domingo, 16 de maio de 2010

A discussão da Justiça: os meios materiais e técnicos para a investigação económica



A propósito da falta de meios para investigar o crime económico, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público, João Palma, afirmou que o MP carece de meios materiais e técnicos "para assumir na plenitude" a sua responsabilidade na investigação da criminalidade económica.
"Hoje o Ministério Público está carecido de meios que o possam coadjuvar com êxito nessas investigações", afirmou João Palma. Na perspetiva do presidente do SMMP, "os crimes económicos corroem os fundamentos, os pilares da democracia, e obviamente que o Ministério Público tem particulares responsabilidades também nesse campo, sendo que está desprovido de meios, não só meios materiais mas meios também técnicos de forma a poder assumir essa responsabilidade na plenitude". João Palma falava no final da assinatura de um protocolo entre o Instituto de Direito Penal Económico e Europeu, com sede na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, e o SMMP. "É preciso dotar as instâncias penais, os tribunais, desde logo o Ministério Público como agente de investigação criminal, como titular e responsável da investigação criminal, pelo menos de tantos meios periciais quantos têm as autoridades de regulação. As autoridades de regulação têm hoje mais meios periciais do que o MP, isto é inacreditável que possa acontecer assim", sustentou.
De acordo com o presidente da direção do SMMP, "é quase inexistente a formação" dos magistrados do Ministério Público na área do Direito Penal Económico. "O direito penal económico tem um papel que é insubstituível relativamente ao qual não se vislumbram alternativas de forma a punir práticas desviantes dos agentes económicos", sublinhou.
O presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério Público reiterou as críticas "às deficiências na organização" do MP, insistindo que lhe "falta energia investigatória". Segundo João Palma, o protocolo celebrado entre o SMMP e o IDPEE visa fazer a ligação entre "os conhecimentos e a elevada craveira técnica" da Academia e "a experiência e os conhecimentos empíricos" dos magistrados do Ministério Público, nomeadamente através do acesso a cursos de pós-graduação e de especialização e de outras iniciativas no domínio da formação académica.
"Se há matéria que é extraordinariamente volátil e simultaneamente veloz são as transformações da economia e das respostas que a legislação pode dar", disse, por seu lado, o presidente da direção do IDPEE, Faria Costa, ao referir que é a Academia que tem vocação para estudar essas matérias. Um primeiro curso, sobre corrupção, vai realizar-se já na próxima sexta feira, adiantou Faria Costa. De manhã foi celebrado, na mesma faculdade, um protocolo entre o Centro de Estudos de Direito Público e Regulação (CEDIPRE) e o SMMP. (In Verbis)