terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Uma nova perspectiva da violência doméstica - o relatório do Projecto Rebeca!


A Associação Portuguesa de Mulheres Juristas, no âmbito do "Projecto Rebeca", analisou a tramitação de 30 processos-crime em que foram ofendidas mulheres acolhidas em casas abrigo para vítimas de violência doméstica.
Muito embora se reconheça que os dados recolhidos não reúnem os requisitos suficientes para uma análise estatística, por a amostra ser demasiado pequena, estes tornam possível a identificação de algumas "tendências" e podem servir de guia ou de um manual de boas práticas, para ser usado por quem leva esta questão a peito - que devemos ser todos.
A relação entre paredes, num casal, quando atinge níveis de desajustamento e toca a agressividade verbal ou física é uma questão social e não, como infelizmente se entendeu demasiado tempo, uma questão do foro intímo do casal.
Aqui se deixam alguns apontamentos a propósito retirados das conclusões do relatório apresentado em Outubro/09 e que só agora se analisou aprofundadamente.
1º Caracterização da ofendida e do arguido: As vítimas são mulheres (à excepção de um caso em que houve concomitante denúncia), cujas idades variam entre os 22 e os 48 anos, com nacionalidade portuguesa (tirando 2 casos). Os agressores têm entre 24 e 51 anos e são todos portugueses. Na sua maior parte são casados entre si (14 casos) e noutros vivem em união de facto. Em todos os casos há filhos em comum (apenas num caso os filhos eram maiores). Em 10 casos há apenas 1 filho e em 2 casos as vítimas encontravam-se grávidas de um 2º filho quando foram acolhidas em casa abrigo. A esmagadora maioria tem profissões não qualificadas: trabalham na construção civil (eles) e em serviços domésticos (elas). Em apenas 3 casos a vítima tinha outra profissão: uma cozinheira, uma operária fabril e uma vendedora numa loja. Quanto aos agressores, em apenas 6 casos a profissão era outra: motorista, jardineiro, serralheiro, metalúrgico, militar e técnico de informática.
2º Tempo de Inquérito: quase sempre excede os 10 meses. Em 8 dos processos foi superior a 14 meses e em apenas 1 foi de 4 meses. O que significa, em muitos casos, novas agressões ou tentativas de agressão no decurso desse tempo (a partir do momento em que o agressor sabe que a vítima reagiu e ocorreu denúncia dos factos, as agressões tornam-se mais violentas, o ciclo da violência fecha-se mais e é nessa altura que a vítima corre maior risco de vida). Mesmo afastada do agressor, acolhida em casa abrigo, as tentativas de contacto, ameaças, injúrias e perseguições persistem. A Lei n.º 112/2009 de 16 de Setembro trouxe algumas inovações quanto aos processos por crime de violência doméstica, que passam agora a ter natureza urgente – cfr. artigos 28º e n.º 2 do 103º nº 2 do CPC.
3º Em nenhum dos processos analisados foi utilizada, na fase do inquérito, a possibilidade de tomar declarações para memória futura (artigo 271º do CPP, também aplicável às testemunhas especialmente vulneráveis por força do disposto no artigo 28º da Lei de Protecção de Testemunha - Lei n.º 93/99). Nalguns casos, a gravação foi fundamental para a condenação, reafirmando o seu papel de instrumento de preservação da prova, sobretudo para evitar a vitimização secundária das testemunhas.
4º Não se recorreu à Lei de Protecção de Testemunhas, constatando-se que, nalguns casos, a perseguição a testemunhas familiares da vítima deu azo a processos judiciais autónomos destas contra o agressor. Também aqui a Lei n.º112/20 09 estabelece um direito de protecção (artigo 20º) - já constante da Lei de Protecção de testemunhas.
5º Meios de prova utilizados: em todos os casos houve perícias médico-legais e em todos os casos foram ouvidas testemunhas. A ofendida foi ouvida em sede de inquérito pelo menos 1 vez, sendo que em 3 casos foi ouvida 2 vezes e em 5 casos foi mais de 3 vezes. E o arguido apenas não foi ouvido num caso, por se encontrar desaparecido. Os arguidos ouvidos nunca confessam a prática de qualquer facto que os possa incriminar na prática do crime de violência doméstica e negam aquilo que as ofendidas denunciaram. As testemunhas apresentadas são os filhos (quase sempre menores) ou outros familiares próximos e, nalguns casos vizinhos, colegas de trabalho ou patrões. Quanto a outras provas, realça-se o envio de relatórios sociais da vítima pela casa abrigo que a acolheu em 3 casos. Num caso a requerimento do Ministério Público, nos outros 2 espontaneamente enviado pela equipa técnica da casa abrigo.
6º Ficha de Avaliação de Risco - nem sempre é preenchida pelas autoridades policiais e o relatório apenas foi utilizado em 3 casos, sendo que num deles foi requerido pelo Ministério Público e elaborado pelo respectivo órgão de polícia criminal depois da denúncia (servindo o relatório de suporte para a aplicação da medida de coacção de afastamento), mas as forças policiais, em todos os processos, encaminharam as vítimas para a linha 144, ou qualquer outro apoio disponível.
7º Auto de denúncia padrão: foi o utilizado em quase todos os casos. A incriminação legal feita pelas forças policiais é sempre de Violência Doméstica/ Maus tratos, quando aplica o auto de denúncia padrão. Nos 3 únicos casos em que não foi utilizado o auto de denúncia padrão a incriminação foi, ainda assim, a de maus tratos.
8º Em 5 dos casos analisados havia denúncias/ inquéritos anteriores já arquivados. Em todos, a causa de arquivamento foi a desistência de queixa - o que se afigura um paradoxo, face à natureza pública do crime de maus tratos/ crime de violência doméstica, nas sucessivas redacções do art. 152º do Código Penal dos últimos anos. A explicação será talvez a de seguir a vontade manifestada pela vítima. Para arquivar os Autos por desistência de queixa, o Ministério Público qualifica o/os factos como factos isolados não subsumíveis ao tipo legal “maus tratos” ou “violência doméstica” e antes subsumindo-os a tipos legais que sendo considerados crimes semi-públicos ou particulares admitem a desistência. o que apenas se compreende pelo facto de a falta de vontade da vítima em avançar com o processo levar a que não seja carreada prova para os autos. Mas já não se compreende porque nestes casos não se aplica antes a suspensão provisória do processo, com aplicação de injunções, ou não se averigua a causa da vontade de desistir. Muitas vezes é por medo, pelas ameaças recebidas, por continuar a existir um convívio “forçado” entre vítima e agressor.
9º Promoção e aplicação de medidas de coacção - A única medida aplicada na fase de Inquérito na maioria dos casos (13) foi o Termo de Identidade e Residência - obrigatório nos termos da Lei Processual Penal - artigo 196º do CPP, só num caso foi aplicada uma medida de apresentação periódica, e, nos restantes 6, uma medida de afastamento, com excepção de um único caso, a medida de coacção de afastamento só foi promovida aquando da dedução da acusação.
Na generalidade dos casos em que se aplicou uma medida de afastamento e de proibição de contacto (artigo 200º do CPP), esta foi imposta sem qualquer cominação para o seu não cumprimento, mas nunca se sugeriu que, sendo aquela medida de coacção uma ordem judicial, uma vez que não seja cumprida incorresse o arguido em crime de desobediência (o que, para além de o sujeitar ao agravamento da medida de coacção decorrente da Lei Processual Penal (artigo 203º do CPP), faria com que fosse julgado em processo sumário por crime de desobediência).
Num dos casos, a vítima foi, por várias vezes, perseguida durante o decurso do Inquérito, e teve de mudar de local de trabalho e de casa abrigo. Também aqui a nova Lei n.º 112/2009 de 16 de Setembro poderá trazer novas boas práticas até aqui não verificadas. Nos termos do art. 31º, o Tribunal deve ponderar a aplicação, após a constituição de arguido por crime de violência doméstica, de uma medida de coacção de entre as elencadas no próprio artigo 31º ou no CPP, no prazo máximo de 48 horas.
10º Da denúncia à constituição de arguido, passaram-se, em média, 90 dias. Uma correcta aplicação do artigo 31º da Lei n.º 112/2009 vai certamente resolver esta dificuldade encontrada na promoção de medidas de coacção antes da dedução da acusação.
11º Apoio judiciário: em apenas 2 dos casos não foi requerido pela vítima, que optou por não se constituir assistente. Nalguns processos, o requerimento de apoio judiciário ainda era feito ao abrigo da antiga lei de acesso ao direito e aos tribunais, tendo a mulher tido a possibilidade de escolher a sua/seu defensora/ defensor oficiosa/oficioso.
12º Intervenção das forças policiais: regista-se um bom trabalho na fase inicial do Inquérito, com a detenção em flagrante delito e fora de flagrante delito e com a possibilidade de a vítima poder regressar a casa na companhia da Polícia para recolher bens pessoais. Na maioria dos casos analisados, a vítima apresenta a denúncia nas instalações da força policial que está mais próxima de sua casa, poucas horas depois de ter sido, mais uma vez. agredida em sua casa.
A Lei n.º 112/ 2009 veio, no artigo 21º, legitimar aquilo que as autoridades policiais já faziam em relação a esta matéria: apreender esses objectos pessoais e devolvê-los à vítima.
Em nenhum dos casos houve detenção do arguido em flagrante delito. Também aqui a nova Lei n.º 112/2009, traz novidades. O art.º 30º permite que seja efectuada detenção fora de flagrante delito por crime de violência doméstica, através de mandado do Juiz ou do Ministério Público, se houver perigo de continuação de actividade criminosa ou se tal se mostrar imprescindível à protecção da vítima. E abre, ainda, a possibilidade de as próprias autoridades policiais ordenarem essa detenção fora de flagrante delito por iniciativa própria em determinados condicionalismos (n.º 3 do art. 30º).
13º Acusação: foi deduzida ou por crime de maus tratos/violência doméstica (15 casos), ou por homicídio na forma tentada (1 caso), ou por ofensas à integridade física simples (2 casos). Em 2 casos houve arquivamento dos Autos e não foi interposto recurso hierárquico. E, em nenhum dos casos analisados, houve recurso hierárquico da decisão de arquivamento quanto a outros crimes sobre os quais incidiu o inquérito (violação, tentativa de violação, num caso; maus tratos, num outro) ou quanto ao requerimento de abertura de instrução para acusação sobre esses crimes. Em apenas 2 casos foi requerida a abertura de Instrução, sendo que, num deles, foi requerida pelo arguido.
Apenas num caso, dos 20, foi deduzida acusação particular pelo crime de injúrias e, apenas em 5, a vítima deduziu pedido de indemnização civil pelos danos sofridos (danos patrimoniais e não patrimoniais) e, num caso, o pedido de indemnização civil foi requerido pela Segurança Social, para se ressarcir das despesas que teve de suportar com os dias de baixa por doença que a vítima teve de requerer.
O relatório completo consta do site http://www.apmj.pt/, que é um precioso "instrumento de trabalho" para os advogados e juristas que lidam com estas matérias. Finalmente, o direito penal olha para este tipo de crimes com olhos de ver, sem mergulhar a cabeça na areia. Espera-se, dos advogados e juizes, a sensibilidade para olhar para a frente e de frente para o problema. Dá-se aos agredidos uma réstea de esperança e de fé no sistema. E a questão é demasiado séria para os desapontar.

A procissão dos fariseus!



