sexta-feira, 14 de maio de 2010

Histórias de Almeirim



“Após muitas horas de ponderação e várias propostas, esta Confraria votou a escolha daquele que iria ser o seu nome. De entre muitas propostas, todas de qualidade optou-se pela designação Confraria Gastronómica de Almeirim.
Porquê essa designação? Quando poderíamos optar por Sopa da Pedra, Melão ou Vinho, qualquer destas designações seria óptima, estaria plenamente enquadrada na nossa cidade. Este projecto é porém mais ambicioso, pretende envolver todo o Concelho, pretende criar sinergias de divulgação e promoção de todo o Concelho, pretende divulgar e defender todas as quatro freguesias do Concelho.”
Estava assim criada a Confraria de Almeirim. Apesar, de como o próprio nome de família indica, ter crescido entre aquelas gentes, adivinham-se história de entre a história. Vai dái porque não ir dizendo umas e outras sobre estas história. O facto de Almeirim não ser conhecida nem valorizada é, de per si, uma limitação para deixar ver ouvir e sentir a história daquela terra.
Aqui se fixaram populações, desde a pré história à época lusitânica, romana, visigótica e árabe. Mas a consolidação da história moderna de Almeirim, tal como hoje a concebemos, enquanto cidade, vem da Coutada Real, com a construção do Paço - a partir do ano de 1411.
Tão importante decisão deve-se ao Rei que o povo escolheu, D. João I. A classificação do Paço de Almeirim aparece como “lugar de refúgio da Corte” ou como “a Sintra de Inverno”, simbolizando a paz e a tranquilidade que se bebem dos seus verdes, castanhos, púrpuras e matizes dourados. Embora isso até possa ser ofensivo face ao papel de Almeirim na história de Portugal.
Uma preocupação assomava o espírito do novo Rei de Portugal, D. João I. O rei passava largas temporadas na sua Corte instalada em Santarém, que tinha um enorme Paço Real, e havia sido mandada construir pelo Rei D. Fernando I, que transferira a residência real da Alcáçova para o centro da Vila. Esse Paço, após algumas intervenções e alterações, veio a ser designado por Seminário e é hoje sede episcopal.
A alimentação do povo congia-se ao pão, a caça e à pesca. O Rei era um aficcionado caçador e decidiu criar em Almeirim uma Coutada Real, foi apreciando a charneca e descobriu-lhe o potencial como espaço de produção de caça e logo decretou a sua marcação. Mas não lhe bastou a delimitação desse espaço de produção, e marcou-a de modo mais consolidado e entendeu-lhe escrever um Tratado de Caça, que enaltecesse a actividade de caçar, como uma actividade de grande importância para a alimentação racional do povo e promovê-la divulgando as técnicas mais objectivas e mais apropriadas, para cada espécie cinegética. Foi nessa sua nova Coutada, em Almeirim que se iniciou toda uma, observação, investigação e experimentação, que o habilitou a escrever esse Tratado. O Tratado "Montaria" é o primeiro livro editado na Idade Média, por um Rei.
A viagem de Santarém a Almeirim obrigava a que se cavalgassem horas e perdia-se muito tempo com a travessia do Tejo em barcaças. Foi por isso que tomou a decisão de construir em Almeirim um lugar de pernoita e de trabalho. Nasceu assim o Paço de Almeirim, que não teve motivações lúdicas, mas sim preocupações sérias, baseadas no interesse real pelos portugueses e para com a Nação.
Havemos de ir dando os pózinhos para os contributos das histórias das gentes de Almeirim.