segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Reflexão sobre A Hora - Razão/Coração

Não sei porque persistem em dizer que sou implacável. Dura e impenetrável. Fria e distante!
Por contraponto ao que diz Paula Bobone ("Cara-Metade - O Casamento Finalmente Correcto"), não acredito em casamentos por conveniência. Acredito em casamentos por amor. Só acredito no amor. E só acredito em casamentos por amor. Amores como o de Pedro e Inês. De Tristão e Isolda. Tenho de continuar a acreditar que amar é possível. Que é possível o amor!
História que bem serve para demonstrar que é preciso sonhar. Gostar de sonhar. E sonhar com coisas e amores grandiosos. Grandes amores românticos. Ilusões e instintos. Novas ilusões, velhos instintos. Amores e paixões.
Ainda há dias pus a hipótese de casar. E por mim que quisesse sonhar, vi-me confrontada com uma mulher pragmática, lógica, afastando a tirana romântica enraizada em mim. Que raio! Depois de uma relação-namoro-casamento de 20 anos e de um divórcio com tramas e melodramas, uma trágico-comédia, achei por bem reflectir. Muni-me de uns quantos pensamentos.
Fiz uma lista de prós e contras.
A lista (as frases) dos contras: "O casamento é uma festa em que a oração que precede o jantar é muitas vezes melhor que o jantar em si." Charles Colton, 1780-1832, poeta e escritor inglês, Lacon. "É estranho confessar o prazer que nós, gente casada, sentimos ao ver esses pobres idiotas a caírem na armadilha da nossa situação." Samuel Pepys, 1633-1703, escritor inglês, Diary.
Para mim, estes fazem parte do grupo dos que não entendem que o casamento não é o fim, mas o princípio. A génese de uma nova vida. Quando o amor se pode tornar menos romântico, menos cantado, menos poético, mas infinitamente mais real. Com mais ternura, dedicação, memórias partilhadas, cumplicidade, refúgio e antro contra a crueldade da vida. Como quando Sponville diz: "Um casal, quando feliz (ou mais ou menos feliz, porque a felicidade nunca é absoluta) é o lugar da verdade, da vida repartida, da confiança, da amizade gentil, das alegrias recíprocas, da gratidão, da fidelidade, da generosidade, do humor, do amor." A. Compte-Sponville, filósofo francês, Pequeno Tratado das Grandes Virtudes. Como quem diz que "O casamento não produz dois prisioneiros, mas sim uma liberdade em duas pessoas." (André Frossard), ou que "Um casamento feliz é uma longa conversa que nos parecerá sempre demasiado curta". (André Maurois), ou ainda que "A "união livre" não é senão uma conjunção provisória de solidões." (André Frossard). Que "Amor não é olharem um para o outro. mas sim olharem ambos numa mesma direcção." (Antoine de Saint-Exupéry). Que "No verdadeiro amor não manda ninguém; ambos obedecem." (Alejandro Casona) e que "O casamento é um edifício que deve ser reconstruído todos os dias."(André Maurois)
Estes são os a favor! Lamentavelmente, não era chegada a hora. A minha hora!
Mas raios me partam se desisto!
Acredito no amor! E no casamento! Num casamento por amor! Até porque não acredito na solidão livre, mas no crescimento a dois. E no casamento como um dueto. Uma sinfonia. Uma melodia. Um poema. E até acredito que pode durar para sempre! "E esta, hem?"