sábado, 15 de agosto de 2009

Últimas estrofes do Poema S. João de Pessoa

Fernando Pessoa - Últimas Estrofes do Poema S. João (1935)
(recolhido por Alfredo Margarido)
(…)
"(E) foi então que, para te vingar E à maneira de santo, os arreliar Desceste mansamente à terra
Perfeitamente disfarçado E fizeste entre os homens da razão Um milagre assignado, mas cuja assignatura se erra
Quando em teu dia, S. João do Verão, Fundaste a Grande Loja de Inglaterra.
Isto agora é que é bom, Se bem que vagamente rocambolico.
Eu a julgar-te até catholico, E tu sais-me maçon.
Bem, aí é que há espaço para tudo, Para o bem temporal do mundo vario.
Que o teu sorriso doure quanto estudo E o teu Cordeiro Me faça sempre justo e verdadeiro, Pronto a fazer falar o coração Alto e bom som Contra todas as fórmulas do mal, Contra tudo que torna o homem precario.
Se és maçon, Sou mais do que maçon - eu sou templarío.
Esqueço-te santo Deslembro o teu indefinido encanto.
Meu Irmão, dou-te o abraço fraternal. "
Excerto da “Nota Biográfica” de Fernando Pessoa, 30 de Março de 1935