A propósito da "Face Oculta", fica o comunicado do PGR, a 15-Nov-2009.
Adaptado ao relevante.
"Na sequela da divulgação pela Comunicação Social de "notícias provenientes de várias fontes sobre as escutas ocorridas no processo conhecido como "Face Oculta" e tendo em conta a contínua violação do segredo de justiça e o alarme social que esta situação está a causar", entendeu o PGR que ficasse esclarecido o seguinte:
1º A 26 de Junho e 3 de Julho a PGR recebeu duas certidões remetidas pelo DIAP, de Aveiro, entregues pelo Procurador-Geral Distrital de Coimbra e extraídas do processo "Face Oculta", anexando 23 CD's, contendo escutas;
2º Em 6 das escutas transcritas intervinha o Primeiro-Ministro;
3º No despacho do Procurador Coordenador do DIAP de Aveiro e no despacho do Juiz de Instrução Criminal sustentava-se que existiam indícios da prática de um crime de atentado ao Estado de Direito;
4º Após cuidada análise das certidões, o PGR, a 23 de Julho, apesar de considerar que não existiam indícios probatórios que levassem à instauração de procedimento criminal, remeteu ao Presidente do Supremo Tribunal de Justiça as certidões em causa, suscitando a questão da validade dos actos processuais relativos à intercepção, gravação e transcrição das referidas seis conversações/comunicações em causa;
5º A 4 de Agosto foram entregues ao Presidente do STJ essas certidões e os CD's;
6º Por despacho de 3 de Setembro de 2009, o Presidente do STJ, no exercício de competência própria e exclusiva, julgou nulo o despacho do Juiz de Instrução Criminal que autorizou e validou a extracção de cópias das gravações relativas aos produtos em causa e não validou a gravação e transcrição de tais produtos, ordenando a destruição de todos os suportes a eles respeitantes;
7º A 24 de Julho, foram recebidas mais 2 certidões acompanhadas de 10 CD's, a 10 de Setembro mais 2 certidões acompanhadas de 5 CD's, a 9 de Outubro 1 certidão com 2 CD's e a 2 de Novembro outra certidão;
8º A 2 de Novembro foram recebidas mais 4 certidões, acompanhadas de 146 CD's;
9º Por despacho de 30 de Outubro, o PGR enviou ao Procurador-Geral Distrital de Coimbra um despacho em que:
a) Se solicitava a remessa de informações e elementos complementares em relação às certidões recebidas;
b) Se remetia certidão da decisão do Presidente do STJ, solicitando-se a promoção de diligências para o cumprimento do despacho por ele proferido;
10º Em 13 de Novembro, pelas 18h 30m, o Procurador-Geral Distrital de Coimbra entregou pessoalmente ao PGR os elementos solicitados;
11º Esses elementos complementares contêm relatórios de 146 conversações/comunicações, sendo que 5 respeitam ao Primeiro-Ministro;
12º Após análise global será, até ao fim da próxima semana, proferida uma decisão;
13º Saliente-se que, contrariamente ao que alguma comunicação social tem noticiado, seguiram-se todos os procedimentos normais, sem qualquer demora (como se vê das datas referidas), e que entre o PGR e o Presidente do STJ existiu completa concordância no que respeita ao caso concreto;
14º O PGR reafirma, tal como sempre o fez, que ninguém, designadamente políticos, poderá ser beneficiado em função do cargo que ocupa, como não poderá ser prejudicado em função desse mesmo cargo, devendo a lei ser aplicada de forma igual para todos."
O despacho vem de Lisboa, proferido a 14 de Novembro de 2009 e é assinado pelo Procurador-Geral da República, Fernando José Matos Pinto Monteiro.
Cabe agora perguntar: Ainda agora vai a procissão no adro ou já teve fim a procissão dos fariseus?

As elites (as supostas elites)!


O J.A.Saraiva teve um dos seus laivos de lucidez que adjudico desde já.
Pergunta ele: Onde estão as elites? Refere-se ele à elite política.
E parte de um princípio profundamente lógico.
Única questão.
Tendo em conta que a evolução e o desenvolvimento dos países depende da capacidade dos homens que os lideram, dos que se posicionam em situação de influência nos sectores vitais da sociedade.
E quando falamos em capacidade fala-se em gente capaz, séria, competente e empreendedora (não a gente que recorre à fraude, à corrupção, à usura para alcançar os objectivos!).
E aí vem, de novo, a pergunta: Onde estão as elites?
Isto porque é sabido que, em várias áreas-chave, estamos cheios de gente que, pura e simplesmente ... não presta.
Vejamos, acompanhando o J.A.Saraiva.
Quanto ao ensino. No tempo de Salazar (de que aliás a minha família não tem qualquer boa memória!) não havia universidades privadas (excepção para a Católica, fundada em 1968, com um estatuto (já então!) especial). Depois do 25 de Abril, uma das reivindicações dos liberais foi a criação de universidades privadas, que se multiplicaram numa quantidade reprodutiva apenas igualável aos ... coelhos: Lusíada, Independente, Lusófona, Internacional, Atlântica, Moderna... Anos volvidos, eis os escândalos, também multiplicados em ... cadeia (a Moderna, a Independente, a Internacional) e, aparentemente, a primazia de um ideal - o negócio (às vezes, o negócio fraudulento).
Na banca, uma história semelhante. Antes do 25 de Abril podiam fundar-se bancos privados "embora sob a vigilância próxima do Estado (e o olhar atento de Salazar)", o que não impediu "casos" como o da herança Sommer e os conflitos com Cupertino de Miranda. Passado o período revolucionário, a banca portuguesa adquiriu novo fôlego, com as reprivatizações dos bancos (BPA, Totta, Espírito Santo) e a criação de bancos novos (BCP, BPI e outros), as aquisições e fusões em série, e estalou o escândalo do BCP (de contornos mal definidos, uma zanga entre accionistas que destapou situações que, noutras circunstâncias, seriam inconsequentes), seguido do escândalo do BPN e a este o do BPP. Em suma, escândalos que cataduparam toda a área para a suspeita. (Como sucedeu nas universidades, em que só as públicas e a Católica não passaram a ser olhadas com desconfiança, na banca, só a Caixa Geral de Depósitos não foi afectada pela hecatombe!).
Veja-se por cúmulo o futebol, sempre uma área difusa, dominada por interesses privados, acompanhada de perto pelo anterior regime. O Benfica, com o evidente apoio estatal (Salazar não deixou Eusébio emigrar!), o Sporting integrava figuras gradas do regime (o Belenenses tinha Américo Thomaz como adepto e presidente honorário). O 25 de Abril até aqui mais uma revolução, ‘completada' mais tarde por Pinto da Costa, que transfere o centro de gravidade clubístico de Lisboa para o Porto. Tal como nas duas áreas anteriores, depois de o futebol ter sido entregue a si próprio logo se começou a falar de escândalos. Do Apito Dourado, até pesadelos "justiceiros" com árbitros, dirigentes e presidentes de Câmara (José Guímaro, Pimenta Machado, Valentim Loureiro, Fátima Felgueiras, José Eduardo Simões ...).
Três sectores que fugiram ao controlo/tutela do Estado, com a sociedade civil em livre trânsito, e o resultado à vista: o descalabro (corrupção, fraudes financeiras, gestão ruinosa, associações criminosas, fugas ao fisco ...).
E isto já diz muito (ou tudo!) sobra as nossas elites (ou a falta delas!).
Em duas áreas de referência social - a universidade e a banca - e na que desencadeia maiores paixões e arrasta multidões - o futebol -, os dirigentes (ou seja, as supostas elites) falharam rotundamente.
E é este o aspecto mais preocupante da sociedade portuguesa.
Os países podem ter melhores ou piores Governos, mas só podem desenvolver-se sobre a aurea das elites (das boas elites). E, por "elites" entendemos tãosomente "gente capaz, séria, competente e empreendedora".
Aqui está o grande problema: se os portugueses funcionam bem quando estão lá fora, por que não rendem o mesmo aqui? Porque não existem elites que estimulem os cidadãos e aproveitem as potencialidades do país. Mas, estou certa que existem pessoas capazes, sérias e empreendedoras, só que existe também muita gentinha com medo de as descobrir, de as chamar à chefia, à liderança, porque as pessoas capazes de criar e sedimentar essa elite são uma ameaça aos que pretendem fazer parte - e muitos fazem parte mesmo - de uma suposta elite, que nada vale, que nada vê, que nada melhora ou desenvolve. Limita-se simplesmente a empatar o crescimento dos que podem integrar uma nova elite, por sobrevivência, porque no dia em que essa tome a liderança deste país, não haverá mais espaço para a "elite" actual.
O que é bom para o país, mas muito mau para as "ditas" elites de hoje.

Presentes (envenenados) da Justiça!



A propósito das mais recentes críticas ao Governo por parte da dita "oposição", e fico-me pelo "dita", porque infelizmente nem reúne créditos para tal, vejamos mais um "incidente" da magistratura (ou será um "acidente"?!).
Parece que estão unânimes os magistrados em se congratular com a sentença de um tribunal de l.a instância de Ponta Delgada, de 3 de Abril do corrente ano e confirmada, há dias (interpretando-a estes como um presente de Natal!), pelo Tribunal da Relação de Lisboa.
Tudo por causa do artigo que o jornalista Estêvão Gago da Câmara escreveu na véspera das eleições legislativas em 2005, no jornal Açoriano Oriental, em que aquele afirma que o então candidato a deputado do PS, Ricardo Rodrigues, “esteve envolvido com um gang internacional na qualidade de advogado, sócio e procurador de uma sociedade off-shore registada algures num paraíso fiscal e de ter sido advogado e sócio de uma mulher que está foragida no estrangeiro, acusada de ter dado um golpe de centenas de milhares de contos à agência da Caixa Geral de Depósitos na Lagoa”.
Para o jornalista Estêvão da Câmara, Ricardo Rodrigues não se devia, por isto, candidatar a deputado. Vai daí que o actual vice-líder da bancada parlamentar, Ricardo Rodrigues não gostou do texto e queixou-se criminalmente do jornalista, por entender que o jornalista questionara, com aquela atitude, a sua honra cometendo um crime de difamação.
Estêvão Gago defendeu-se pedindo que um juiz de instrução, face à prova produzida, não o sujeitasse a julgamento, proferindo o chamado despacho de não pronúncia, porque, no seu entender, "o seu texto tinha, para além da componente opinativa, uma componente factual que, embora podendo tocar na honra do queixoso, nem por isso deixava de ser legítima porque estava protegida pela liberdade de expressão, um direito constitucional que importa particularmente salvaguardar quando estão em causa afirmações que relevam do escrutínio dos titulares do poder político/público."
O juiz Pedro Soares de Albergaria encontrou um nexo de causalidade entre os juízos de valor tecidos pelo jornalista e o "tom da peça jornalística": “Nesta, o arguido exprime um juízo negativo sobre a posição político-partidária do assistente (`não deveria nunca ter enveredado pela actividade política’; ‘o seu regresso é uma insistência no erro’; `ao optar por não reintegrar o assistente (…) quis o destino e as circunstâncias que (…) nascesse um `caso’ nacional da política açoriana’, etc.) e esse é, na verdade, o valor comunicativo-jornalístico aparente daquela peça.” As opiniões (não lhes chamaria tal porque não são atitudes pessoais, mas sim atitudes públicas, e as meras opiniões são pessoais) do jornalista estariam apoiadas em imputações de facto, tais como “esteve envolvido com um gang internacional na qualidade de advogado, sócio e procurador de uma sociedade off shore registada algures num paraíso fiscal”; “advogado/sócio de uma mulher que está foragida no estrangeiro, acusada de `ter dado o golpe de centenas de milhar de contos”‘, e eram estas afirmações que permitiriam imputar ao assistente Ricardo Rodrigues comportamentos indignos ou desonrosos.
Havia, então, que apurar se existiam causas que legitimassem o texto do jornalista, isto é, se o interesse do mesmo era legítimo e se eram verdadeiros os factos em causa ou se, pelo menos, o jornalista tinha razões para, de boa-fé, os tomar como verdadeiros.
Ao contrário, no entender daquele magistrado, “a notoriedade política do assistente, a relevância dos cargos que ocupara (antigo governante regional), a sua actividade político-partidária, incluída a condição de candidato a deputado que então tinha e, finalmente, a circunstância de ter sido investigado e arguido num processo em que se apreciaram crimes de associação criminosa, infidelidade, burla qualificada e falsificação de documentos, entre outros; e bem assim, que o assistente fora além disso advogado daquela que nesse processo foi principal arguida (ao tempo foragida e mais tarde julgada em processo separado com condenação por crimes continuados de burla qualificada e falsificação de documentos)”, consubstanciavam matéria relevante "do ponto de vista jornalístico e à luz da função da imprensa numa sociedade livre". Ou seja, as “apreciações sobre a oportunidade e valor do percurso político percorrido e então a percorrer pelo assistente”. Já quanto à veracidade das afirmações do jornalista, a questão foi mais complexa: Ricardo Rodrigues, embora tivesse sido constituído arguido no processo criminal em causa, não chegara a ser acusado pelo Ministério Público, que arquivou o processo quanto a si.
Questão fundamental: Como interpretar as afirmações do jornalista de que o político tinha estado envolvido com um gang internacional? Iriam ou não, para além do que podia, de boa-fé, afirmar?Segundo o juiz Pedro Soares de Albergaria, naquele processo criminal, o M.° P.º tinha referido expressamente que, sobre Ricardo Rodrigues, tinham recaído “suspeitas de envolvimento na factualidade ilícita que trata os autos”, pelo que, o jornalista não tinha ido além do que já ficara afirmado pelo M.°P.°, donde, não teve dúvidas de que o texto de Estêvão Gago estava protegido pela liberdade de expressão pelo que proferiu despacho de não pronúncia.
E de tudo isto, retiram os seus colegas (alguns, óbvio) a conclusão de que esta é "Uma decisão que, embora proferida em Abril, podemos considerar um presente de Natal."
Lamento, mas discordo profundamente.
Já devíamos estar fartos, a esta hora, dos caprichos e devaneios exercitados a bel-prazer pelos senhores jornalistas, com graves repercussões ao nível pessoal e público na vida de quem faz política. Primeiro, porque não pertencem todos ao mesmo saco. Segundo, porque o grau de exposição é cada vez mais acentuado, e isso parece afastar - curiosamente - não os malfeitores, mas os que não o são (até porque em relação aos outros, as coisas são como são ...).
A democracia deveria ter já atingido um confortável nível de respeito e de exercício do direito de cidadania que delimitasse (não limitasse!) a possibilidade de se ferir o próximo sem um elevado grau de probabilidade na acusação e contemporizando a aplicação de sanções a quem, independentemente da sua actividade ser a jornalística ou outra, exorbita a boa-fé.
Portanto, esta decisão já - ironicamente - ou não? - de Abril não é um bom presente. Nem sequer é um presente. Muito menos de Natal.
A não ser que nestes se incluam "presentes" envenenados!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Inteligência emocional e a arte de (bem) gerir pessoas



