Após um interregno de 13 anos, os conservadores britânicos voltaram ao poder, liderando uma coligação com o Partido Liberal Democrata de Nick Clegg. Ao fim de quase uma semana de incerteza, depois dos eleitores britânicos terem colocado em Westminster um "hung parliament" [literalmente parlamento suspenso], a imprensa do Reino Unido mostra-se parcialmente aliviada. Entretanto, os jornais do continente interrogam-se sobre qual será a futura relação dos tradicionalmente eurocépticos Tories com a UE.
O Financial Times saúda cautelosamente a chegada do líder conservador à sua residência oficial. "Este é o resultado certo para o país. Os termos de qualquer pacto entre os Tories e os Lib Dems terão de ser escrutinados. Mas esse acordo irá pelo menos reunir os votos parlamentares necessários para haver um Governo estável. Esperemos que o referido pacto seja suficientemente sólido e suficientemente duradoiro para permitir que o Governo tome as decisões duras que vai ser preciso tomar." Este diário financeiro de Londres mostra-se aliviado por, apesar do estado crítico das finanças públicas britânicas e do pano de fundo da crise na zona euro, o período de quase uma semana sem Governo não ter causado um desastre financeiro. "Mas o novo Governo deve mostrar empenho em enfrentar os problemas orçamentais do Reino Unido. O país ainda tem um défice orçamental de 11,1%. Em 2010, 15% da dívida emitida por todos os Estados europeus será britânica. Só a Itália precisa de contrair empréstimos em montante superior."
Tradicionalmente apoiante dos trabalhistas, o Guardian, que, durante a campanha eleitoral saiu em defesa dos liberais democratas, lamenta que, na tarde de 11 de Maio, se tenha fechado uma "janela de oportunidade para o centro-esquerda". "Os liberais democratas e os trabalhistas tiveram uma oportunidade histórica de formar uma coligação progressista com legitimidade democrática, num momento crucial. Os trabalhistas parecem ter-se esforçado mais do que necessário por chegar a um compromisso político. No fim, foram os liberais democratas que disseram não, muito obrigado, quanto a nós, isto não vai dar resultado, e que acabaram por empurrar David Cameron para a porta...".
No Daily Telegraph, Simon Heffer prevê que a aliança conservadores/liberais democratas vai ser um desapontamento e terá curta duração, devido à ambivalência política do partido do novo vice-primeiro-ministro Nick Clegg. Entretanto, para os liberais democratas, o preço do apoio, formal ou de outra ordem, aos conservadores será verem-se largamente esmagados nas próximas eleições. "A ala esquerda do partido nunca lhes perdoará. E os trabalhistas e os Verdes serão os únicos beneficiários."
No Independent, Geoffrey Wheatcroft analisa, com ironia, umas eleições que foram "extremamente amargas para os Tories", que, "há alguns meses, tinham todos os motivos para pensar que iriam ganhar as eleições com uma maioria parlamentar e não com uma maioria simples que os deixou a regatear e a fazer cedências". Wheatcroft afirma que o eleitorado britânico desconfia do passado de privilégios de Tory "da alta" de David Cameron - "a bela casa de campo no Berkshire, as relações aristocráticas, o pai rico, corretor, que foi presidente do White's, o mais imponente dos clubes de Londres: no conjunto, um berço de ouro bem reluzente". Num tom mais sério, Wheatcroft diz que Cameron poderá ter problemas num partido em envelhecimento, com um violento pendor eurofóbico: "Agora, Cameron entra no nº 10 sem um mandato claro do eleitorado e levando consigo alguns inimigos poderosos e que dificilmente ficarão inactivos. Na estranha nova paisagem em que agora entrámos, tudo pode acontecer – até a desintegração final dos Tories, o mais antigo partido político da Europa."
Como vai o tradicionalmente eurocéptico Partido Conservador negociar uma coligação com os liberais democratas, "o partido britânico mais pró-europeu",interroga-se o Gazeta Wyborcza.Este diário de Varsóvia considera que, como tem de enfrentar "grandes desafios" internos, incluindo uma dívida nacional de fazer cair o queixo de 88% do PIB (343,000,000,000 libras esterlinas, segundo as estimativas), é pouco provável que Cameron entre em Guerra com a EU.
O Financial Times saúda cautelosamente a chegada do líder conservador à sua residência oficial. "Este é o resultado certo para o país. Os termos de qualquer pacto entre os Tories e os Lib Dems terão de ser escrutinados. Mas esse acordo irá pelo menos reunir os votos parlamentares necessários para haver um Governo estável. Esperemos que o referido pacto seja suficientemente sólido e suficientemente duradoiro para permitir que o Governo tome as decisões duras que vai ser preciso tomar." Este diário financeiro de Londres mostra-se aliviado por, apesar do estado crítico das finanças públicas britânicas e do pano de fundo da crise na zona euro, o período de quase uma semana sem Governo não ter causado um desastre financeiro. "Mas o novo Governo deve mostrar empenho em enfrentar os problemas orçamentais do Reino Unido. O país ainda tem um défice orçamental de 11,1%. Em 2010, 15% da dívida emitida por todos os Estados europeus será britânica. Só a Itália precisa de contrair empréstimos em montante superior."
