcionais à escassez de recursos humanos. Em 1975, ainda a faculdade era um sonho distante, foi nomeado director da Escola de Formação de Professores do Ensino Primário e, 2 anos mais tarde, director provincial da Educação e Cultura de Cabo Delgado. Quando veio viver para Maputo matriculou-se em engenharia química na Universidade Eduardo Mondlane — mas a conjuntura foi-lhe adversa: “Foi numa época em que a Renamo tinha destruído muitas vias de comunicação e a situação do país era má”. O curso não foi para a frente mas o destino brindou-o com uma bolsa de estudo da ex-República Democrática Alemã. Em 1985, mudou-se para Berlim para estudar História de Arte: “A minha primeira opção era a química; a segunda, qualquer coisa ligada à arte, apesar de saber que não podia ir para Belas Artes porque não tinha estudado desenho”. 10 anos depois de ter emigrado, foi nomeado director do Museu Nacional de Arte e, em 2000, ministro da Cultura. Já embaixador em Portugal, fez um mestrado sobre a arte do seu povo: os Makondes, e vai publicar um livro sobre este tema.
O embaixador de Moçambique em Portugal nasceu no planalto de Mueda, em 1954, numa família Makonde — etnia que vive entre esta região e o sudeste da Tanzânia. O pai, Albino Mkaima, pouco simpatizante com o regime colonial, tinha 2 mulheres que viviam mais ou menos juntas, na companhia dos 7 filhos de uma e dos 6 da outra. Em Setembro de 1964, quando começou a Luta Armada de Libertação Nacional com um ataque ao posto de Chai na província de Cabo Delgado — a mesma a que pertence Mueda — a vida dos Mkaima em Moçambique complicou-se e a grande família alargada mudou-se para a Tanzânia, país onde a Frelimo — Frente de Libertação de Moçambique — tinha bases de apoio. Miguel já andava pelos 10 anos de idade, mas a sua vida ainda só tinha passado pelas lides da agricultura de subsistência e pastorícia. O novo país abriu-lhe as portas da escola, mas fechou para sempre o tempo em que vivera protegido no seio da família: fez a escola primária em regime de internato no Centro Educacional da Frelimo, em Tunduru, e começou o liceu na Escola da Frelimo, em Bagamoyo.
A independência de Moçambique trouxe-o de volta ao país onde nascera, e à cidade da Beira onde frequentou o ensino médio na Escola Samora Machel. No seu jovem país, as oportunidades de carreira eram inversamente proporcionais à escassez de recursos humanos. Em 1975, ainda a faculdade era um sonho distante, foi nomeado director da Escola de Formação de Professores do Ensino Primário e, 2 anos mais tarde, director provincial da Educação e Cultura de Cabo Delgado. Quando veio viver para Maputo matriculou-se em engenharia química na Universidade Eduardo Mondlane — mas a conjuntura foi-lhe adversa: “Foi numa época em que a Renamo tinha destruído muitas vias de comunicação e a situação do país era má”. O curso não foi para a frente mas o destino brindou-o com uma bolsa de estudo da ex-República Democrática Alemã. Em 1985, mudou-se para Berlim para estudar História de Arte: “A minha primeira opção era a química; a segunda, qualquer coisa ligada à arte, apesar de saber que não podia ir para Belas Artes porque não tinha estudado desenho”. 10 anos depois de ter emigrado, foi nomeado director do Museu Nacional de Arte e, em 2000, ministro da Cultura. Já embaixador em Portugal, fez um mestrado sobre a arte do seu povo: os Makondes, e vai publicar um livro sobre este tema.