O TVI24, de hoje, alimenta a(s) crónica(s) de Mário Crespo.
Botando palavra nas Jornadas Parlamentares do CDS, explicou o episódio da polémica crónica , e da conversa envolvendo o primeiro-ministro e Nuno Santos, director de programas da SIC, e revelou que o nome do comentador de Economia, Medina Carreira, também foi apontado como «um problema a resolver».
«No dia em que o Orçamento de Estado estava a ser preparado para ser apresentado no Parlamento, o chefe do Governo do meu país estava empenhado em produzir diagnósticos médicos sobre a minha sanidade mental. É curioso vindo de alguém que não tem, penso eu, credenciais nesse sentido. Mas poderá eventualmente consegui-las», disse o jornalista.
«Um primeiro-ministro é uma dignidade de função tremenda neste país. Como é um ministro. São situações que transcendem a própria pessoa e por isso tem que se ter uma postura consentânea com a dignidade desse posto», afirmou.
Mário Crespo conta depois que «na conversa, que não foi longa, mas foi intensa [ou melhor, não foi bem uma conversa, foi um monólogo] foi dito a Nuno Santos: "Vocês têm de resolver o problema Mário Crespo e o problema Medina Carreira". Os dois em conjunto não o sabíamos, mas constituímos um problema». Conversa relatada por «uma senhora» da mesa do lado (uma senhora, meu caro Mário, com a sua idade e na sua carreira, devia já saber que uma lady jamais comentaria a alguém uma suposta conversa havida sobre a sua pessoa: ouvir as conversas do lado não é uma tremenda prova de má-educação?). «Isto tudo em conversa muita rápida, muito colérica, que foi ouvida por uma pessoa numa mesa ao lado, é inevitável, e que me enviou um e-mail comovente, tocante. Posso dizer que é uma senhora erudita, mas nunca direi o nome dela», adiantou. (Uma senhora erudita, ó Mário, desculpe lá, mas o que é isso?) «Ela transcreve, ipsis verbis determinados pontos. Ela sentiu que naquela descrição estava contido algo que, se não fosse interrompido, era um processo de continuidade muito perverso no país, na sequência de soluções já conseguidas para Manuela Moura Guedes, José Alberto Moniz, José Manuel Fernandes e Marcelo Rebelo de Sousa. E ela sentiu que havia necessidade de obstar a isto», disse ainda. É um delírio de esquizofrenia aguda. Agora tenho a certeza! Tantos perseguidos! Essa necessidade de se pôr no mesmo patamar que as pessoas que cita não é um pouquinho de vaidade a mais? Uma mão cheia de gente ministerial que, logo justamente no dia do orçamento, vai almoçar, calmamente, e, em vez de discutir as contas do ano, não é que desata a balbuciar ameaças contra um pobre de um jornalista? É preciso muita imaginação! Acha que os políticos constroem cabalas numa mesa de um restaurante público? Tenha dó. Nunca ouviu expressões do género "sotão do Guterres"? Quando conspiram, os políticos fazem-no em privado. "Elementar, meu caro Watson!"
Mário Crespo contou depois que foi «confirmar que o almoço tinha tido lugar e naquelas circunstâncias que ela descreve e com os participantes que ela descreve». «Perante isto, confrontei o outro elemento presente com os factos que me foram descritos», referindo-se a Nuno Santos. O jornalista pensou: «Isto não pode ter sido dito sem ter sido violentamente contraditado. Estão em causa valores muito importantes e alguém que cuida destes valores teria contraditado». Mas «tanto não contraditou como me confirmou o teor da conversa», adianta.
«Perante isto eu pensei: tenho que fazer qualquer coisa. E decidi relatar», adianta. «Levei dois ou três dias a compor esta crónica, retirando-lhe emoções, linguagens despropositadas», conta Mário Crespo. «Mandei a crónica às 5h da manhã de domingo, dia importantíssimo para mim porque fiz exame de patrão de costa e passei. E à meia-noite recebi a chamada do José Leite Pereira», explica. «Disse-me: "Não te posso publicar isto. Não posso chegar a esta hora da noite e ir confrontar o primeiro-ministro com estas afirmações". E eu disse-lhe: "Se não publicas, não escrevo mais para um jornal teu"», continua o jornalista a relatar.
«Falei com a minha mulher sobre o que iríamos fazer e eu lembro-me de lhe ter dito: "Eu não sei como isto vai acabar"», conta. «Tenho 63 anos. É muito tempo de uma série de confusões que eu julgava que neste estado a que o país chegou, eu julgava que não iríamos ter de voltar a enfrentar».
Numa intervenção em que era suposto falar sobre o primeiro ano do mandato de Barack Obama, Mário Crespo passou a meia hora a falar sobre a polémica, sobrando poucos minutos para o tema original. «Sou um mártir? Não. Sou alguém que tenta defender-se simplesmente», terminou.