Arménio Rego é Professor da Universidade de Aveiro. E é simplesmente brilhante.
Devíamo-lo seguir fervorosamente.
Já vi tanta gente incrivelmente genial a tropeçar na vida porque são useiros na falta de diplomacia, na falta de tacto, na grosseria e na sobranceria. E ficam pelo caminho.
Outros, nem por isso assim tão inteligentes "sabem lidar" com os outros e isso é uma mais valia preciosa, sobretudo para quem aspira a ser líder.
É óbvio que a facilidade de criar empatias, de gerar simpatias, é mais um dom, um talento, mas tem muito de trabalho, de aplicação e de disciplina também.
Aproveitando o slogan budista de que não se "dá murros em ponta de faca", essa arte de bem conviver é uma falha de muito gente que conheço e que, embora brilhante, fica sempre, constantemente, na sombra, porque são inveterados, incuráveis, trapalhões sociais.
Vejamos porque acho que o Arménio os pode ajudar.
Explica ele a importância da inteligência emocional (IE).
Trata-se de uma capacidade, uma habilidade até, para conciliar emoções e razão: "usar as emoções para facilitar a razão, e raciocinar inteligentemente acerca das emoções." Implica que tenhamos consciência das nossas próprias emoções e das dos outros, que sejamos empáticos, que conheçamos as causas e as consequências das emoções, que saibamos reparar os estados de espírito negativos e, finalmente, que nos empenhemos a gerir todas essas emoções.
Goleman sugere que quase 90% das competências necessárias para o sucesso da liderança são de natureza emocional e social. E não sendo uma evidência científica, há fortes razões para acreditar que a IE pode ser um valioso contributo para a nossa vida.
Diz-se que os líderes emocionalmente inteligentes denotam várias capacidades:
- Sintonizam as emoções dos outros e isso motiva-os.
- Articulam a sua visão para uma organização mobilizadora dos talentos.
- Desenvolvem relações interpessoais dentro e fora da organização.
- Fomentam a criatividade dos colaboradores, compelindo à inovação.
- Reparam estados de espírito negativos, tornam-se mais perseverantes e corajosos.
- Captam as emoções "em redor", o que os habilita a escolher os momentos apropriados para tomar decisões.
Os líderes com elevados níveis de IE criam climas que geram partilha, confiança, níveis saudáveis de tomada de risco e uma (sede de) aprendizagem contínua, ao contrário dos que os não têm, que provocam medo, ansiedade, inibição de arriscar, resistência à partilha de conhecimentos e experiência.
Um líder sob estados de espírito positivos contagia os que o rodeiam e estes passam a encarar as envolventes mais positivamente. Como uma "espécie de liderança ressonante".
Se aliarmos à IE características como a integridade e as competências técnicas e conceptuais, temos um lider "em cheio".
Na nossa Administração Pública, ao invés do que acabo de dizer, a IE é pior do que a peste. Todos fogem dos que a têm e pobre de quem a tem. Num espaço onde a incompetência grassa, a sensibilidade emocional é uma enorme tragédia. Porque a primeira potencia a insegurança e esta um alheamento para o que as circunstâncias endógenas afectivas do grupo.
Infelizmente, também há gente inábil no sector provado. Igualmente porque também gente incompetente e insegura.
Poucos são os que percebem que gerir recursos humanos é gerir afectos, almas e corações. E por isso não os gerem, suportam-nos.
Se a IE pode ser aprendida ou apreendida é algo que se desconhece, mas existem já algumas conclusões interessantes.
Sabe-se que a IE tem uma componente genética, mas sabe-se também que uma adequada formação "conta". Se a formação for fundamentalmente expositiva pode ser pouco eficaz, porque se focaliza na parte errada do cérebro. Há que direccionar a sua fulcralidade para o sistema límbico - induzindo motivação no indivíduo para mudar, impelindo-o a praticar, proporcionando-lhe feedback, levando-o a observar actuações empáticas de outras pessoas. Outra condição é ter mesmo um sincero desejo de mudar e tomar a IE a peito.
De todos o modo, seria bom que treinássemos e investíssemos nesta parte menosprezada da nossa formação. Até porque se os líderes devem ser emocionalmente inteligentes, o certo é que "os colaboradores também precisam de saber gerir os seus líderes."

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Sardinhas com chantilly

Confesso que não sou admiradora literária da Margarida Rebelo Pinto, mas admito que, de vez em quando, lhe passam laivos de uma lucidez devastadora e com os quais me ponho já em lógica de acordo. A propósito da minha tendência para ter amigos, no masculino, e poucos, no feminino, parece que afinal o mesmo ocorre com ela e que é tendencialmente mais comum. Vou conhecendo mais umas quantas que mantém "uma espécie de harém casto que é gerido com sabedoria e amizade." Mas isto só acontece com determinado tipo de mulheres. Geralmente independentes, pouco feitas à duplicidade das práticas conjugais e resistentes a impulsos e jugos masculinos. Têm uma vida profissional cheia e são pouco dadas à vocação doméstica. O harém inclui relações antigas que se foram convertendo em amizades, fraternidades e cumplicidades que nunca pisaram o risco interfronteiriço entre os sexos.
E porque será que vamos preferindo ter amigos homens? Primeiro, porque, ao contrário do que acontece com os homens," têm mais dificuldade em encontrar um grupo coeso, a irmandade da qual os homens tanto se orgulham."
Somos, ao contrário do que se diz e pensa, mais individualistas e mais competitivas em termos afectivos do que os homens, e, por isso, acabamos por sentir mais a solidão. Os homens operam pela lógica de grupo, estão mais habituados à convivência (a jogar/a ver futebol), movimentam-se em bandos e, mesmo depois constituirem família, escapam com frequência para se juntarem, de novo, à manada - o seu porto seguro. As mulheres-mães, quando os filhos chegam, arrogam o (estúpido) mito de que são melhores do que os pais, abdicam do passado, das velhas amigas e reduzem-se a esse papel. Mas é uma pena que desconheçam a importância de ter amigos-homens, tipos com quem se mantém "uma amizade límpida e reparadora. Alguém que nos conhece bem, a quem não precisamos de fazer charme, que já nos viu chorar algumas vezes, que partilha as nossas vitórias e nos oferece ombro e companhia nos momentos mais áridos das nossas vidas." E enquanto os homens procuram o conforto em conversas curtas, ali algures entre a quarta e a quinta imperial, as mulheres preferem muitas vezes uma companhia masculina que lhes explique como funciona o cérebro masculino e nos faz sentir interessantes e atraentes, sem nos porem a mão na perna. "Os bons amigos homens são tão importantes na vida de uma mulher como um bom advogado, um bom contabilista ou um bom cabeleireiro. Sem eles, a nossa vida seria infinitamente mais difícil. Mas para que essa amizade não se estrague, há que separar as águas e deixar o sexo de fora." Acredito em sólidas e perpetuáveis amizades - a preto e branco - e não caio em modas de "amizades coloridas." Confesso que acho que "o tempo tende a esbater as cores" e que "há misturas que acabam quase sempre por correr mal." "É tão arriscado como experimentar sardinhas com chantilly." Diz. Parece-me bem a analogia. Até porque bem pode ser uma questão de fel-mel, ou amargo-doce.

Os 85 anos do Mário!

Concordo com o Miguel Sousa Tavares.
Na Quinta-feira, 17 de Dez, diz-nos que leu a entrevista de Mário Soares.
Este Velho do Restelo (creiam-me no melhor dos sentidos!) fez 85 anos.
Não o conheço. Aliás, da família, conheço a Olímpia, a sua (primeira) nora - de quem gosto muito, faço questão de deizar claro.
Mas voltando ao Miguel.
Admito, como ele, que Soares é único (embora tenha um fraquinho pelo Alegre, porque é poeta, um bom homem, e porque sim), que "teve uma vida fascinante e é um notável contador de histórias.", porque "mantém, intactas, essa fabulosa alegria de viver, curiosidade e optimismo que só encontramos em raros homens do poder", como Churchill.
Olhando o percurso político, a vida, e a coerência das ideias do Mário e a - "grande verdade é que ele destoa no oceano de mediocridade envolvente."
Soares é um "homem com um pacto de vida jamais traído com a liberdade - coisa tão rara em terra onde a liberdade sempre foi tão pouco estimada."
E vai que nos pomos a ler a entrevista e a ver os posts dos leitores. Chovem insultos, calúnias reaccionárias, mistura explosiva de ódio e de muita inveja.
E não posso deixar de concordar com o Miguel, gente assim, com tanto desprezo à flor da pele, "arrepiam de nojo. Que gente é esta? Que nação é esta que produz gente assim? Que, pela frente, calam, obedecem e curvam a espinha, e, por trás caluniam, insultam, inventam, e vomitam até à náusea essa tão antiga e fatal característica portuguesa: a inveja. Mais uma vez me convenço de que esse território do anonimato e da impunidade dos blogues e redes sociais foi inventado como uma luva para satisfazer a insaciável frustração desta gente. A inveja e a cobardia escorrem por ali como o mel em terra prometida. Pois que morram de indigestão de tanto prazer solitário!"
Temos dito!

