Todas estas iniciativas colheram maior ou menor inspiração em iniciativas com origem em França ou na Grã-Bretanha, filiando-se em discursos feministas que se afirmaram quer nos E.U.A. quer na Europa Ocidental nas décadas de 70 e 80 com algum vigor. Num estudo da O.C.D.E. de meados dos anos 80 afirmava-se, por exemplo, que o facto de os alunos serem mais repreendidos pelo seu comportamento por parte dos docentes do que as alunas e de o seu trabalho necessitar de maior atenção provoca naquelas sentimentos negativos. Afirma-se mesmo que “uma conclusão é que os rapazes têm capacidades mas não se esforçam, enquanto as raparigas se esforçam mas não têm capacidades”, opinião aparentemente partilhada por diversos autores. A percepção da existência de atitudes e áreas de interesses próprias de cada sexo desde a mais tenra idade é tomada, neste tipo de discursos, como sinal inequívoco da acção precoce de mecanismos sociais virados para a reprodução dos papéis sexuais tradicionais. As próprias conquistas femininas no sector da Educação são encaradas de forma céptica e próxima de uma “teoria da conspiração”: “Numa perspectiva ainda mais global e (ainda) mais polémica, podemos mesmo sustentar que o desenvolvimento da instrução feminina, na medida em que concerne à formação mais geral ou menos interessante para o mercado de trabalho constitui, ao nível da sociedade, um compromisso aceitável entre os valores dominantes, em função dos quais seria difícil recusar a instrução aos indivíduos em função do sexo, por um lado, e por outro a necessidade de «conter» a instrução das mulheres (…).”
No entanto, algumas leituras mais recentes de todas estas questões começam a sublinhar a necessidade de introduzir uma maior subtileza na análise das situações concretas e de evitar soluções unívocas que, em nome do combate pela igualdade, acabam por promover a indiferença pelas especificidades, ou que, numa outra perspectiva, em nome de “pedagogias diferenciadas” acabam por assumir mecanismos de efectiva discriminação.
No entanto, algumas leituras mais recentes de todas estas questões começam a sublinhar a necessidade de introduzir uma maior subtileza na análise das situações concretas e de evitar soluções unívocas que, em nome do combate pela igualdade, acabam por promover a indiferença pelas especificidades, ou que, numa outra perspectiva, em nome de “pedagogias diferenciadas” acabam por assumir mecanismos de efectiva discriminação.