Tradicionalmente apoiante dos trabalhistas, o Guardian, que, durante a campanha eleitoral saiu em defesa dos liberais democratas, lamenta que, na tarde de 11 de Maio, se tenha fechado uma "janela de oportunidade para o centro-esquerda". "Os liberais democratas e os trabalhistas tiveram uma oportunidade histórica de formar uma coligação progressista com legitimidade democrática, num momento crucial. Os trabalhistas parecem ter-se esforçado mais do que necessário por chegar a um compromisso político. No fim, foram os liberais democratas que disseram não, muito obrigado, quanto a nós, isto não vai dar resultado, e que acabaram por empurrar David Cameron para a porta...".
No Daily Telegraph, Simon Heffer prevê que a aliança conservadores/liberais democratas vai ser um desapontamento e terá curta duração, devido à ambivalência política do partido do novo vice-primeiro-ministro Nick Clegg. Entretanto, para os liberais democratas, o preço do apoio, formal ou de outra ordem, aos conservadores será verem-se largamente esmagados nas próximas eleições. "A ala esquerda do partido nunca lhes perdoará. E os trabalhistas e os Verdes serão os únicos beneficiários."
No Independent, Geoffrey Wheatcroft analisa, com ironia, umas eleições que foram "extremamente amargas para os Tories", que, "há alguns meses, tinham todos os motivos para pensar que iriam ganhar as eleições com uma maioria parlamentar e não com uma maioria simples que os deixou a regatear e a fazer cedências". Wheatcroft afirma que o eleitorado britânico desconfia do passado de privilégios de Tory "da alta" de David Cameron - "a bela casa de campo no Berkshire, as relações aristocráticas, o pai rico, corretor, que foi presidente do White's, o mais imponente dos clubes de Londres: no conjunto, um berço de ouro bem reluzente". Num tom mais sério, Wheatcroft diz que Cameron poderá ter problemas num partido em envelhecimento, com um violento pendor eurofóbico: "Agora, Cameron entra no nº 10 sem um mandato claro do eleitorado e levando consigo alguns inimigos poderosos e que dificilmente ficarão inactivos. Na estranha nova paisagem em que agora entrámos, tudo pode acontecer – até a desintegração final dos Tories, o mais antigo partido político da Europa."
Como vai o tradicionalmente eurocéptico Partido Conservador negociar uma coligação com os liberais democratas, "o partido britânico mais pró-europeu",interroga-se o Gazeta Wyborcza.Este diário de Varsóvia considera que, como tem de enfrentar "grandes desafios" internos, incluindo uma dívida nacional de fazer cair o queixo de 88% do PIB (343,000,000,000 libras esterlinas, segundo as estimativas), é pouco provável que Cameron entre em Guerra com a EU.
O Rzeczpospolita cita um cientista político da Universidade de Nottingham, que afirma que as diferenças em relação à UE "não terão um papel importante... Mas, mais cedo ou mais tarde, virão ao de cima". Em especial porque, em 2009, os Tories criaram um novo bloco parlamentar no Parlamento Europeu, juntando-se ao ultranacionalista e eurocéptico Partido da Lei e da Justiça (PiS), da oposição polaca, e a outros agrupamentos da Europa Central e de Leste com ligações à extrema-direita. Pondo de lado a orla excêntrica da política da Mitteleuropa, que concessões terá de fazer o antigo deputado europeu Nick Clegg, que, como salienta Il Sole 24 Ore, "bebeu da fonte de Bruxelas"? Indiscutivelmente, responde o Corriere della Sera este diário de Milão, Clegg terá de aceitar que "o euro completamente fora de questão".
O diário espanhol Público também refere o facto de o novo ministro dos Negócios Estrangeiros, William Hague, se encontrar no centro das "esperanças dos Tories, quanto a exigir à UE a devolução de poderes aos Estados-membros" nas áreas da Justiça, emprego e política social. Concluindo que o novo Governo promete ser "bicéfalo", a difícil questão da Europa é ainda destacada pelo La Vanguardia, de Barcelona, que sublinha que os conservadores também prometeram que "qualquer futura transferência de poderes para Bruxelas será alvo de referendo".
Num tom menos sombrio, o diário belga De Standaard tente tenta dissipar os receios de que o mais jovem primeiro-ministro em quase 200 anos seja o que se pode chamar uma Margaret Thatcher sob disfarce. David Cameron, de 43 anos, "não é realmente anti-europeu e até é a favor do ambiente. Até mudou a cor do partido de azul para verde".
Ainda mais atenuador, o Le Figaro cita, por seu turno, Nicolas Sarkozy : ao dirigir-se aos deputados do seu partido, o presidente francês afirmou que Cameron "fará como os outros. Começará anti-europeu e acabará pró-europeu. É a regra".