«No dia em que o Orçamento de Estado estava a ser preparado para ser apresentado no Parlamento, o chefe do Governo do meu país estava empenhado em produzir diagnósticos médicos sobre a minha sanidade mental. É curioso vindo de alguém que não tem, penso eu, credenciais nesse sentido. Mas poderá eventualmente consegui-las», disse o jornalista.
«Um primeiro-ministro é uma dignidade de função tremenda neste país. Como é um ministro. São situações que transcendem a própria pessoa e por isso tem que se ter uma postura consentânea com a dignidade desse posto», afirmou.
Mário Crespo conta depois que «na conversa, que não foi longa, mas foi intensa [ou melhor, não foi bem uma conversa, foi um monólogo] foi dito a Nuno Santos: "Vocês têm de resolver o problema Mário Crespo e o problema Medina Carreira". Os dois em conjunto não o sabíamos, mas constituímos um problema». Conversa relatada por «uma senhora» da mesa do lado (uma senhora, meu caro Mário, com a sua idade e na sua carreira, devia já saber que uma lady jamais comentaria a alguém uma suposta conversa havida sobre a sua pessoa: ouvir as conversas do lado não é uma tremenda prova de má-educação?). «Isto tudo em conversa muita rápida, muito colérica, que foi ouvida por uma pessoa numa mesa ao lado, é inevitável, e que me enviou um e-mail comovente, tocante. Posso dizer que é uma senhora erudita, mas nunca direi o nome dela», adiantou. (Uma senhora erudita, ó Mário, desculpe lá, mas o que é isso?) «Ela transcreve, ipsis verbis determinados pontos. Ela sentiu que naquela descrição estava contido algo que, se não fosse interrompido, era um processo de continuidade muito perverso no país, na sequência de soluções já conseguidas para Manuela Moura Guedes, José Alberto Moniz, José Manuel Fernandes e Marcelo Rebelo de Sousa. E ela sentiu que havia necessidade de obstar a isto», disse ainda. É um delírio de esquizofrenia aguda. Agora tenho a certeza! Tantos perseguidos! Essa necessidade de se pôr no mesmo patamar que as pessoas que cita não é um pouquinho de vaidade a mais? Uma mão cheia de gente ministerial que, logo justamente no dia do orçamento, vai almoçar, calmamente, e, em vez de discutir as contas do ano, não é que desata a balbuciar ameaças contra um pobre de um jornalista? É preciso muita imaginação! Acha que os políticos constroem cabalas numa mesa de um restaurante público? Tenha dó. Nunca ouviu expressões do género "sotão do Guterres"? Quando conspiram, os políticos fazem-no em privado. "Elementar, meu caro Watson!"
Mário Crespo contou depois que foi «confirmar que o almoço tinha tido lugar e naquelas circunstâncias que ela descreve e com os participantes que ela descreve». «Perante isto, confrontei o outro elemento presente com os factos que me foram descritos», referindo-se a Nuno Santos. O jornalista pensou: «Isto não pode ter sido dito sem ter sido violentamente contraditado. Estão em causa valores muito importantes e alguém que cuida destes valores teria contraditado». Mas «tanto não contraditou como me confirmou o teor da conversa», adianta.
«Perante isto eu pensei: tenho que fazer qualquer coisa. E decidi relatar», adianta. «Levei dois ou três dias a compor esta crónica, retirando-lhe emoções, linguagens despropositadas», conta Mário Crespo. «Mandei a crónica às 5h da manhã de domingo, dia importantíssimo para mim porque fiz exame de patrão de costa e passei. E à meia-noite recebi a chamada do José Leite Pereira», explica. «Disse-me: "Não te posso publicar isto. Não posso chegar a esta hora da noite e ir confrontar o primeiro-ministro com estas afirmações". E eu disse-lhe: "Se não publicas, não escrevo mais para um jornal teu"», continua o jornalista a relatar.
«Falei com a minha mulher sobre o que iríamos fazer e eu lembro-me de lhe ter dito: "Eu não sei como isto vai acabar"», conta. «Tenho 63 anos. É muito tempo de uma série de confusões que eu julgava que neste estado a que o país chegou, eu julgava que não iríamos ter de voltar a enfrentar».
Numa intervenção em que era suposto falar sobre o primeiro ano do mandato de Barack Obama, Mário Crespo passou a meia hora a falar sobre a polémica, sobrando poucos minutos para o tema original. «Sou um mártir? Não. Sou alguém que tenta defender-se simplesmente», terminou.
Parece-me lógico. E coerente. Em vez de falar de Obama, que para si não passa de um sujeitinho armado em importante, o Mário resolveu falar de uma coisa muito mais importante: ele. Porque entre um e outro, por certo que a audiência prefiria ouvi-lo falar de si do que de Obama - pensou ele!.
Megalomania, perseguição, dificuldade em lidar com a realidade. Sintomas de esquizofrenia aguda. Faça-me um favor, Mário. Vá descansar até Nova Iorque. Só espero que se der de caras com aquele homenzinho de quem era suposto falar e não falou, lhe consiga explicar que falar sobre si era tão mais importante.