sábado, 20 de fevereiro de 2010

Churchill: Vivências e dizeres intemporais

Uma figura de que vale sempre a pena falar.
Winston Churchill nasce a 30 de Novembro de 1874 em Oxfordshire. Apesar de nascer de uma família aristocrática, o seu carácter rebelde levou-o ao fracasso escolare a iniciar uma precoce carreira militar aos 14 anos. Passou uma juventude entre combates, no Sudão e na Segunda Guerra dos Bóeres. Dedicou-se à política no início do século XX, e desempenhou diversos cargos governativos até ao dealbar da II Guerra Mundial. Tornou-se PM do Reino Unido (1940) e conduziu o país à vitória sobre as potências do Eixo. Passou pela oposição após perder as eleições de 1945, mas regressou ao poder em 1951. Foi um prolífico escritor laureado com o Prémio Nobel da Literatura em 1953. Faleceu em Londres a 24 de Janeiro de 1965, ficando para a História como um dos mais influentes líderes políticos de sempre.
O pai, Lord Randolph Churchill (descendente direto do 1º Duque de Marlborough, o herói da luta contra Luís XIV), passou-lhe o gosto pela política e a memória prodigiosa (decorava um discurso inteiro de improviso). Da mãe, Jennie Jerome, beldade nova-iorquina, filha de um magnata e criador de cavalos de corrida, herdou a porção de bon-vivant: fuma longos charutos cubanos, bebe generosas doses de whisky (que lhe valem, de Hitler, o epíteto de bêbado e, dos biógrafos "revisionistas", a classificação de irresponsável), o gosto pelo convívio com celebridades e, também, a inclinação Homem-Fênix: cresce, decai, brilha e, neste constante renascer das cinzas, forja a sua fibra.
Estréia no Parlamento como Primeiro Ministro e inaugura o ciclo dos memoráveis discursos de guerra: "...Não tenho nada a oferecer-vos senão sangue, trabalho, suor e lágrimas...". Mais tarde, quando escreverá a história da segunda guerra mundial, enunciará a sua fórmula: "Na guerra, determinação; na derrota, resistência; na vitória, magnanimidade; na paz: boa-vontade."
Jamais poderão classificá-lo como prodígio ou vitorioso nato. Foi temperado nos vários ostracismos e enrijeceu com os dissabores políticos que aplacava com os êxitos literários. A sua biografia de estadista começa quando outros, resignados, a acabaram. Chega ao pódio mundial aos 65 anos e, quando morre aos 91, salta para a História.
Winston Churchill era um intérprete e um herdeiro do chamado “espírito inglês”. Como escreveu A. L. Rowse, o que distingue essa maneira de estar é a ausência de “angst” e de “ennui”. É, como escreveram Bagehot e Oakeshott, uma disposição para usufruir; para celebrar a vida e o privilégio de desfrutar modos de vida que não foram centralmente desenhados ou impostos por ninguém.É, numa palavra, uma disposição para usufruir e conservar. Para melhorar pouco a pouco, evitando perder tudo. É um hábito de independência e moderação – que sustenta a tradição da liberdade.
Em 1941, Winston Chruchill foi forçado a abandonar o charuto que fumava para participar numa reunião do gabinete de guerra britânico. O charuto, que se tornou uma das imagens de marca do antigo e histórico líder inglês, foi apanhado por um membro do staff do número 10 de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro e guardado durante quase 70 anos. E acabou agora por ser vendido pela leiloeira Keys, em Norfolk, este mês (por 4 500 libras).
Violet Bonham Carter, amiga de juventude e inteligente biógrafa disse, no fim: “I remember wondering whether, like so many public performers, he had a separate public personality and being relieved to find that he behaved and spoke exactly like his private self”.
Se vivesse hoje usaria uma das suas célebres frases "Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir."