Quanto mais estudo as histórias dos meus antepassados, mais gosto delas. Almeirim tem sido uma dessas maravilhosas descobertas. As intrigas palacianas, os amores forjados à sombra dos frondosos jardins do Paço Real, tudo mexido e remexido com os mais altos negócios do Reino, tanto se dizia que "punha Cupido a sua aula e tinha El-Rei o seu despacho".
D. João I, entre 1411 e 1423, fez construir o Paço acastelado e as primeiras habitações, e dái criou-se a vila, depois o rei mandou fazer terraplanagem, colmatagens e drenagens em terrenos paludados na zona da construção. Este Paço Real foi aumentado e melhorado e reestruturado por D. Manuel I: todo o ano de 1510, parte de 1513, o Natal de 1514 e todo o período que decorreu entre Outubro de 1515 e Maio de 1516, tendo D. João III seguido o seu exemplo, D.Manuel foi ficando por cá, numa preferência ostensiva pela dinastia de Avis.
D. Manuel I mandou construir uma residência real perto da Ribeira de Muge, Muja ou Mugem, a que chamou Paço da Ribeira de Muge e depois Paço dos Negros, e maia tarde, um Convento em honra de Nossa Senhora da Serra.
Foi o Paço Real em Almeirim palco de uma das mais problemáticas Cortes da nossa história.
Em 1578, D. Sebastião que visitava Almeirim com frequência, levado pelo gosto da aventura e com o ímpeto dos seus frescos e verdes anos ofereceu os seus préstimos para a reconquista de Arzila, que os portugueses tinham abandonado em 1550. Não resistindo à superioridade das forças marroquinas, o exército chefiado pelo jovem rei foi derrotado, deixando D. Sebastião a sua vida em Alcácer-Quibir provocando uma situação difícil para o reino. Sem sucessor são abertas as Cortes de Almeirim pelo Cardeal D. Henrique em 11 de Janeiro de 1580 para decidir o problema da sucessão. Nestas Cortes Febo Moniz, como procurador do Povo de Lisboa, dirige-se com voz enérgica ao decrépito Cardeal: "Entregue Vossa Alteza o Reino a um príncipe português e todos lhe beijarão a mão". Sem anda ser resolvido, as Cortes são dissolvidas e o Reino passa a ser governado por Filipe II de Castela, dando-se início à Dinastia Filipina que iria durar Até 1 de Dezembro de 1640. Durante o tempo em que Almeirim foi procurada como estância de veraneio, muitas pessoas passearam-se pelas ruas do burgo e povoaram o Paço Real: Gil Vicente, o pai do teatro português, representou, nos Paços da Vila, às Cortes de D. João III, algumas das suas farsas, comédias e autos, como por exemplo, o "Auto da Fé" em 1510; a "Barca da Glória" em 1519; a tragicomédia "Dom Dardos" no casamento da Infanta D. Isabel com Carlos V, em 1525 e em 1526 apresenta a farsa "O Juiz da Beira", a tragicomédia "Templo de Apolo", o "Breve Sumário da História de Deus" e o "Diálogo sobre a Ressurreição". Foi ainda no Paço Real que Garcia de Resende começou a imprimir o seu Cancioneiro Geral. "Sintra de Inverno", tal com era conhecida pela Corte, Almeirim foi cenário de festas pomposas e casamentos entre Príncipes, Donzelas e Infantes, mas de todo esse passado que animou o Paço Real, nada existe hoje que nos fale do fausto dessa época.
O Pórtico do Palácio que começava a ameaçar ruína foi mandado demolir por D. João, Regente em nome de D. Maria I em 1792, facto que só se verificou no século XIX, em 1890. Actualmente, com algum significado histórico, existe a Igreja Paroquial de S. João Baptista, templo que passou por diversas fases de remodelação. Possui uma só nave, dispõe de uma pia de água benta quinhentista e da imagem do padroeiro da freguesia em madeira do século XVII, pintada e estofada à moda da época, além de outras imagens que se encontram em diversos altares e nichos. Começou por uma capela mandada construir por D. Manuel I em 1500, a Mestre Henrique, médico da Corte e da Infanta D. Isabel. Pode-se ver uma composição de Mestre Carlos Reis, representando o drago da freguesia. De registar também, como elementos de interesse para a história de Almeirim é a existência de um edifício que foi adaptado a escolas primárias no início do século XX, agora desactivadas, e que foi um hospital e Capela mandada construir por D. João III em 1527 em honra de Nª Senhora da Conceição, sede da Ordem Terceira de S. Francisco e da Capela do Divino Espírito Santo. É possível encontrar na parte antiga da povoação entre S. Roque e as Ribeiras alguns Passos do Calvário e edifícios revestidos a azulejos. Com importância encontram-se os Palácios da Quinta da Alorna que foi residência de D. Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, a escritora Alcipe, 4ª Marquesa da Alorna. Palácio do Casal Branco, famoso por ter sido palco de divertimentos tauromáquicos do Rei D. Miguel e a Quinta de Santa Marta, na freguesia de Benfica do Ribatejo que foi residência do Conde de Atalaia.
Factos históricos ocorridos em Almeirim: Por aqui passava a notável via militar romana que, partindo de Lisboa para Mérida, capital da Lusitânia. Esta seta ficaria integrada no Brasão da Vila de Almeirim, assinalando este facto. A partir de então passou a realizar-se a procissão em honra do Mártir S. Sebastião e que, durante muitos anos, deu grande brilho a Almeirim.
