quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pão, Circo e Palhaços

Releiam "Os Malucos do Circo" Party Political Broadcast (1974 e El Circo De La Politica, de J.M. Loperena. Seguindo Clausewitz, a guerra é a prossecução da política por outros meios. Estamos, pois, em plena guerra política. Hoje, a vida política transformou-se num circo romano. Pão e circo (panem et circenses) era a política dos antigos romanos, que manobrava o povo dando-lhe comida e diversão em vez de liberdade, com o objectivo de diminuir ou acabar com os conflitos. O Rui Calafate dizia, no Oje, em Maio passado, que, desde que se lembra do exercício de poder em Itália, não se recorda de nenhum Primeiro-Ministro que faça doutrina ou que não passe de um rodapé da história (talvez Giullio Andreotti ainda possa dar azo a muitas biografias). Sílvio Berlusconi, afirma, é ícone desse circo. "Compreendeu como ninguém o povo que comanda. Deu-lhe circo, circo e circo."
Há muito que não se falava de "política de circo" ou de "circo político". Já em Maio, o PS chumbou os projectos do BE, PEV e PCP para proibir o uso de animais em espectáculos circenses. Foi pena, porque se a lei tivesse passado, hoje poupar-se-ia a estes aborrecimentos, e, sobretudo, evitado este jogo de incontinência verbal do Mário Crespo. De novo, a 18.Nov, o PS afirmou que se recusava a contribuir para que a AR fosse "num circo de demagogia". De nada valeu ao PS defender a AR. O circo foi ao Parlamento. E hoje vê-se confrontado com aspirantes a "palhaços". Em vez de serem só alguns políticos a comportar-se como palhaços, ainda temos, de quando em vez, suportar outras classes profissionais a juntarem-se-lhes. Por mim, o problema é mesmo do CDS-PP, que além de uma deputada que ofende, em plena comissão, no decurso de uma sessão de trabalho parlamentar, um seu colega, com um desses cumprimentos, conta, agora, com o activismo de um jornalista, seu confesso simpatizante, para esta sua incursão pelo "escárnio e mal-dizer". Lembrando uma canção de Abril, acho que o Paulo Portas adoptou para seu hino o refrão: "Avante, camarada, avante, junta a tua à nossa voz". Ou o tempo que vai demorar mais algum adepto do PP a fazer figura de palhaço.