Lisboa mais bonita - vista por um inglês!

O meu amigo Alexander Ellis, embaixador britânico, tem uma visão sobre as Dez coisas que melhoraram em Portugal nos últimos 15 anos.
Os portugueses são tão pessimistas que nem isso vêem. Acompanhemo-lo.Mortalidade nas estradas; as estatísticas não mentem - o número de mortes passou de 2000 em 1993 para 776 em 2008. O vinho; já era bom. Agora há mais variedade e inovação, mais oferta, experiências agradáveis e premiados. O mesmo aconteceu com o azeite. O mar; Lisboa, em 1994, era uma cidade de costas para o mar; poucos restaurantes e bares com vista para o mar. Hoje, esplanadas e surfistas por toda a parte. A zona da Expo; era horrível em 1994, só poluição, e ruínas de velhas instalações petrolíferas. Agora é uma zona urbana, cheia de museus e edifícios culturais, ciência e ... bares. Boa cerveja (aliás com o único bar que faz degustação de cervejas). A saúde; traduzido no aumento da esperança de vida, de cerca de 74 em 1993 para 78 anos em 2008. Os parques naturais; do Gerês a Monserrate ; mais limpo, melhor sinalizado, mais agradável. O cheiro. Menos fumo e com a probabilidade de a roupa ainda ter cheiro a perfume francês ado fim do dia. A inovação; com algumas das empresas mais importantes a investir no Reino Unido ; altíssima tecnologia, quadros dinâmicos e - o mais importante de tudo - vão sem medo. O metro de Lisboa. Mais limpo, rápido e acessível. E com estações mais bonitas (compare-se com as de Londres). As cores; Portugal tem e sempre teve cores naturais bonitas. Mas a minha memória de 1994 era o aspecto visual bastante cinzento das cidades, desde a roupa até aos carros. "Hoje há mais alegria - recordo um português que me disse, talvez com tristeza, que o país estava a tornar-se mais tropical. Em termos de imagem, parece-me um elogio!"

Não é bom ter amigos fantásticos?!

Esquemas e intrigas - autoria e co-autoria

A Presidência da República afirmou domingo que o relacionamento entre o chefe de Estado, Cavaco Silva, e o primeiro-ministro, José Sócrates, é do domínio do reservado e «não alimenta intrigas montadas para desviar as atenções».
Ou seja, Cavaco Silva «não alimenta intrigas montadas».
Vejamos o que há de verdade nisto.
Tudo a propósito da ausência de Sócrates na cerimónia de posse dos conselheiros de Estado, na quarta.O que deu (voltou a dar) origem a grandes especulações.
Uns dizem (Diário Económico, de sexta-feira) que se sentia o «incómodo de Belém» por o Primeiro ter «trocado uma reunião de Estado por uma reunião partidária», informando «poucas horas antes» o Presidente da República.
Depois (Expresso, de sábado), reiterava-se o «desagrado» do PR.
Parece que isso não foi verdade, e veio o gabinete do Primeiro dizer que este «Simplesmente» não conseguiu chegar a tempo. Em São Bento (DN), diz-se que Sócrates terá sugerido o adiamento por umas horas do encontro a dois [com Cavaco Silva], o que não terá sido possível por a agenda do PR não o permitir.
Uma coisa é certa. O PR não alimenta "esquemas" montados por outros, até porque já provou que é suficientemente inteligente para montar os seus.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

O juiz decide ... rápido, se faz favor!

Meus caros, eis-me a falar-vos sobre a responsabilidade civil dos magistrados.
Aproveito as palavras de alguém que admiro e tempero-as como me aprouve.
Diz-se que, actualmente, ".. sempre que um juiz decide um caso relevante (ou com pessoas influentes) está a colocar em risco a sua casa, o carro, o colégio dos filhos e a sua tranquilidade. À dificuldade natural da decisão foi acrescentado um ruído desnecessário e eventualmente perturbador da mesma."
Após a entrada em vigor da Lei nº 67/2007, o juiz pode ver-se constrangido ao dever de indemnizar alguém (que "acusou") porque haverá gente que entende que ele cometeu um erro grave, que a solução podia ser outra - mais justa e adequada.
Se pego no caso, posso arranjar problemas? Quem vou chatear?
(recorde-se: o colégio, o carrito, o T4)
Se "isto é corrupção para acto lícito e já está prescrito?" "... que provas temos?" Se o Professor X acha que não temos, quem sou eu para dizer o contrário? - apesar de até o homem "médio" ver com evidência a necessidade de censura penal de uma determinada conduta?
Num caso judicial, o magistrado não esteve lá, não viu, não ouviu, limita-se às provas "possíveis" - às que lhe chegam às mãos.Imagine-se que "cristaliza" factos acusatórios. Vem o arguido com mil interpretações jurídicas, pareceres de uns e de outros, que, a preço de ouro, defendem que, às vezes, 2 e 2 são mais ou menos 4; quer dizer, admite-se que 2 e 2 sejam 4,3.
Mata-se a trabalhar para contraditar, sobrepõem-se as pilhas de processos, atrasam-se os despachos, estraga as estatísticas.
Independentemente de julgar bem ou mal, o que interessa é que decida rápido e ... bem, seja lá isso o que for, sob pena de, no final, o magistrado se ver a viver "debaixo da ponte.... só porque se armou em herói."
Mesmo que não se saiba para onde se vai, será que quer mesmo ir por aí? (Subscrevendo JOÃO MIGUEL GASPAR O CACHIMBO DE MAGRITTE)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Maria José Nogueira Pinto - a Pierrot

Maria José Nogueira Pinto é uma mulher de classe. Definitivamente. Mas há dias ... em que parece sentir-se "da sua classe" e não simplesmente "de classe".
Habituou-nos à sagacidade, à astúcia, à inteligência nivelada por cima, tudo isto optimizado por uma educação da "mais fina flor". Não nos esqueçamos que a flor, porém, é de estufa! Ninguém a toma por uma rosa selvagem, clandestinamente nascida num qualquer lugarejo. Sabemo-la de "raízes" (independentemente de apelidos e muito menos de questões nobiliárquicas). Mas é uma florzinha sem resistência ao menor golpe de espinho.
Depois de a sabermos objecto de desavendas e dada a suscitar "elevações" de humor(es) na sua bancada e a apoquentar os poderes consolidados do seu partido, vem agora a "florzinha" encher-se de ares de zé-povinho e ser vedeta em São Bento.
Parece que a sua bancada faz pantomínias e que as outras apenas são circences.
Em política, os vernizes estalam com a maior facilidade! E o verniz estalou!
Logo, na primeira audição da Comissão Parlamentar de Saúde - como serão a segunda, a terceira e por aí fora?! - saca da arma do insulto e desce ao cais (do Sodré) beneditino. Saca da arma do insulto (ainda que um mero insultozinho, coisita de nada). O facto de chamar ao deputado socialista Ricardo Gonçalves, "palhaço" nem seria algo de que se falasse, se a Maria José não nos parecesse ultimamente tão ... nervosa.
Minha querida, se a menina - dez anos a mais que eu, note-se - perde a classe, que é feito dos da "sua classe"?!
Se o PP já legitima ensaios de galhardetes ... com o PS, das duas uma: ou quem desdenha quer comprar ou a paixão está num impasse!
Creia, Maria José, que a pantomínia do seu partido nos leva a crer aspirar a um noivado com o circo e que a menina, lascado o verniz, parece mais um pierrot.
Ou mantenha a discrição oriental das pantomínias ou vista de vez o xadrez do dito, deixe que a lágrima lhe caia pelo abaixo e ... desabafe ... chore ... se quiser!
É que o pierrot mais não é que uma figura circense, simplesmente ... triste!
Por mim, apesar de não ser grande apreciadora da arte circense, prefiro ser palhaço um só dia do que pierrot toda a vida.
Não concorda?!

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

RASGOS FEMININOS - AINDA URGEM E SE INSURGEM

Um tema sempre presente. O lugar da mulher na política. Melhor dizendo, o direito à palavra no feminino dentro do mundo político.
E aqui importa reter a imagem da República, lembrando Lisboa, regila, varina, mulher endiabrada, Severa feita som de Fado, este tornado Saudade. Aquela mulher desbravada, desgarrada, de peito entrevisto, entrecoberto, arregaçando a sua força, como da Natureza ela mesma se tratasse.
Que fez a República pelos Direitos da Mulher?
Desafiando a polémica, Carolina Beatriz Ângelo, médica, viúva e “chefe de família”, apresentou-se a votos nas primeiras eleições republicanas a 28 de Maio de 1911, fazendo valer as indefinições (omissões) da Lei. Seguindo a controvérsia provocada, faz-se aprovar, em 1913, a Lei Eleitoral da República, em que, pela primeira vez num texto legislativo, se determina expressamente a relevância do sexo para efeitos ... eleitorais: “são eleitores dos cargos políticos e administrativos todos os cidadãos portugueses do sexo masculino, maiores de 21 anos, ou que completem essa idade até ao termo das operações de recenseamento, que estejam no gozo dos seus direitos civis e políticos, saibam ler e escrever português e residam no território da República Portuguesa”.
Vai que o direito de voto foi dado às mulheres, ainda que precariamente, pela primeira vez, em 1931 sob o patrocínio legislativo do Estado Novo (lei nº 19:694 de 5 de Maio), restringido àquelas com frequência do curso dos Liceus. Em 1934 nas eleições legislativas foram eleitas pela primeira vez mulheres para a assembleia nacional: Domitília Hormizinda Miranda de Carvalho, Maria dos Santos Guardiola e Maria Cândida Pereira.
Era o princípio do fim! O fim do império masculino, aposto na cláusula de masculinidade. quando após o “incidente” Carolina Ângelo se tentou mostrar aos dirigentes da república a necessidade de clarificar algo que até aí lhes parecia por demais evidente: o carácter masculino da política portuguesa. Não que fosse preciso explicar às mulheres o lugar delas, mas já que algumas ousaram levantar a questão, era urgente esclarecê-la e, se possível, dilucidá-la (até apagá-la!). E daí que se aproveitasse a sessão inaugural da Assembleia Constituinte, em 19 de Junho de 1911, para deixar inequivoca e expressa a cláusula de masculinidade para a entrada no parlamento republicano. A partir daí, a legislação subsequente limitou-se a confirmar que as mulheres estavam excluídas do processo político, inibidas de pensar politicamente, ao menos em público.
Eis senão quando, em 1913, a República, talvez por ser mulher, se retrai, e retrocede, retirando o voto aos analfabetos e - no mesmo plano as qualificou - às mulheres.
“A República, na igualdade dos sexos, voltava sobre si mesma e à discriminação da mulher, anjo do lar”. Assim o dizem hoje João Távora e Carlos Bobone.
Mas a alma feminina é feita de rasgos e complexidade que a sintética e paragmática cabeça masculina tem dificuldades de perceber! E vai daí, outra vez, que, em 2010, quasi, as mulheres se insinuam, que esta coisa de ser mulher é muito mais séria do que os homens pensam, no poder, na política, no dinheiro, e, por fim, o tão e maior temido dos campos ancestrais de guerra: o lar! E volvidos uns tantos anos, agora que elas já votam - falta instigá-las a participar, a exporem-se, a desocuparem o segundo plano que tão (in)confortavelmente ocupavam ...
Agora que já a mulher vota, falta-lhe devotar-se à política, não por carreirismo, mas porque lhes cumpre, novamente, mudar. E, porque, para mudar, há que agir, e uma - apenas uma - dessas menifestações de mudança pode ser através da acção política.
Mudar o rumo ancestralmente traçado pelo masculino e elevar as vozes femininas ao púlpito de São Bento.
Rezemos, por isso, Senhor!
Valha-nos a República!

domingo, 15 de novembro de 2009

"Ouvidos ocultos" ou o regresso do medo ...

