segunda-feira, 17 de agosto de 2009

ENSAIO SOBRE A INTELIGÊNCIA DA ESTUPIDEZ!

Originally posted by Albert Einstein: "Duas coisas são infinitas, o Universo e a estupidez humana. Mas, no que respeita ao Universo, ainda não tenho certezas absolutas!" ou "A estupidez é infinitamente mais fascinante do que a inteligência. A inteligência tem limites, a estupidez não..." - Cipriano.
Temos já um ponto de partida para esta estúpida, reflectidamente estúpida, reflexão.
"Será a estupidez um bem? Ou será apenas uma necessidade prática não só da vida moderna como de todos os tempos passados e futuros? Além disso, poder-se-ia acabar com a estupidez sem que daí viesse mal ao mundo? A estupidez está difundida em tal grau que não poderia ser devida à simples geração episódica e acidental de intelectos desnutridos. Pelo contrário, a exuberância dos fenómenos estupidológicos, a sua extrema variedade, a riqueza das suas realizações ou a elegância dos seus refinamentos, tudo nos faz encontrar na estupidez mais, muito mais do que uma vacuidade, uma ausência de inteligência. Sejamos senhores da nossa estupidez! Tornemo-la maior, mais forte, mais perfeita! No fim de contas o que seria dos homens, que tanto se têm aferrado à sua estupidez, se não permanecessem estúpidos?"(in Vitor J. Rodrigues, Teoria Geral da Estupidez Humana)
Cientificamente, definem-se, pelo menos duas, senão três, noções de estupidez: a chamada estupidez natural, a de alguém que possui a qualidade de estúpido; a estupidez circunstancial, aquela que, pontualmente, podemos atribuir "às acções de um indivíduo", tais como "juízos inadequados ou insensibilidades", formas de lidar com os outros inabilidosas -Muita estupidez circunstancial junta num só indivíduo é uma conditio sine qua non para se concluir pela estupidez natural. O problema é que, nesta questão da estupidez, esta afirmação é já, por si, da mais pura e elementar estupidez. Isto porque ser reincidente em comportamentos estúpidos pode não ser o suficiente para definir um indivíduo como naturalmente estúpido. Porque tanta estupidez pode ser a exteriorização de uma atitude suscitada por impulsos internos captados através factores externos. São derivados dos certos estados de alma, provocados, por exemplo, pelo desespero, solidão, insegurança ou pela necessidade de afirmação. E é esta última motivação a que mais me aborrece. E é ela que leva ao 3.º grau de estupidez: a estupidez conjuntural, aquela que depende de determinada conjuntura. Que pode ser o reflexo de uma grande inteligência: o de parecer estúpido. Ora, aqui está o núcleo da questão: o indivíduo estúpido não é necessariamente desprovido de inteligência, até, em certos casos, a estupidez exteriorizada pode ter como finalidade ter e obter dividendos a seu favor (como a popularidade, o carinho, a reputação social .... como o lobo que veste a pele do cordeiro). As acções direccionadas para chamar a atenção, ainda que através de acções estúpidas, podem revelar, de facto, uma pensada inteligência.
Quando é que presencio isto? Quando conheço pessoas reconhecidamente inteligentes e se revelam completamente estúpidas, porque se convencem que os outros, a quem pretendem agradar, por esta ou aquela razão, para obter graças ou favores, são verdadeiramente estúpidos (ou até idiotas - que não deixa de ser um grau de estupidez). Há quem lhe chame "saber viver". Eu tenho sempre a intuição de que estes maneirismos, vindo de quem vêm, não levam a melhor! Porque os outros também se podem, da mesma forma, apequenar, para parecer estúpidos! O que muita gente não conta é com a inteligência dos outros! E talvez fosse bom pensarem nisso! É que, constata-se, se vive num contexto em que, cada vez mais, uma estupidez bem colocada, na hora certa, perante a pessoa certa, pode ser um sinal de aguçada inteligência.
Esta semana, numa reunião de gente que tenho por conceituada, um determinado sujeito dava ares de quem não entendia o alcance das palavras dos demais. Só lhe faltava assobiar para o ar e contar carneiros! Tenho ideia de que foi a primeira vez que o toparam e perceberam a sua estupidez estratégica. Porquê? Porque também interessava aos restantes fazerem-se de tolos! E foi precisamente aí, que aquele gajo, na sua manifesta estupidez, sem querer, inadvertidamente, revelou a sua grande inteligência!
É porque quando a estupidez é muita até os mais estúpidos desconfiam! Essa é que é essa!