Manuel Monteiro, líder do PND, publicou um artigo interessantissimo no Sol de 12, em que compara a situação actual com a vivida em Maio de 1926, quando se pôs fim à 1.ª República. Portugal vivia uma época de crise. "Financeira, económica e política. O desemprego, associado a uma degradação das instituições, evidenciava dois países: o formal e o real." O país formal estava "corroído pela mesquinhez, pelos interesses egoístas de grupos partidários; o segundo estava distante dos políticos, descrente face ao presente e nada confiante com o futuro." Os republicanos sérios sentiram-se impotentes com a "voracidade das intrigas e da pequena política. E num dia, fruto dos erros cometidos, o regime caiu. Caiu com o aplauso da população que se colocou ao lado dos revoltosos." Os problemas iam para além do défice e pagavam-se elevados juros ao estrangeiro. Os problemas resultavam pela credibilidade perdida quanto à Justiça e pelo abismo entre o povo e os seus representantes.
84 anos volvidos, vê Manuel Monteiro grandes semelhanças nas situações. Faltando-nos tão bons cronistas como então, na escassez do brilho, da inteligência e da qualidade que os caracterizaram, parece que os actuais homens do jornalismo "sentados nas suas ‘cátedras’ de petulância, cheios da sua imensa pequenez, culpam o que se passa lá fora para justificar o que de errado voltámos a fazer cá dentro."
84 anos volvidos, vê Manuel Monteiro grandes semelhanças nas situações. Faltando-nos tão bons cronistas como então, na escassez do brilho, da inteligência e da qualidade que os caracterizaram, parece que os actuais homens do jornalismo "sentados nas suas ‘cátedras’ de petulância, cheios da sua imensa pequenez, culpam o que se passa lá fora para justificar o que de errado voltámos a fazer cá dentro."
Ora, entende o Manuel que a História se repete. "Sem as especiarias da Índia, o ouro do Brasil e o dinheiro da CEE, voltámos ao que éramos. Pobres e cheios de deficiências estruturais, mas com a leveza de espírito característica dos incautos. Mudou alguma coisa? É certo que sim. Temos mais auto-estradas, mais periferia e muitos subsídio-dependentes. É ainda certo que temos pessoas e profissionais de inquestionável qualidade, apesar de se contarem pelos dedos das mãos as possibilidades de êxito que alcançam numa sociedade, como a portuguesa, que cultiva e sustenta a mediocridade. Ser medíocre, mediano, poucochinho, é condição base para progredir e para sobreviver." Ainda bem que o Manuel me entende. Há quanto tempo me ouvem dizer isto?
"Não há agricultura, nem pescas? Não possuímos indústria? Mas que relevância têm estas coisas menores, perante a pujança dos estádios, dos corruptos e das obras públicas desnecessárias? Diante de tamanha grandeza interessará para alguma coisa o estado deplorável a que chegámos?
Para o país formal não, contudo há ainda quem se interesse. Será uma minoria? Talvez. Uma minoria que não se conforma e uma minoria que não faz depender a razão das suas preocupações e ideias da quantidade volátil dos espectadores do circo. Até porque, como em todos os circos, esses espectadores só aplaudem enquanto tiverem entretenimento e pão. E o entretenimento pode continuar, mas o pão vai escassear."
Para o país formal não, contudo há ainda quem se interesse. Será uma minoria? Talvez. Uma minoria que não se conforma e uma minoria que não faz depender a razão das suas preocupações e ideias da quantidade volátil dos espectadores do circo. Até porque, como em todos os circos, esses espectadores só aplaudem enquanto tiverem entretenimento e pão. E o entretenimento pode continuar, mas o pão vai escassear."
Nem mais. É a diferença entre o país formal e o país real. Como então.