O Ricardo Costa publica um artigo no Expresso que demonstra algumas das preocupações que assaltam o cidadão comum.
Chamou ao artigo "Ouvido Oculto" e acho que fez muito bem.
Da minha actividade de consultora resultam alguns contactos mais ou menos próximos com gente mais ou menos conhecida da arena política, social e económica.
Recordar-se-ão de vos dizer que, por força da minha actividade, estou, pelo menos, dois dias por semana, no Teatro Nacional de São Carlos e na Companhia Nacional de Bailado e é um oásis. Entre cenários - prepara-se agora a "Bela Adormecida" e o cenário é lindo - veludos, adamascados, sedas, cetins, mil cores espalhadas pelas ante-camaras (sobretudo a das costureiras) e canto após canto preparado intermitentemente, toca o telefone e ... não atendo!
Ficou-me o trauma destes "ouvidos ocultos" quando era auditora do Tribunal de Contas ...
Não atendo porque constato que parte dos meus conhecidos está atingido pelo trauma do "não falo", "não falo agora", "não falo aqui", "não fales"...
Lembro-me quando era pequena de que a minha mãe dizia "as paredes têem ouvidos", eram os tais "ouvidos ocultos".
Tenho amigos que já não falam ao telefone, outros que falam em código,com receio de, por estarem em linha cruzada (linha de fogo) com amigos "no Poder", verem desmanteladas as suas vidas de um momento para o outro.
E falo obviamente das suas vidas pessoais!
Explico, acompanhando o Ricardo Costa.
"Passou apenas uma semana para se confirmar o óbvio: se Armando Vara esteve sob escuta meses a fio, então o primeiro-ministro também foi escutado meses a fio. É bom que a Justiça saiba lidar com o que tem em mãos."
E, agora, explica o Ricardo: é que Armando Vara não é apenas vice-presidente do maior banco privado do país, ex-ministro e ex-dirigente do PS, é também é um dos melhores amigos de José Sócrates.
José Sócrates confirmou ser um amigo do peito.
Quando Vara saíu do Governo em 2000, corrido por Jorge Sampaio, Sócrates ficou ao lado do amigo. Era seu amigo, continuou seu amigo.
Foi um daqueles episódios tristes em que descreio da política e só fico a desejar enfiar-me na minha quinta, a criar cães, e a brincar de dona de cavalos com o Zé - eu, cães, cavalos, terra ... cheiro a terra.
Voltando a Sócrates, podia ser como alguns dos que julgamos amigos e que promovidos a uma coisita de nada, só falta dizer que nem se recordam de onde nos conhecem, se é que não dirão mesmo que não nos conhecem de todo. Acreditem, já me aconteceu!
Mas não, Sócrates, acreditando que a vida é redonda, aguardou.
Depois daquele episódio de treta que marcou Guterres, Vara e Sócrates para sempre. Guterres porque percebeu que a sua força política estava "de finados", sai um ano depois. Vara julgou que a sua carreira política tinha acabado. Sócrates impávido ficou de assistente, limitou-se a espectador, e expectante, ao chegar ao poder, tratou de reparar a injustiça, agindo não contra o autor da desfeita, mas em prol do injustiçado,e promove Vara na Caixa Geral de Depósitos.
Por um amigo destes, todos dobramos os sinos!
Seguiu-se a ida para o BCP. A partir desse dia, Vara, "O amigo" assume a presidência e inevitavelmente, a mesquinhez - qualidade intrínseca a quem é pequeno de espírito e de alma - toma conta das mentes mais torpes deste país.
Independentemente da razoabilidade, da proporcionalidade, das medidas tomadas pela PJ, assistir de poltrona a escutas judiciais que envolvem dois amigos de sempre deve ser um exercício irresístivel para almas daquelas. Amigos como estes não falarão só de negócios - provavelmente nem falarão de negócios, pelo menos ao telefone, que as conversas querem-se lacónicas e curtas - fá-lo-ão depois de um serão, um ou dois Armagnac, um charuto ou cigarrilha e "en passant". Amigos destes terão mais do que falar.
E por isso hoje os nossos amigos falam pouco ao telefone ou não falam de todo.
É que está por comprovar se "o segredo de justiça" resistirá a ser desventrado um destes dias e temos na primeira página de um qualquer jornal - e por contágio, nas primeiras páginas de todos os outros, e na primeira notícia dos órgãos de comunicação falados - algo mais intímo, dito entre dois amigos que confiam um no outro, e que não desconfiaram dos "ouvidos ocultos", insensatez, inocência talvez, mas o que encheu dezenas de cassettes será ouvido por "ouvidos ocultos".
E com esses todos nos começamos a preocupar.
Com (como dizia o Ricardo: a "mais simples e banal conversa."
Resta esperar para testar o profissionalismo dos "ouvidos ocultos", que, não bastasse o Rui Pereira a querer infiltrar "ouvidos ocultos" na máquina do Estado, agora ameaçam a nossa privacidade como se todos fôssemos suspeitos ou amigos de suspeitos.
Oxalá todos tenhamos amigos leais como Sócrates ou bem podemos esquecer os desabafos ao telefone.
É que um qualquer desabafo pode sair-nos muito caro. Melhor para os psicólogos e psicoterapeutas! Deixemos todos de ter amigos e passemos ao divã!
Não concordam? Ah! De preferência que os homens do divã garantam o segredo profissional (melhor que o de Justiça, de preferência, também)!

Um homem faz a diferença!

Num domingo solitário, sentindo-me exilada, renegada, debatendo-me contra moinhos de vento, na procura de um Quixote, dou comigo a pensar que no umbigo da minha pequenez descubro algo de positivo, que anima os outros.
Dedico a amigos incrédulos do mundo e da vida esta ideia fantástica de que, ou porque fomos feitos à imagem de Deus, crendo no Genesis, ou acreditando que Deus mais não é que o sopro conjunto de todas as inteligências vivas sensíveis, um homem diferente fas seguramente a diferença.
Permitam-me a liberdade de enxertos adequados aos desolados.
"SE
Se mantens a calma, quando toda a gente à tua volta já a perdeu e te culpa.
De crer em ti quando todos duvidam de si, e, ainda para esses encontres uma desculpa.
Se esperas e te recusas a desesperar, ou se tendo se tendo sido enganado, não mentes ao mentiroso,
Ou, se sendo odiado, ao ódio te esquivas,
e se não queres, não tentas sequer, parecer bom demais, nem és pretensioso.
Se és capaz de pensar - sem que o pensamento te prenda, e se ainda és capaz de sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se, encontrando a Desgraça e o Triunfo, conseguires,tratar da mesma forma esses dois impostores.
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas em armadilhas as verdades que disseste,
E as coisas, por que deste a vida estraçalhadas,
e refazê-las com o bem pouco que te reste.
Se és capaz de arriscar numa única parada, tudo quanto ganhaste em toda a tua vida.
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,resignado, tornar ao ponto de partida.
De forçar coração, nervos, músculos, tudo,a dar seja o que for que neles ainda existe.
E a persistir assim quando, exausto, contudo,resta a vontade em ti, que ainda te ordena: Persiste!
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes, e, entre Reis, não perder a naturalidade.
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, se a todos podes ser de alguma utilidade.
Se és capaz de dar, segundo por segundo,ao minuto fatal todo valor e brilho.
Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo,
e - o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
(Rudyard Kipling - tradução livre)
Um homem faz a diferença! Como dizia o poeta "É preciso acreditar!"

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Amado entre Elas!


Um enorme e rasgado "Parabéns" a Luís Amado. Dos 7 membros do seu gabinete, nomeados no DR do dia 9 - 6 são mulheres. À excepção do Ministro do Negócio Estrangeiros, Luís Amado, e do chefe de gabinete, Francisco Ribeiro de Menezes, tudo o mais são flores, rosas e margaridas. Um homem entre mulheres!
Um Amado entre Elas! Por mim, não podia concordar mais. Mas, posso fazer um pedido? Não ressuscite o mito das "Santanettes"!

O sorriso de Hillary

Consta que Hillary Clinton não conseguiu disfarçar a surpresa quando o ministro alemão dos Negócios Estrangeiros, Guido Westerwelle, lhe apresentou o ... marido. Foi no passado domingo em Berlim, quando ela e o dito cujo receberam o Prémio da Liberdade na cerimómia do Conselho do Atântico.
Imagine-se se por cá a moda pega! Até para mim solteirissima assumida a coisa é assustadora!
Queixam-se as mulheres de que não há homens interessantes (logo eles, que cada vez cozinham melhor que nós, costuram melhor que nós, decoram melhor que nós, penteiam melhor que nós), ele haver vai havendo, parece que o pior é que se interessam mais uns pelos outros do que por nós.
Seremos nós que estamos a ficar desinteressantes? Por mero acaso, os dois parecem interessantíssimos. E também me parece que a grande parte dos homens interessantes que conheço igualmente se interessam por outros homens interessantes!
Já não me preocupo com amores, óbvio, dessa já desisti, para essa festa já dei. Preocupo-me é com a preservação da espécie. Vai ficando cada vez mais difícil acasalar macho e fêmea porque cada vez parece ser mais difícil considerar natural o que é. AH! O quanto eu daria para ver alguns palermas desta nossa praça politiqueira no papel da Hillary, salvou-se bem da situação, primeiro, porque é mulher, depois, porque é a mulher do Bill e, portanto, já nada a surpreende, terceiro, porque é uma mulher que acompanha os tempos.
E os tempos são mesmo de mudança!

