Em Pedrógão Grande, Aires Henriques está a construir um edifício com características neo-medievais em que pretende instalar o Museu da República e Maçonaria.
O próprio juntou um mais que razoável acervo de centenas de peças raras.
Associado ao seu projecto de turismo rural Villa Isaura, na aldeia de Troviscais, vai instalar uma unidade museológica que constituirá “um pólo de referência política, cultural e histórica dos valores da igualdade, da liberdade e fraternidade universais”.
Associado ao seu projecto de turismo rural Villa Isaura, na aldeia de Troviscais, vai instalar uma unidade museológica que constituirá “um pólo de referência política, cultural e histórica dos valores da igualdade, da liberdade e fraternidade universais”.
"Várias colecções e temas integram o espólio, que abrange o período entre o Ultimato Inglês, em 1890, que marca a ascensão do republicanismo face à Monarquia, e o Estado Novo, passando pela I República, as primeiras revoltas contra Salazar e a II Guerra Mundial.
Enquanto percorria o país de Norte a Sul como inspector do Ministério da Agricultura, Aires Henriques, de 62 anos, agora aposentado, foi juntando peças diversas, com destaque para adereços, documentos e instrumentos maçónicos ou identificados com a República. Ao todo, são centenas de objectos do quotidiano, como estatuetas, pratos e outras peças de cerâmica, relógios, cartazes, postais ilustrados, fotografias de dirigentes políticos, jóias, espadas, livros raros, caricaturas e ilustrações.
“Houve todo o meu interesse em não deixar morrer este espólio nas arcas e nas vitrinas”, declara à agência Lusa Aires Henriques, que pretende colaborar com as instituições envolvidas ao longo do ano nas comemorações do centenário da implantação da República. Ao abrigo de um protocolo, já disponibilizou 180 peças ao Museu da Presidência da República.
“Esta é uma colecção de gente humilde, mas também do que foi possível juntar ao longo destes anos”, afirma. Ao longo de quase 25 anos, “as viagens levaram-me a conhecer a realidade deste país, a repressão e a limitação das liberdades” durante o Estado Novo, refere.
“Deste modo, fui também formando o meu espírito democrático e participativo”, conta, ao folhear um álbum de fotos de presos políticos dos anos 30, bem como dos primeiros deportados para as ilhas dos Açores (Angra do Heroísmo) e Cabo Verde (Tarrafal). Presidente da Casa de Pedrógão Grande em Lisboa e autor de vários estudos locais na área cultural, Aires Henriques idealiza um Museu da República e Maçonaria como “projecto aberto à comunidade”.
“Há aqui um campo aberto para uma colaboração entre a Villa Isaura e as escolas e universidades”, reitera. Através das peças, “devidamente tratadas e estudadas”, o coleccionador projecta “um futuro de democracia, participação, convívio e entreajuda” dos concidadãos.
O historiador Amadeu Carvalho Homem já visitou, em 2009, as colecções que Aires Henriques guarda em Troviscais, concelho de Pedrógão Grande. “É um conjunto muito equilibrado e significativo de objectos ligados à Maçonaria, ao movimento republicano e à I República”, congratula-se." A notícia saiu a 5, no Mundo Português. Nós congratulamo-nos também. E muito! Bem hajas!