quinta-feira, 3 de junho de 2010

Porque nos odeiam? Parte III



Um continente que não assume as suas responsabilidades. Por outro lado, também fazíamos bem em acabar com a ideia de que ganhamos respeito esbanjando somas cada vez maiores em ajuda externa, sobretudo quando essas somas vão associadas a um interminável discurso moralizador. O que os desafortunados querem não é o nosso dinheiro, mas o nosso respeito. Desbaratamos apoios incessantemente, mas pouco nos preocupa saber se o dinheiro é gasto eficazmente, ou as distorções que introduzimos com isso na política local, o que demonstra um desprezo muito maior do que se não déssemos nada. Temos de aprender a lição do êxito diplomático da China em África: as nações em desenvolvimento estão menos interessadas no processo do que na obtenção de resultados.
Por último, a Europa tem de parar de se esconder atrás dos Estados Unidos e começar a assumir a responsabilidade das suas próprias decisões. Contudo, isso nunca vai acontecer enquanto a Europa for gerida por uma gerontocracia de centro-direita, que parece mais confortável a olhar para o Atlântico do que a adaptar-se ao nosso presente multipolar. Os nossos dirigentes passam os dias preocupados em manter uma participação simbólica na NATO, obcecados sobre se o Presidente Obama vai ou não participar numa cimeira UE-EUA e espadeirando pelos seus poderes de jure nas instituições de Bretton Woods, quando precisavam de perceber que as regras do jogo estão a mudar e as velhas redes estão rapidamente a perder influência. Ironicamente, os norte-americanos parecem compreender isso hoje melhor do que nós. (Presseurope)