O poder de uma vírgula no sistema judicial português

Achei boa ideia lembrar aqui as histórias que demonstram a importância de uma vírgula. Lembram-se alguns da história que se presume (presunção ilídivel, claro) inverídica, relatada pela já falecida Helena Sanches Osório, que tinha a ver com um ministro, e em que ela afirmava que aquele recebera 120.000 contos para alterar uma vírgula numa lei. O que podia um simples traço - involuntário, até talvez - fazer ou contar? Ora, o que acontecia é a tal vírgula alterava completamente o sentido da lei. O caso ficou famoso e ainda hoje serve de mote a piadas politiqueiras. Uma vírgula. Ele há coisas! Uma simples e insignificante vírgula!
Ainda outro dia se falava de António Preto. Mais alguém que, por uma questão - que se presume, muito se presume, aqui pelas bandas da Justiça - de muita, mesmo muita, sorte, beneficiou com uma vírgula que, malvada seja ou coitada da pobre, se deixou cair no sítio errado. Neste caso, uma vírgula, maldita para uns e bendita para outros, num processo judicial. O seu processo judicial?! Resultado: julgamento adiado sine die. Primeiro, recorde-se, foi suspenso a 27 de Outubro de 2009 (ainda bem, porque a sentença podia não ser a melhor e não calhar a jeito, já que se estava em época de eleições, há tipos com uma sorte!), depois, devia ter arrancado, mas não arrancou, devido a um pedido de anulação do julgamento feito pelos co-arguidos no processo, Virgílio Sobral de Souza e Jorge Silvério. E esse pedido era por causa da tal senhora dona vírgula, que, sem se saber como nem porquê, caíu da caneta para o sítio errado, que era a morada para a notificação dos arguidos.
Por isso maço sempre tanto os meus formandos para que escrevam bom português. Vejam como um qualquer funcionário, absolutamente desatinado com a Língua de Eça, perante a árdua e complexa tarefa de colocar endereços nas notificações, fez mau uso da dita vírgula! Por mim, já que se perdeu de vista a data do julgamento, ao menos podia tentar localizar-se o autor dessa insignificante falha no uso da pontuação e obrigá-lo a frequentar as Novas Oportunidades, para aprender a importância de uma simples vírgula. E já que se fala tanto em evasão fiscal e em sinais exteriores de riqueza, seria interessante que se tivesse certificado a existência de súbitos e recentes sinais exteriores de riqueza. Até porque seria da maior relevância saber quanto custa uma vírgula, para depois estabelecermos um parâmetro para o preço dos pontos finais, dos parágrafos, das aspas, das reticências, dos parêntesis e por aí fora .... Sim, porque, se há tantos anos uma vírgula custou 120.000 contos, hoje deve ser coisa para muito mais. Há quem diga que saíu a sorte grande a António Preto (há que ir a Fátima, homem, que milagres não há todos os dias!), mas estou em crer mais em mãos humanas que em mãos divinas. Vai dai tenho a ideia que se tem seguido a vida do funcionário errante ainda se vinha a descobrir que ele, afinal, não era nenhuma besta, e que até pode ter. agora, uma vida ... bestial. Tudo por causa da santa de uma vírgula, ele há coisas!!!!!
Porreiro, ah?!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Escolha de amizades (selectividade)

Eis como esta senhora não se cansa de nos espantar!
Julgavam-na acabrunhada por causa do vexame eleitoral? Quimeras!
Ora aí está a velha senhora, que, por certo, já influenciada pela idade, pouca memória, tendência para esquecer o inconveniente "a memória selectiva", longe de se lembrar dos mais recentes episódios (Dias Loureiro, António Preto, Helena Lopes da Costa ...) vem erguer-se do pedestal, qual Cardeal Cerejeira do PSD, e acusar, de dedo em riste o Primeiro-Ministro de ser amigo de António Vara.
Seria bom que se lembrasse de quem foi o seu braço direito na campanha, um cavalheiro que dá pelo nome de António Preto.
Em breve histórico de um personagem digno do maior enredo policial, diz-se, por certo mais uma vil mentira, que, nos tempos em que MFL liderava a distrital do partido em Lisboa, pagou as despesas da campanha eleitoral, em 2002, com os €39.956 que recebeu, em notas e moedas "acondicionadas em malas", de um empreiteiro da Amadora, de que não quero citar o nome, não vá presa.
Mas deixo-vos o despacho de encerramento do processo do DCIAP, que é peremptório:'Tais quantias [39 956 euros], em numerário, entregues ao arguido António Preto pelos arguidos Virgílio Sobral Sousa e Jorge Silvério destinaram-se ao pagamento de encargos que o primeiro arguido teve com a sua campanha eleitoral, como candidato à presidência da Comissão Distrital de Lisboa do PSD, incluindo o pagamento, por si, de um número indeterminado de quotas de militantes do PSD que se encontravam em dívida.' Como se sabe, no âmbito deste caso, Preto, Sobral Sousa e Silvério são arguidos e estão acusados de fraude fiscal qualificada. E aguardam o julgamento.
Ora, pode a velha senhora usar como angariador, ama-seca, guarda-costas, mancebo e por aí fora um cavalheiro com tão nobre folha de serviço, já não pode Sócrates dar-se ao luxo de ser amigo de Vara.
A diferença?
Toda.
Sócrates sabe o que faz. MFL ... nem por isso!
Vara é suspeito de aceitar € 10.000 (não vos disse que era um "desconto" impossível para suborno? já os quase €40.000, sim senhor, já enaltecem o magana que com eles se locupteou), Preto, ao que parece, comprovadamente, a julgar pelo despacho, arranjou uns €40.000. Claro que foram direitos para .... sabe-se lá! Diz-se que para o PSD. Será por isso que são melhor empregues, Manelinha.
Foi por estas e por outras que Jorge Lacão veio a terreiro defender o Primeiro, explicando que este «não se considera de alguma maneira vinculado» ao caso Face Oculta. Até porque ela (a Face) continua Oculta!
Disse o ministro dos Assuntos Parlamentares «Ouvimos hoje Manuela Ferreira Leite falar da politização da Justiça, numa tentativa de politizar o funcionamento da Justiça e de condicionar até ao mais alto nível as decisões dos órgãos superiores da Justiça, isso foi totalmente evidente», afirmou.
MFL fez «gravíssimas insinuações», e assim vai empurrando os olhos do povo para fora do PSD, enquanto vai-não-vem os despachos finais acusatórios sobre os seus amigos.
Manelinha, se as pessoas fossem julgadas pelos amigos que têem ... a senhora ficava muito mal na fotografias!
Jorge Lacão explicava que entre Vara e o primeiro-ministro terá havido uma troca de palavras "inteiramente típicas de conversas normais que, numa circunstância, terá tido com um dos seus amigos». Como todos nós, pessoas de bem, faríamos com amigos nossos que fossem vítimas de enredos mal-achados, mal combinádos, mal enredádos,
Não fez Sócrates como é hábito do seu partido que quando algum "camarada" sofre acusações, se não tiveram algo de maior a ganhar com isso, os outros afastam-se como se tivesse lepra (se for um suspeitozinho ... mas se for um homem digno de ser ... suspeito, tudo muda, não é Manela?).
"Jorge Lacão leu uma declaração acusando Manuela Ferreira Leite de ter «insinuado que as decisões da Justiça com relação às escutas envolvendo o primeiro-ministro não são resultado do cumprimento da lei».
«Voltou hoje ao pior da sua tradição como líder do PSD. À baixa política da insinuação e da suspeição», considerou, acrescentando que a líder social-democrata «continua a arrastar o seu partido para os níveis mais baixos de que há memória».
Lacão considerou que Ferreira Leite fez uma «tentativa grosseira de arrastar o senhor primeiro-ministro para justificações públicas em relação a conversas estritamente particulares»."
Defendeu ainda que MFL «não soube compreender o direito de reserva que também assiste a um primeiro-ministro nas suas conversações», o que «é um acto revelador de um desprezo absoluto pelos princípios do Estado de Direito».
«Só pode ter origem numa pessoa que despreza os valores da democracia e do respeito pela lei. De quem já pensou em suspender a democracia por seis meses, não se pode esperar outra coisa», disse."
E disse muito bem.
Manuela, quando a menina se cala tudo fica tão mais fácil para o PSD. Como este partido sofre, meu Deus, entre MFL e PSL, qual deles a maior boca, o maior deboche, o mais desbucado, o mais alarve ... Que bom que é ter olhos que olham mas não vêem, ouvidos que ouvem mas não escutam e puder fazer parte de um partido em que só se canta para cá e para lá (perdoeem-me os que conhecem o carácter alegórico e esotérico da canção!) as pombinhas da Catrina andaram de mão ...
Que as pombinhas são como as malas (as tais cheiinhas) ... voam, voam...
MFL, conclui não tem "autoridade moral» para dar lições de «moralidade pública», porque «não hesitou, por razões de conveniência partidária, em integrar nas listas de candidatos a deputados pessoas sujeitas a acusação formal e processo penal».
Pode não ter autoridade moral ... mas aos velhinhos tudo se permite!
É uma questão de respeito.

Governo contra desgoverno

O ministro dos Assuntos Parlamentares acusou a líder do PSD de querer «condicionar as decisões» dos órgãos superiores de Justiça e recusou que o primeiro-ministro tenha explicações públicas a dar no âmbito do caso Face Oculta. «Ouvimos hoje Manuela Ferreira Leite falar da politização da Justiça, numa tentativa de politizar o funcionamento da Justiça e de condicionar até ao mais alto nível as decisões dos órgãos superiores da Justiça, isso foi totalmente evidente», afirmou. Jorge Lacão defendeu que o primeiro-ministro «não se considera de alguma maneira vinculado a ter que dar explicações relativamente a conversas que, como ele próprio já referiu, são inteiramente típicas de conversas normais que, numa circunstância, terá tido com um dos seus amigos». Respondendo a perguntas dos jornalistas, o governante acrescentou que «o primeiro-ministro nem sabe do que pode estar em causa em relação àquilo que tem vindo na comunicação social» e «respeita as regras de funcionamento da Justiça». JL leu uma declaração acusando MFL de ter «insinuado que as decisões da Justiça com relação às escutas envolvendo o primeiro-ministro não são resultado do cumprimento da lei».
«Voltou hoje ao pior da sua tradição como líder do PSD. À baixa política da insinuação e da suspeição», considerou, acrescentando que a líder social-democrata «continua a arrastar o seu partido para os níveis mais baixos de que há memória». JL considerou que MFL fez uma «tentativa grosseira de arrastar o senhor primeiro-ministro para justificações públicas em relação a conversas estritamente particulares».
É que, meu caro JL, quem não governa, desgoverna!

Ferreira Leite exige que Sócrates esclareça escutas

Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, Ferreira Leite «não soube compreender o direito de reserva que também assiste a um primeiro-ministro nas suas conversações», o que «é um acto revelador de um desprezo absoluto pelos princípios do Estado de Direito».

«Só pode ter origem numa pessoa que despreza os valores da democracia e do respeito pela lei. De quem já pensou em suspender a democracia por seis meses, não se pode esperar outra coisa», disse.

Lacão acrescentou que Ferreira Leite não tem «autoridade moral» para dar lições de «moralidade pública», porque «não hesitou, por razões de conveniência partidária, em integrar nas listas de candidatos a deputados pessoas sujeitas a acusação formal e processo penal».

Para Jorge Lacão, a declaração da líder do PSD só é compreensível «à luz da frustração imposta pela derrota eleitoral» e de alguém que «prossegue uma linha política mesquinha, baseada na suspeição».

domingo, 8 de novembro de 2009

O homem e a palavra MARAVILHOSO!

Há palavras com sexo, ou palavras de um só sexo.
Pense-se na palavra “M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O”.
Pode um heterossexual ser MARAVILHOSO?
Pode usar a palavra MARAVILHOSO?
Diz-se que esta é uma das “palavras reveladoras”. Palavras que por si só dizem muito mais do que um discurso de mil outras. Outra "maravilhosas" serão, por exemplo, "querida”, “Paris”, “jamais”, “divino”.
Para os homens hetero, socialmente, imitando Paula Bobone, deixo um registo do mau emprego da palavra maravilhoso:
Primeiro - Sério! Evite usar a palavra o máximo possível. Evite-a. Fuja dela como de uma ex-mulher ou da sogra ...
Eventuais exceções:
1. Quando se referir a nós, mulheres, e a partes dos nossos corpos, ao relato das nossas proezas, pode dizer. Ex.: “A A. é maravilhosa!”, ou “O corpo da A. é maravilhoso!”, ou ainda “Declama poesia maravilhosamente"!”. Note-se não estava a pensar propriamente nas unhas ou nos cabelos (se não esclarecer bem isto, inverte-se o efeito, por exemplo, se um homem diz, "tem umas unhas maravilhosas", pensa-se: ou é parvo ou "e que mal terá o resto?";
2. Quando se referir a instrumentos musicais. Ex.: “A Fender Stratocaster é maravilhosa!” - esta é divinal, admitam!;
3. Quando se referir a lances desportivos, às jogadas, aos golões, pode dizer: O passe do Ronaldo foi maravilhosa!? Já não fica lá muito bem, pois não?
4. Sábado. Almoço em casa da sogra (esta surte efeito e cria ambiente...). Pode sempre dizer: “Dona Maria, o seu creme de aspargos é maravilhoso!”.
5 – Nunca pronuncie a palavra em questão separando as sílabas e frisando cada uma delas. Nunca diga "A Fernanda é MA-RA-VI-LHO-SA!” ou “Dona Maria, o seu creme de aspargos é MA-RA-VI-LHO-SO!” ou ainda “O passe do Ronaldo foi MA-RA-VI-LHO-SO”
3 – E nunca, em hipótese alguma, use a palavra em questão referindo-se a espécimes humanos do gênero masculino. Exemplos: “O George Clooney é um actor maravilhoso” ou “Tu és um amigo maravilhoso” ou ainda “… um sem fim de exemplos de homens maravilhosos”.
Os homens nasceram impreparados para grandes adjectivações, ou melhor, para adjectivações sensíveis!
O mais perto que tivémos disso ultimamente foi o Mário Lino com o seu "Jamais!" e veja-se no que deu!

