"Foi uma honra ter sido deputado durante 34 anos" - disse Manuel Alegre.
A honra foi toda a nossa! E o desânimo de não ver gente que façam das palavras armas e as lancem em cruzada do púlpito de São Bento, cá para baixo.
Quando teremos de novo alguém que no Parlamento seja capaz de dizer:
"Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça, o vento nada me diz.Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas.Levam sonhos deixam mágoas. Ai rios do meu país! Minha pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz. (...)
Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio -- é tudo o que tem quem vive na servidão.Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados.E o vento não me diz nada. Ninguém diz nada de novo.Vi minha pátria pregada nos braços em cruz do povo.Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar.Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas) vi minha pátria florir (verdes folhas verdes mágoas). Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome.Eu vi-te crucificada nos braços negros da fome.E o vento não me diz nada, só o silêncio persiste.Vi minha pátria parada à beira de um rio triste.Ninguém diz nada de novo se notícias vou pedindo nas mãos vazias do povo vi minha pátria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu país. Peço notícias ao vento e o vento nada me diz. Quatro folhas tem o trevo liberdade quatro sílabas. Não sabem ler é verdade aqueles pra quem eu escrevo.Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não."
Quanta palavra mal dita, maldita, reina naquele convento beneditino! Porém, onde estão os poetas do meu país? Ou no meu país já não há lugar para poetas?
Juro! Sei! Sinto!
Há homens que dizem não, quando o não é para ser dito.
Ainda há poetas no meu país!
A honra foi toda a nossa! E o desânimo de não ver gente que façam das palavras armas e as lancem em cruzada do púlpito de São Bento, cá para baixo.
Quando teremos de novo alguém que no Parlamento seja capaz de dizer:
"Pergunto ao vento que passa notícias do meu país e o vento cala a desgraça, o vento nada me diz.Pergunto aos rios que levam tanto sonho à flor das águas e os rios não me sossegam levam sonhos deixam mágoas.Levam sonhos deixam mágoas. Ai rios do meu país! Minha pátria à flor das águas para onde vais? Ninguém diz. (...)
Pergunto à gente que passa por que vai de olhos no chão. Silêncio -- é tudo o que tem quem vive na servidão.Vi florir os verdes ramos direitos e ao céu voltados. E a quem gosta de ter amos vi sempre os ombros curvados.E o vento não me diz nada. Ninguém diz nada de novo.Vi minha pátria pregada nos braços em cruz do povo.Vi minha pátria na margem dos rios que vão pró mar como quem ama a viagem mas tem sempre de ficar.Vi navios a partir (minha pátria à flor das águas) vi minha pátria florir (verdes folhas verdes mágoas). Há quem te queira ignorada e fale pátria em teu nome.Eu vi-te crucificada nos braços negros da fome.E o vento não me diz nada, só o silêncio persiste.Vi minha pátria parada à beira de um rio triste.Ninguém diz nada de novo se notícias vou pedindo nas mãos vazias do povo vi minha pátria florindo. E a noite cresce por dentro dos homens do meu país. Peço notícias ao vento e o vento nada me diz. Quatro folhas tem o trevo liberdade quatro sílabas. Não sabem ler é verdade aqueles pra quem eu escrevo.Mas há sempre uma candeia dentro da própria desgraça há sempre alguém que semeia canções no vento que passa.Mesmo na noite mais triste em tempo de servidão há sempre alguém que resiste há sempre alguém que diz não."
Quanta palavra mal dita, maldita, reina naquele convento beneditino! Porém, onde estão os poetas do meu país? Ou no meu país já não há lugar para poetas?
Juro! Sei! Sinto!
Há homens que dizem não, quando o não é para ser dito.
Ainda há poetas no meu país!