Chocante o artigo de 24 Maio, de Magyar Nemzet, Budapest. Diz que os excessos nacionalistas a que se entregam os governos húngaro e eslovaco são perigosos para os respectivos povos e também absurdos, porque reforçam os preconceitos dos europeus ocidentais acerca desta região.
Robert Fico [primeiro-ministro de centro-esquerda] e os seus acólitos do Partido Nacional Eslovaco fazem voz grossa. Vamos manter o sangue-frio e pôr os pontos nos ii. A nova Assembleia Nacional propõe a introdução de uma lei sobre a dupla nacionalidade. Esta poderia ser atribuída a todos os falantes de húngaro que vivam fora das fronteiras e que apresentem um pedido individual, no contexto de um procedimento acelerado [este texto legal poderá entrar em vigor a 20 de Agosto, dia nacional da Hungria].
A alteração da lei actual far-se-ia seguindo o exemplo romeno, mas assinale-se que a questão foi regulada de forma idêntica na Eslováquia, na Sérvia e em diversos países europeus. Uma vez que os húngaros da Transilvânia, da Eslováquia, da Voivodina e da Ucrânia solicitaram, através dos seus representantes legítimos, a dupla nacionalidade, o Governo húngaro tem a obrigação moral de a conceder.
Não é anedótico que apenas Bratislava critique esta medida. Bucareste e Belgrado acolheram a iniciativa com compreensão e Kiev deu o seu acordo tácito. A política aplicada por Robert Fico e pelo seu colega de coligação [o Partido Nacional Eslovaco, de extrema direita] já deixava prever este número de circo, apesar de a invocação da segurança nacional eslovaca já estar a raiar a loucura.
Contrariamente à lei sobre a língua eslovaca [que impõe o uso do eslovaco na Administração, excepto nos municípios onde mais de 20% da população é constituída por húngaros], a lei húngara sobre cidadania não prejudica ninguém. Muitos compreenderam a mensagem e, ainda que a campanha legislativa esteja no auge, a oposição de centro-direita não alinhou com a posição de Fico.
Talvez não falte muito para que a maioria dos eleitores eslovacos compreenda que a fobia gritante de Fico contra os magiares não serve os interesses da Eslováquia e sim os daqueles que se alegram com as desavenças existentes na Europa Central. Não tenhamos ilusões: a União Europeia continua a ser composta por populações ocidentais e populações de leste. O sorriso dos dirigentes políticos ocidentais esconde a condescendência face a "esses povos pós-comunistas". Para eles, esta região marcada pela época comunista é, acima de tudo, um excelente mercado e essa abordagem exclui qualquer solidariedade. As grandes potências ocidentais que dirigem a UE e o continente de acordo com os seus interesses económicos ficariam incomodadas com o aparecimento de uma Europa Central forte e homogénea, centrada em interesses comuns.
No Outono passado o Presidente francês, ferido no seu amor-próprio, lamentou que os quatro países do Grupo de Visegrado [Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria] tivessem estado reunidos antes da cimeira europeia. Sarkozy aconselhou-os, então, a não fazerem destas concertações prévias uma regra. A inquietação dos franceses deveria constituir um estímulo para a nossa região.
Organizados em torno de um eixo Norte-Sul, da Polónia à Eslovénia, passando pela Roménia, através do desenvolvimento das infra-estruturas, da cooperação energética, da exploração dos mercados vizinhos, da representação comum dos interesses agrícolas, estes países poderiam ser um contra-peso no lado oriental do continente, o que seria benéfico para toda a União.