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Adeus, Manuel (obrigado por disseres não)

"Foi uma honra ter sido deputado durante 34 anos" - disse Manuel Alegre.
A honra foi toda a nossa! E o desânimo de não ver gente que façam das palavras armas e as lancem em cruzada do púlpito de São Bento, cá para baixo.
Quando teremos de novo alguém que no Parlamento seja capaz de dizer:
"Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça, o vento nada me diz.Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas.Levam sonhos deixam mágoas. Ai rios do meu país! Minha pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz. (...)
Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio -- é tudo o que tem quem vive na servidão.Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados.E o vento não me diz nada. Ninguém diz nada de novo.Vi minha pátria pregada nos braços em cruz do povo.Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar.Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas) vi minha pátria florir (verdes folhas verdes mágoas). Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome.Eu vi-te crucificada nos braços negros da fome.E o vento não me diz nada, só o silêncio persiste.Vi minha pátria parada à beira de um rio triste.Ninguém diz nada de novo se notícias vou pedindo nas mãos vazias do povo vi minha pátria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu país. Peço notícias ao vento e o vento nada me diz. Quatro folhas tem o trevo liberdade quatro sílabas. Não sabem ler é verdade aqueles pra quem eu escrevo.Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não."
Quanta palavra mal dita, maldita, reina naquele convento beneditino! Porém, onde estão os poetas do meu país? Ou no meu país já não há lugar para poetas?
Juro! Sei! Sinto!
Há homens que dizem não, quando o não é para ser dito.
Ainda há poetas no meu país!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Morte e agonia em banho-maria - ou o retrato de um PSD "frito"

Terminada a sangria desatada dos abutres do PSD, liderados pelo Corvo-PSL, finalmente ouviu-se o silêncio. Façam-nos um favor: aprendam a ser oposição, aceitem com humildade a lição que o povo vos deu. Que este já não se ilude com palhaçadas, trapalhadas ... trapaças! Enfim, dos resultados eleitorais Pedro Santana Lopes e Manuela Ferreira Leite devem-nos ... o silêncio. Não fossem narcisistas do mais puro sangue e pedir-lhe-íamos que nos poupassem às suas tristes figuras e dessem como findas as suas aleivosias políticas. O primeiro - tanto lhe pedimos e o avisámos! - dedique-se aos negócios, enriqueça, arranje uma loura e desapareça para uma dessas ilhas soleiras longínquas ... dê um interregno a si mesmo, que acreditamos piamente, deve estar "pelos cabelos" (quais?) consigo próprio. A segunda - goze o seu papel de avózinha babada, reformada (elevada à sexta ou sétima casa) - e escreva uns romances ... para variar ("A mulher que queria ser ministra", já leram? recomendo.
Pois, o país aliviou e Lisboa resplandesceu. Por ora, o dragão foi paralizado. Ou seria um polvo?
O "Sol e Sombra" de hoje convidam-nos a um a reflexão pós-eleitoral.
Primeiro. É um facto que a votação de domingo em Lisboa marcou irremediavelmente dois destinos políticos a prazo.
PSL, que mercantilizara uma imagem sebastiânica desde a Figueira da Foz e em Lisboa, com a graça de Deus, não pára de acrescentar derrota a derrota. Depois do desastre das legislativas de 2005; sobrou-lhe um insignificante terceiro e último lugar na corrida à liderança do PSD contra Ferreira Leite e Passos Coelho; foi derrotado em Lisboa. Assim se transforma um "temível vencedor a crónico perdedor". Sabendo que PSL, foi abençoado por artes mágicas (negras, claro!), António Costa, quando lhe perguntaram se achava que o Pedrito assumiria o seu lugar de vereador, respondeu (provavelmente fazendo figas) "Ele anda sempre por aí!" Portanto, se a criatura não se apaga, resta-lhe ser a "alma penada" da política socialité portuguesa. Uma benção!
António Costa foi condecorado no domingo com galões de homem-pós-Sócrates. Pai a curto prazo do PS, sem hipótese de sombra.
Entre ganhos e perdas, há os desonrados, como Deus Pinheiro! Um homem cujo nome lembra o Natal (Pinheiro + Deus), lá fez o enorme frete de pensar em deixar o golf sem o seu taco um tempito, e representar o "Bom Jesus" - de Braga. Mas não é que por desgraça sua foi eleito? Há gente com um azar! Mais não lhe restou que fazer o que queria de facto fazer: estar-se nas tintas, voltar aos campos verdes e, vai daí, renunciou ao mandato. O que não teria acontecido se os seus colegas incompetentes tivessem dado a vitória do PSD e, automaticamente, um lugarzinho na presidência da AR? Pelo menos, vice-presidente! A imagem rota do PSD, créditos nulos, egoísmos ostensivos, egos sem paralelo! Que se lixe! Bruxelas sim isso é que é um país de gente séria e tão mais interessante! Agora, Braga? Tirando algumas letritas parecidas, resta o vício da boa vida e o hábito salutar de fazer o que lhe dá na real gana! À PSD!
Hoje, a seta ascendente laranja simboliza "um partido errático e em roda livre". Aguiar Branco e Paulo Mota Pinto lavam roupa suja em público disputando quem é suficientemente mau para assumir a liderança parlamentar.
Os casos António Preto e Helena Lopes da Costa foram a maior facada na suposta política de verdade e rectidão apregoada pela Manelinha.
"Politicamente ferida de morte com a severa derrota nas legislativas, que deixou o partido abaixo dos 30%, a direcção de Manuela Ferreira Leite arrasta-se sem decidir o seu fim. Entretanto, eclipsou-se do palco político e abriu um vazio de liderança que dá lugar a esta balbúrdia partidária: cada qual fala para seu lado, ninguém presta contas a ninguém, tomam-se decisões impróprias e prejudiciais, dizem-se enormidades embaraçosas e contraproducentes. É um partido que deambula à rédea solta, sem rei nem roque."
MFL diz que se está em agonia que morra, já que de nada mais lhe serve! Veja lá rica e se se quiser candidatar a PR? É que a menina, positivamente, não se enxerga! Vai de antevisão da morte até ao último respiro, que o há-de dar lá por alturas da votação do Programa do Governo e do Orçamento. "Sem perceber que ninguém ligará ao que irá dizer ou dará alguma importância à posição que tomar. Porque já ninguém lhe reconhece qualquer réstia de autoridade – a ela ou a este desacreditado PSD."
São estas pequenas coisinhas que nos fazem acreditar que, por milagre, às vezes, até na política, há justiça! Obrigado, São Pedro!

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

A mão de "Deus"

O artigo de Paulo Gaião no Semanário intitulado "O rei vai nu" (alegoria usada em artigos antecedentes a propósito do nosso principezinho Pedro "O Maquivel" obriga a pensar os bons de portugueses que sempre viram no PR um semi-deus.
Diz ele que:
"Ao longo dos anos muita gente se tem recusado inexplicavelmente a aprofundar quem é, realmente, Cavaco Silva." Discordo do "inexplicavelmente"! Quem critica Cavaco não te nem bom nem mau caminho, fica sem caminho!
A propósito do saneamento político de Fernando Lima, recorda como o PR sempre foi implacável. Vejam-se o "eclipse" de Eurico de Melo, Miguel Cadilhe, Fernando Nogueira, Álvaro Barreto, Santana Lopes.
Fernando Nogueira, um dos homens que provavelmente mais venerou Cavaco, n.º 2 de Cavaco no Governo, viu, no silêncio (estes silêncios estratégicos que tão bem MFL consegue seguir) do 1º sobre as presidenciais, um sinal de que Cavaco pretendia avançar para Belém, apadrinhando a sua ascensão. Engoliu o sapo. Cavaco descredibilizou-o, fê-lo perder o papel de delfim, deixando a todos a imagem de que sobre as intenções do PR nada sabia e que portanto não havia qualquer relação privilegiada entre os dois. Ao tempo, foi a antevisão de uma morte política. Ou se segredava com Cavaco, se frequentava Boliqueime, ou era-se nada. E FN ficou reduzido a pó.
"Cavaco só pensou em si e no seu interesse político ..."
Miguel Cadilhe foi Ministro das Finanças. Bastou a acusação de que teria fugido à sisa para se ver o fumo do fim de uma carreira que se adivinhava brilhante, até porque havia sido apadrinhada por Cavaco. Este dá a impressão de o apoiar e depois a reimpressão de que pensando melhor ... fez Cadilhe sair do governo, foi um "assassinato político a sangue frio".
Segue-se o raciocínio do analista com Álvaro Barreto (um dos remodelados no mesmo "arrastão" de Cadilhe). Parece que Cavaco nunca lhe sentira o devido agradecimento por tê-lo feito ministro ", ele que estava no lote de ministros com "patine", como Mira Amaral, muito longe do país profundo de Boliqueime."
Bastou Álvaro Barreto deixar cair, numa entrevista, uns alegados "recados incómodos para dentro do Governo", segundo o PR (estas manias de perseguição já vêm de trás, portanto, como se vê!).
Na célebre "leva" dos remodelados de 1990, "uma remodelação que apanhou todos os ministros de surpresa, feita na passagem do ano," prepara a queda de Eurico de Melo -um dos poucos barões que o apoiara incondicionalmente em 1985, na Figueira da Foz, "frente a João Salgueiro, apoiado por quase todos os barões do partido." Como "paga" Cavaco levou-o para o seu governo. Anos volvidos, quando Eurico quis sair do governo por motivos pessoais, Cavaco ter-lhe-á pedido que ficasse. Ao que EM acedeu "com a grandeza de um presbítero meses depois, Eurico voltou a pedir a Cavaco para sair." Cavaco volta a pedir-lhe para esperar.
Vai que foi na tal "leva" dos remodelados, que Eurico cai como os demais, sem qualquer sinal de respeito, de diferença, especial.
Segue-se Santana Lopes, "o caso ainda é fresco, nos célebres tiros de dentro da trincheira. A 27 de Novembro de 2004, Cavaco Silva escreveu no "Expresso" um artigo sobre a má moeda, atacando directamente o governo do seu próprio partido. Três dias depois, e muitas intentonas de vários sectores à mistura, Santana Lopes tinha perdido o lugar de primeiro-ministro." Reconheça-se que a PSL nem Cavaco chegou para o "assassinar politicamente"!
Por fim, abriu-se a porta ao PS e à candidatura presidencial do próprio Cavaco.
O que se passou com Fernando Lima poderá parecer uma incógnita. Mas se o parece não o é, com certeza.
Trata-se de mais um soldado que obedeceu a ordens cegamente sem as refutar e depois foi ostracizado para mostrar a discordância do chefe quanto às ditas!
E se Cavaco tem sido um padrinho para algumas das almas gémeas (como MFL) também tem estado muito bem na pele de carrasco quando os seus mais fiéis seguidores mostram que afinal vêm para além da sua própria sombra!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Cientificamente apaixonada!

