quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Governo contra desgoverno

O ministro dos Assuntos Parlamentares acusou a líder do PSD de querer «condicionar as decisões» dos órgãos superiores de Justiça e recusou que o primeiro-ministro tenha explicações públicas a dar no âmbito do caso Face Oculta. «Ouvimos hoje Manuela Ferreira Leite falar da politização da Justiça, numa tentativa de politizar o funcionamento da Justiça e de condicionar até ao mais alto nível as decisões dos órgãos superiores da Justiça, isso foi totalmente evidente», afirmou. Jorge Lacão defendeu que o primeiro-ministro «não se considera de alguma maneira vinculado a ter que dar explicações relativamente a conversas que, como ele próprio já referiu, são inteiramente típicas de conversas normais que, numa circunstância, terá tido com um dos seus amigos». Respondendo a perguntas dos jornalistas, o governante acrescentou que «o primeiro-ministro nem sabe do que pode estar em causa em relação àquilo que tem vindo na comunicação social» e «respeita as regras de funcionamento da Justiça». JL leu uma declaração acusando MFL de ter «insinuado que as decisões da Justiça com relação às escutas envolvendo o primeiro-ministro não são resultado do cumprimento da lei».
«Voltou hoje ao pior da sua tradição como líder do PSD. À baixa política da insinuação e da suspeição», considerou, acrescentando que a líder social-democrata «continua a arrastar o seu partido para os níveis mais baixos de que há memória». JL considerou que MFL fez uma «tentativa grosseira de arrastar o senhor primeiro-ministro para justificações públicas em relação a conversas estritamente particulares».
É que, meu caro JL, quem não governa, desgoverna!

Ferreira Leite exige que Sócrates esclareça escutas

Para o ministro dos Assuntos Parlamentares, Ferreira Leite «não soube compreender o direito de reserva que também assiste a um primeiro-ministro nas suas conversações», o que «é um acto revelador de um desprezo absoluto pelos princípios do Estado de Direito».

«Só pode ter origem numa pessoa que despreza os valores da democracia e do respeito pela lei. De quem já pensou em suspender a democracia por seis meses, não se pode esperar outra coisa», disse.

Lacão acrescentou que Ferreira Leite não tem «autoridade moral» para dar lições de «moralidade pública», porque «não hesitou, por razões de conveniência partidária, em integrar nas listas de candidatos a deputados pessoas sujeitas a acusação formal e processo penal».

Para Jorge Lacão, a declaração da líder do PSD só é compreensível «à luz da frustração imposta pela derrota eleitoral» e de alguém que «prossegue uma linha política mesquinha, baseada na suspeição».