O I publicou um artigo sobre o ranking e/ou uma "Receita para trabalhadores felizes: sinceridade e formação", da autoria de Patricia Silva Alves com Nuno Aguiar. Fala das "Melhores Empresas para Trabalhar". Dá conta que "Numa altura em que até o edifício da Casa Branca desvalorizou 15,6 milhões de euros num ano, o melhor vendedor da RE/MAX em Portugal facturou, em média, 35 mil euros mensais em 2009. A empresa cresceu em ano de crise - 16% em volume de negócios e facturação - e os trabalhadores ganharam com isso."A nossa remuneração varia de acordo com os resultados: se a empresa cresce, o ordenado dos colaboradores também", explica o presidente.
Na listagem feita pela Exame e pela Heidrick & Struggles desde 2006, a RE/MAX subiu pela 1ª vez ao topo do ranking destronando a Microsoft. "Este ano apostámos numa política de reconhecimento do trabalho e na formação", explica Manuel Alvarez. Preparar os trabalhadores para a nova conjuntura - "devem saber que os bancos estão a cortar no crédito", exemplifica Alvarez - e reconhecer o mérito, são algumas estratégias.
Também para a Microsoft Portugal, a crise abalou as estratégias de recursos humanos. "Apostámos numa comunicação transparente sobre a evolução do negócio com os nossos colaboradores", conta Patrícia Fernandes, e esta política deu frutos. "Este ano não correu maravilhosamente; os trabalhadores não estão eufóricos, mas a infra-estrutura do barco e o casco estão bem oleados e protegidos. Por isso vamos passar a tempestade", sintetiza.
Entre as premiadas nesta categoria está também o Grupo Lena, em 5º lugar. Com 5 áreas de negócio tão distintas como a comunicação, construção, ambiente e energia, turismo e serviços e automóveis, Margarida Oliveira explica a fórmula do sucesso: "Trabalhadores motivados são mais produtivos". Formação, progressão na carreira e acções de team building são algumas das estratégias prosseguidas.
Não mudar a estratégia durante a turbulência foi também a opção estratégica da Urbanos, a 1ª classificada do ranking das Médias Empresas. "Num ano de crise em que as empresas cortaram nos benefícios e iniciativas relacionadas com os recursos humanos, nós não cortámos em nada", defende André Borralho. E não cortar em nada é continuar a apostar na Academia Urbanos, "uma espécie de universidade corporativa" e nos eventos da empresa.
Já na categoria de Pequenas e Microempresas, a Safira, que ficou em 1º lugar, aposta na expansão. "Temos mantido aumentos salariais em toda a pirâmide da hierarquia e este ano contratámos 64 pessoas", explica Cátia Monteiro. Na base da estratégia de empresa está a aposta no team building: "No início de cada ano temos um dia fora da empresa para explicar aos trabalhadores a estratégia da empresa e apostamos numa comunicação pouco formal, de porta aberta".
A chave para fazer um bom trabalho, para obter bons resultados finais, está, pois, nos homens da estrutura. Do topo à base. Motivar e recompensar, algo que não existe, de todo, na Função Pública, em que todos os critérios valem para a ascensão, à excepção da competência (salvo honrosas excepções) e existe, muito pouco, na privada.
Em Dezembro do ano passado, depois de em Setembro ter pedido exoneração do Tribunal de Contas, e abandonado de vez a Administração Pública, concebi, juntamente com o meu irmão, Bruno, com menos quinze anos que eu, um projecto empresarial sob o modelo de bord consulting, em que sou Chairman e CEO, e ele, Vice-Chairman. Para além de ter um cord business que abarca a consultoria e a auditoria de contratos públicos e a fiscalização de obras públicas, a par da gestão e administração de negócios, propõe-se implementar e desenvolver uma filosofia de parcerias com entidades públicas e privadas em áreas transversais como o desenvolvimento sustentável e a cultura. Indagava-se muito a minha mãe porque razão eu e ele tanto nos retirávamos para falar e articular as perspectivas de ambos, já que o criei desde que nasceu. Era uma questão de liderança coaching. E estranhava ainda que eu fosse militante PS e ele PSD. Expliquei-lhe que as empresas devem ser transversais às opções políticas de cada um e que as chefias, que, no caso, somos os dois, têm de entrar em sintonia de cima para baixo. Começámos a escolher parceiros, privilegiando o círculo de afectos e de conhecimentos. Cimentámos amizades. E de cada vez que se contrata alguém ou se enceta uma parceria com alguém, temos o cuidado de explicar a filosofia do projecto e de cativar os outros para algo que gostamos todos sintam como um pouco de si. Uma empresa é uma engrenagem que só funciona quando todos, do topo à base, se sentem envolvidos e seduzidos por aquela que deve ser uma causa comum: o sucesso. A REGIS LABORE, International Consulting, está agora a preparar a logística necessária para os avanços a que se propõe. Numa lógica de parceria e de interactividade com agentes e pessoas. E sobretudo, como uma cartilha de aprendizagem contínua, em que todos os envolvidos ganham ou perdem, em conjunto.
Foi uma idéia de passar para a vida privada os ensinamentos de tudo o que vi acontecer de menos bom à minha volta na função pública. Desmotivação, desaprendizagem, ascensão de incompetentes, fugida de talentos, não têm lugar - ou não devem ter lugar - em qualquer projecto que depende das pessoas. E todos dependem delas e da sua capacidade de entrega ao mesmo projecto. Boas lideranças existem afinal, se, quando, e na estrita medida em que quem está à frente de um projecto, tem a capacidade e o discernimento para pensar com os outros, para os outros e em prol dos outros. E continuam a ser, infelizmente, poucos. Muito poucos!