Que bom que era trocar esta fobia eleitoral com um pouco de folia passional. Algo que me fizesse saír do sério e passar à loucura da insanidade de uma grande paixão!
Ora, romântica como sou, recuso-me a pensar que é este terrível mau feitio, ser um rato de biblioteca, um fanático do trabalho, que me afasta de uma grande paixão!
Explicam-me então que O AMOR É QUÍMICA! NADA MAIS!
Fluxo e refluxo de substâncias químicas fabricadas no corpo da "vítima" - o apaixonado! As deusas adrenalina, noradrenalina, feniletilamina, dopamina, oxitocina, a serotonina e as endorfinas em plena orgia. Madame dopamina é a responsável pela sensação de felicidade, já Madame adrenalina aceleração o coração e causa excitação. A noradrenalina é a Senhora que gere o desejo sexual no casal. Está provocada a alquimia, o santo graal dos sentidos, explosão, ficção e pura química!
E uma grande ilusão, que isso mais não é que excesso de oxitocina no sangue.Nada espiritual, poético, sublime!
A impressão de se ter um vazio na ausência do outro não passa de uma gigante fraude!
A vontade de ficar perto do outro não passa de um desequilíbrio hormonal!
A activação dos córtices insular e cingular anterior e do núcleo paraventricular é a verdadeira precursora da produção de oxitocina no hipotálamo e sua conseqüente liberação pela hipófise posterior. E esta hormona é a que me dá o prazer de um simples beijo (que aliás de simples não tem nada e até hoje embora seja - infelizmente - moça de recato e privada de devaneios - só encontrei um homem que soubesse beijar! E Deus, beijava maravilhosamente!
Trata-se de um vício, Pura droga. Maldita Cocaína.
Esse aperto no meu peito porque não te vejo, nem te revejo, essa ... saudade, fatídico excesso de dopamina. Em doses baixas (0,5-2 mcg/Kg/min.) a dopamina actua sobre os receptores dopaminérgicos, produzindo vasodilatação mesentérica e renal. Tudo tem explicação!
Ora, eu que sempre fui de letras e nada de ciências, não sou caso de espantar, Daí que nem seja dada a ter nem a suscitar paixões.
Diz-se que o sexo tântrico recebe uma superdose de dopamina (10mcg/Kg/min.), estimula os receptores alfa adrenérgicos e produzindo um aumento da resistência periférica e vasoconstricção renal. Ambas as pressões, a sitólica e a diastólica, aumentam profusamente e resultam no incremento do gasto cardíaco e da resistência periférica. Mas o que me encanta é quando, por fim, as hormonas ocitocina e vasopressina entram na dança, e tratam de fazer evoluir a pura atracção - a paixão - para uma relação calma, duradoura e segura - o amor. Que só pode ser eterno!
Aí resta a resignação de se estar preso no mesmo elo, partilhar o laço, viver o resto da vida a dois, com o Outro! Mas, até lá, ou controlo os níveis de noradrenalina e vasopressina no sangue, ou morro de paixão por ti! Porque, ao contrário do teu, o meu coração não é de pedra é do mais fino cristal.
Maldita Ciência! Deitou por terra as Letras!

sábado, 3 de outubro de 2009

O verdadeiro Cavaco

Julgo que se justifica rever e adaptar este meu texto já com algum tempo. Há uns tempos atrás, debateu-se a actual situação política portuguesa a partir dos dados das últimas eleições, à luz do estado actual das relações institucionais entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, designadamente, atendendo ao último discurso do Presidente.
José Miguel Júdice afirmou que Cavaco Silva devia surgir como uma força de poder na sociedade portuguesa, como alguém que define as regras do jogo, mas "queimou e malbaratou prestígio" e que na terça-feira começou a campanha para as eleições presidenciais, um "erro clamoroso".
José Adelino Maltez disse uma verdade incontestável: "Cavaco não é Deus, nem é Nietzsche". "O que aconteceu ... foi a vulgarização do homem. Do mundo celeste, ele desceu à Terra e tenta atabalhoadamente ser Mário Soares. Tenta politizar. E a política não é de anjinhos, não é de super-homens, é de homens concretos que têm de viver com a liberdade de imprensa. O povo percebeu que ele afinal é humano."
Baptista-Bastos já se fica pelo "mínimo de cortesia institucional", mas concorda que "o discurso de Cavaco foi uma coisa assustadora". .. não esclareceu nada: se houve uma grande manipulação pelo PS, porque despediu o Fernando Lima? E como é que o Fernando Lima tem um dossiê sobre uma pessoa (ou mais)? Quem é que lhe deu essas informações? Foi a perplexidade instalada: A Presidência tem legitimidade para ter dossiês sobre uma pessoa?
Considera que Cavaco é uma pessoa vingativa, que vai atrapalhar (eu diria que, dentro desta modernice da magistratura activa, o vai bloquear) o Governo.
Paulo Teixeira Pinto julga que "deve haver razões de parte a parte para esse sentimento de mal-estar, mas o facto de haver razões não significa que haja uma razão. Nestes cargos, o homem não é só o homem - é também o cargo, e os cargos não podem ter estados de alma." Para ele "política só é feita por pessoas, portanto só há casos pessoais e eu receio muito - e digo isto como alguém que preza muito Cavaco Silva, fui membro na sua comissão de honra - que lhe tenha aparecido uma espécie de terça-feira de Carnaval. Provavelmente podemos ter um fenómeno, que receio bem que seja a primeira situação de um presidente não ser reeleito." e sem gostar de "fazer prognósticos com vontades íntimas de ninguém. Ele já demonstrou que tem coragem para ser candidato numa situação muito difícil", não quer antecipar, mas receia que seja um fenómeno que não tenha a natureza de epifenómeno, mas que seja uma marca que fique."
Vulgar cidadã que sou, diria que, e o futuro o esclarecerá, Cavaco demonstrou sempre um egocentrismo perigoso para quem lida com poder. Às suas mãos e por sua vontade, cairam redondos no chão homens que, qualitativamente, quer ao nível das suas competencias humanas, quer ao nível das suas aptidões técnicas, lhe eram infinitamente superiores, apenas porque ousaram pensar primeiro que ele, à sua margem, de per si. Mudou cadeiras, cargos e funções sem ais nem uis. Cavaco, talvez até por causa disto, deslumbrou os portugueses, ele era a prova de que todos podiam ser presidentes e que até o homem mais humilde podia residir em Belém. Mas Cavaco nunca foi do povo - essa foi a primeira ilusão - muito menos alguma vez foi humilde - e não é cerebralmente um homem comum, é um homem culto, um académico, um estratega. Todos pensaram usá-lo na Figueira e ele provou que aguardava que o fizessem para depois se usar de todos a seu bel-prazer! No que fez muito bem, que assim muito barão e gabarola ficou pelo caminho e, tanto mais, que "barão que rouba a barão tem cem anos de perdão" (isto não me soa bem!!). E, nem Cavaco, é tão humano quanto o pintam! É implacável!
E o que o povo viu, finalmente, é que este homem desce do seu púlpito para ter uma "conversa em família" em que se confessa sob controlo, mas claramente atabalhoado, ele o tal que nunca tem dúvidas e raramente se engana - o que faz dele um ser paracelestial!
Deu uma súbita importância a Sócrates e imputou um poder ultra-secreto ao seu exército que o debilitam como Presidente! E, disso não temos dúvidas, revelou-se um homem francamente debilitado, cansado e que vive num mundo de perseguição e suspeita que o aproximam do delírio.
Um homem-Sol com dificuldade em lidar com a sua própria sombra!

A emergência de grandes mulheres e o desaparecimento do resto!

Vem a propósito o papel crescentemente relevante que as mulheres vão assumindo por toda a parte e em vários níveis da vida e a forma solitária como algumas seguem o seu caminho.
A Revista Fortune elegeu Maria da Conceição Ramos como a 9ª mulher mais influente de todo o mundo empresarial. É a actual directora executiva do grupo bancário sul-africano ABSA.
As mulheres já podem engrossar as fileiras da Guarda Suíça - o exército, até agora exclusivamente masculino - que protege o Papa.
4 procuradoras marcam a vida judicial portuguesa: Cândida Almeida, a primeira mulher portuguesa a entrar para a magistratura e que, hoje, dirige o Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), que coordenou a 'Operação Furacão' e o caso Freeport; Maria José Morgado, directora do DIAP de Lisboa; Hortênsia Calçada que deixou a liderança do DIAP do Porto e foi substituída por Maria do Céu Sousa, por fim, Francisca van Dunem, à frente da procuradoria-distrital de Lisboa. Todas igualmente fortes e invulgares!
Do resto do mundo, Indra Nooyi, CEO da Pepsi Co - até aqui tida como a mulher mais poderosa do mundo pela Forbes - foi ultrapassada por Ângela Merkel, chanceller da Alemanha, que ocupa agora o número 1, e até por Sheila Bair, chairman da Federal Deposit Insurance Corp. O 4º lugar é ocupada por Cynthia Carroll, CEO da Anglo American (Reino Unido), no 5º está Ho Ching, CEO da Temasek (Singapura), e no 6º está Irene Rosenfeld, CEO da Kraft Foods (Estados Unidos).
Está no ar a pergunta: o que torna estas mulheres importantes? Fica por apurar, mas uma coisa se constata, um traço que é comum a algumas - a solidão, resultante, não tanto da força e do empenho e até do tempo que dedicam aos seus caminhos pessoais, mas mais da dificuldade que os homens parecem demonstrar em coabitar com esta tribo de matriarcas sociais.
E em Portugal? Afasto Manuela Leite que já não concorre a lugar nenhum (quero acreditar nisso, tanto mais que "correr" ao que quer que fosse ser-lhe-ia muito dificil, pelos motivos óbvios! e refiro-me somente à idade). Mas lembro mulheres como a presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha, ou Elisa Ferreira, candidata à Câmara do Porto, ou Fátima Campos, presidente da Junta de Freguesia de Monte Abraão, ou Teresa Caeiro ou Edite Estrela, são já uma marca política; Maria Belo, na defesa do feminismo, foi-o também (minha madrinha do coração); no mundo empresarial, pense-se em Ana Maria Fernandes, CEO da EDP Renováveis, em Esmeralda Dourado, presidente da SAG ou em Vera Pires Coelho, presidente da Edifer, ou, a minha amiga do peito, Ana Bela Pereira da Silva, Presidente da Associação de Mulheres Empresárias.
Se os custos de uma carreira empenhada custam a solidão das guerreiras, parece que muitas estão dispostas a pagar esse preço! Mesmo que a realização profissional não chegue para aquecer as noites gélidas do Inverno e por vezes lhes reste o eco e o espelho como reflexo de outra alma humana em casa. É duro! Mas é um caminho! E, se ao longo da história houve sempre grandes mulheres dispostas a ficar "por detrás" de grandes homens, parece que a estes lhes falta a coragem para trocar de papel! E, caso sejamos tão idealistas que ainda acreditemos que homem e mulher devem caminhar lado a lado, comungando um mesmo projecto de vida, ou simplesmente, partilhando-a, somos levadas a desistir! A outra metade da laranja deve estar nos Antípodas! Somos vetadas à eterna busca do nosso Santo Graal, a força dentro de nós, sem olhar para trás, sob pena de continuarmos sozinhas, mas como a mulher de , feitas estátuas, a perder a hipótese de viver e de nos sentirmos gente!
E agora que se descobrem cada vez mais grandes mulheres, onde estão os pequenos grandes homens? Ou melhor, refaço a frase, ainda há espécimes desses por aí?