D. João I, entre 1411 e 1423, fez construir o Paço acastelado e as primeiras habitações, e dái criou-se a vila, depois o rei mandou fazer terraplanagem, colmatagens e drenagens em terrenos paludados na zona da construção. Este Paço Real foi aumentado e melhorado e reestruturado por D. Manuel I: todo o ano de 1510, parte de 1513, o Natal de 1514 e todo o período que decorreu entre Outubro de 1515 e Maio de 1516, tendo D. João III seguido o seu exemplo, D.Manuel foi ficando por cá, numa preferência ostensiva pela dinastia de Avis.
D. Manuel I mandou construir uma residência real perto da Ribeira de Muge, Muja ou Mugem, a que chamou Paço da Ribeira de Muge e depois Paço dos Negros, e maia tarde, um Convento em honra de Nossa Senhora da Serra.
Foi o Paço Real em Almeirim palco de uma das mais problemáticas Cortes da nossa história.
Em 1578, D. Sebastião que visitava Almeirim com frequência, levado pelo gosto da aventura e com o ímpeto dos seus frescos e verdes anos ofereceu os seus préstimos para a reconquista de Arzila, que os portugueses tinham abandonado em 1550. Não resistindo à superioridade das forças marroquinas, o exército chefiado pelo jovem rei foi derrotado, deixando D. Sebastião a sua vida em Alcácer-Quibir provocando uma situação difícil para o reino. Sem sucessor são abertas as Cortes de Almeirim pelo Cardeal D. Henrique em 11 de Janeiro de 1580 para decidir o problema da sucessão. Nestas Cortes Febo Moniz, como procurador do Povo de Lisboa, dirige-se com voz enérgica ao decrépito Cardeal: "Entregue Vossa Alteza o Reino a um príncipe português e todos lhe beijarão a mão". Sem anda ser resolvido, as Cortes são dissolvidas e o Reino passa a ser governado por Filipe II de Castela, dando-se início à Dinastia Filipina que iria durar Até 1 de Dezembro de 1640. Durante o tempo em que Almeirim foi procurada como estância de veraneio, muitas pessoas passearam-se pelas ruas do burgo e povoaram o Paço Real: Gil Vicente, o pai do teatro português, representou, nos Paços da Vila, às Cortes de D. João III, algumas das suas farsas, comédias e autos, como por exemplo, o "Auto da Fé" em 1510; a "Barca da Glória" em 1519; a tragicomédia "Dom Dardos" no casamento da Infanta D. Isabel com Carlos V, em 1525 e em 1526 apresenta a farsa "O Juiz da Beira", a tragicomédia "Templo de Apolo", o "Breve Sumário da História de Deus" e o "Diálogo sobre a Ressurreição". Foi ainda no Paço Real que Garcia de Resende começou a imprimir o seu Cancioneiro Geral. "Sintra de Inverno", tal com era conhecida pela Corte, Almeirim foi cenário de festas pomposas e casamentos entre Príncipes, Donzelas e Infantes, mas de todo esse passado que animou o Paço Real, nada existe hoje que nos fale do fausto dessa época.
O Pórtico do Palácio que começava a ameaçar ruína foi mandado demolir por D. João, Regente em nome de D. Maria I em 1792, facto que só se verificou no século XIX, em 1890. Actualmente, com algum significado histórico, existe a Igreja Paroquial de S. João Baptista, templo que passou por diversas fases de remodelação. Possui uma só nave, dispõe de uma pia de água benta quinhentista e da imagem do padroeiro da freguesia em madeira do século XVII, pintada e estofada à moda da época, além de outras imagens que se encontram em diversos altares e nichos. Começou por uma capela mandada construir por D. Manuel I em 1500, a Mestre Henrique, médico da Corte e da Infanta D. Isabel. Pode-se ver uma composição de Mestre Carlos Reis, representando o drago da freguesia. De registar também, como elementos de interesse para a história de Almeirim é a existência de um edifício que foi adaptado a escolas primárias no início do século XX, agora desactivadas, e que foi um hospital e Capela mandada construir por D. João III em 1527 em honra de Nª Senhora da Conceição, sede da Ordem Terceira de S. Francisco e da Capela do Divino Espírito Santo. É possível encontrar na parte antiga da povoação entre S. Roque e as Ribeiras alguns Passos do Calvário e edifícios revestidos a azulejos. Com importância encontram-se os Palácios da Quinta da Alorna que foi residência de D. Leonor de Almeida Portugal Lorena e Lencastre, a escritora Alcipe, 4ª Marquesa da Alorna. Palácio do Casal Branco, famoso por ter sido palco de divertimentos tauromáquicos do Rei D. Miguel e a Quinta de Santa Marta, na freguesia de Benfica do Ribatejo que foi residência do Conde de Atalaia.
Factos históricos ocorridos em Almeirim: Por aqui passava a notável via militar romana que, partindo de Lisboa para Mérida, capital da Lusitânia. Esta seta ficaria integrada no Brasão da Vila de Almeirim, assinalando este facto. A partir de então passou a realizar-se a procissão em honra do Mártir S. Sebastião e que, durante muitos anos, deu grande brilho a Almeirim.
Nasceram em Almeirim: - D. Afonso, Infante de Portugal, filho de D. João II - Frei António das Chagas, autor do Teatro Jurídico - D. Gonçalo da Silveira, jesuíta martirizado em 1561 - D. Fernando, filho de D. Duarte - D. Duarte, filho do Infante D. Duarte e D. Isabel, filhos de D. Manuel I - Supõe-se que o Cardeal D. Henrique teria nascido em Almeirim
(Dr. António Cláudio)
(Dr. António Cláudio)
Sem dúvida, umam terra de mestres e mestrias. Mais um tesouro perdido pela Riba do Tejo!