O início do ano foi marcado politicamente pela preocupação com o desemprego.
Deu disso nota a mensagem de ano novo de Cavaco Silva, que disse mesmo que, juntamente com a dívida externa, este poderia desencadear uma “situação explosiva”.
Segundo dados divulgados pelo IEFP, a taxa de desemprego em Dezembro aumentou 1,2% face ao mês anterior o que perfaz um total de 523.680 desempregados.
Numa linha de grande coerência, como é seu timbre (?!), o governador do Banco de Portugal (BdP), considerado já um dos mais bem pagos do mundo, Vitor Constâncio - que aufere 17.817 euros (mais do que o governador da Reserva Federal norte-americana) - vai lá perceber-se porquê - candidata-se agora à vice-presidência do Banco Central Europeu (BCE) e, se ganhar, ganha também um aumento salarial de mais de 3.722 euros, passando a auferir a módica quantia de 21.539.
Ora, deve o próprio achar a situação extraordinariamente justa porque já não recebe aumentos salariais há quatro anos e em 2009 abdicou de um duplo aumento (duas últimas actualizações salariais da função pública), embora tenha já reconhecido que o seu salário é elevado e se tenha mostrado disponível para ganhar menos.
Trata-se, portanto, em suma, de uma remuneração que, em termos anuais, representa um montante bruto de 250.000€.
Para Constâncio, a concretizar-se o sonho, será um aumento de quase 20%.
O que tem isto a ver com desemprego?
A coerência conhecida do Vitor Constâncio, nada mais.