Palmira F. Silva, no Jugular.
A dar conta que, na quinta-feira, a polícia promoveu buscas no palácio episcopal de Malines-Bruxelas e na residência do cardeal Godfried Danneels, o dignitário mor da Igreja belga entre 1979 e 2009. O antigo primaz da Bélgica foi convocado ao palácio episcopal e o seu computador pessoal confiscado. Foram ainda conduzidas buscas na catedral e nas instalações de uma comissão da Igreja para investigar as denúncias de abuso sexual de menores por padres, ressuscitada em Abril último pelo novo arcebispo, Andre-Joseph Leonard, depois da confissão do arcebispo de Bruges de que abusara sexualmente de um menor durante anos. Nesta última, a polícia recolheu documentos respeitantes a 475 casos susceptíveis de «provarem as acusações de abusos de menores por parte de certos membros da Igreja», explicou o porta-voz do Ministério Público de Bruxelas.
Um padre aposentado, Dirk Devillé, confirmou entretanto à agência France Presse que, apenas na década de noventa, foram denunciados centenas de casos de abusos sexuais cometidos por padres mas que foram encobertos pela Igreja Católica belga, dirigida entre 1979 e 2009 pelo cardeal Danneels .
Quer o pedopsiquiatra que dirige a comissão especial da igreja quer o actual arcebispo criticaram imediata e duramente a actuação da polícia. Peter Adriaenssens criticou a «paranóia» da polícia que culminou com a recolha de documentos que considerou «confidenciais e pertenciam a investigações ainda em curso». O arcebispo criticou o excesso de zelo da polícia que se atreveu mesmo a «sequestrar» os arcebispos, actual e passado, de Bruxelas durante horas. Também Dominique Mamberti, o Secretário da Santa Sé para as Relações com os Estados, chamou o embaixador da Bélgica no Vaticano para lhe transmitir um protesto oficial sobre o sucedido.
A arquidiocese de Bruxelas fez saber que pode intentar uma acção legal contra o Estado devido ao facto de a imagem da Igreja ter ficado «manchada» pela operação policial. Mais duras ainda foram as críticas do Vaticano, pela voz do cardeal Tarcisio Bertone, que comparou o que aconteceu às práticas dos regimes comunistas. De facto, onde é que já se viu esta falta de respeito? E se mais países resolvem fazer o mesmo em vez de esperar passivamente as «investigações» da Igreja. "
Ah! Pois é! Se pega moda...