Quantos anos serão ainda necessários para os políticos da nossa região se aperceberem de que, ao caírem na armadilha das querelas fúteis, deixam passar a oportunidade de defender os verdadeiros interesses nacionais? Porque o Fico que tem fobia dos húngaros e os nacionalistas húngaros saudosistas do passado não defendem os interesses da sua nação – defendem aqueles cujo interesse é que esta região nunca venha a representar uma força unida e a ocupar o lugar que merece na Europa comum. (Presseurope)
Robert Fico [primeiro-ministro de centro-esquerda] e os seus acólitos do Partido Nacional Eslovaco fazem voz grossa. Vamos manter o sangue-frio e pôr os pontos nos ii. A nova Assembleia Nacional propõe a introdução de uma lei sobre a dupla nacionalidade. Esta poderia ser atribuída a todos os falantes de húngaro que vivam fora das fronteiras e que apresentem um pedido individual, no contexto de um procedimento acelerado [este texto legal poderá entrar em vigor a 20 de Agosto, dia nacional da Hungria].
A alteração da lei actual far-se-ia seguindo o exemplo romeno, mas assinale-se que a questão foi regulada de forma idêntica na Eslováquia, na Sérvia e em diversos países europeus. Uma vez que os húngaros da Transilvânia, da Eslováquia, da Voivodina e da Ucrânia solicitaram, através dos seus representantes legítimos, a dupla nacionalidade, o Governo húngaro tem a obrigação moral de a conceder.
Não é anedótico que apenas Bratislava critique esta medida. Bucareste e Belgrado acolheram a iniciativa com compreensão e Kiev deu o seu acordo tácito. A política aplicada por Robert Fico e pelo seu colega de coligação [o Partido Nacional Eslovaco, de extrema direita] já deixava prever este número de circo, apesar de a invocação da segurança nacional eslovaca já estar a raiar a loucura.
Contrariamente à lei sobre a língua eslovaca [que impõe o uso do eslovaco na Administração, excepto nos municípios onde mais de 20% da população é constituída por húngaros], a lei húngara sobre cidadania não prejudica ninguém. Muitos compreenderam a mensagem e, ainda que a campanha legislativa esteja no auge, a oposição de centro-direita não alinhou com a posição de Fico.
Talvez não falte muito para que a maioria dos eleitores eslovacos compreenda que a fobia gritante de Fico contra os magiares não serve os interesses da Eslováquia e sim os daqueles que se alegram com as desavenças existentes na Europa Central. Não tenhamos ilusões: a União Europeia continua a ser composta por populações ocidentais e populações de leste. O sorriso dos dirigentes políticos ocidentais esconde a condescendência face a "esses povos pós-comunistas". Para eles, esta região marcada pela época comunista é, acima de tudo, um excelente mercado e essa abordagem exclui qualquer solidariedade. As grandes potências ocidentais que dirigem a UE e o continente de acordo com os seus interesses económicos ficariam incomodadas com o aparecimento de uma Europa Central forte e homogénea, centrada em interesses comuns.
No Outono passado o Presidente francês, ferido no seu amor-próprio, lamentou que os quatro países do Grupo de Visegrado [Polónia, República Checa, Eslováquia, Hungria] tivessem estado reunidos antes da cimeira europeia. Sarkozy aconselhou-os, então, a não fazerem destas concertações prévias uma regra. A inquietação dos franceses deveria constituir um estímulo para a nossa região.
Organizados em torno de um eixo Norte-Sul, da Polónia à Eslovénia, passando pela Roménia, através do desenvolvimento das infra-estruturas, da cooperação energética, da exploração dos mercados vizinhos, da representação comum dos interesses agrícolas, estes países poderiam ser um contra-peso no lado oriental do continente, o que seria benéfico para toda a União.
Quantos anos serão ainda necessários para os políticos da nossa região se aperceberem de que, ao caírem na armadilha das querelas fúteis, deixam passar a oportunidade de defender os verdadeiros interesses nacionais? Porque o Fico que tem fobia dos húngaros e os nacionalistas húngaros saudosistas do passado não defendem os interesses da sua nação – defendem aqueles cujo interesse é que esta região nunca venha a representar uma força unida e a ocupar o lugar que merece na Europa comum. (Presseurope)