Julgo que se justifica rever e adaptar este meu texto já com algum tempo. Há uns tempos atrás, debateu-se a actual situação política portuguesa a partir dos dados das últimas eleições, à luz do estado actual das relações institucionais entre o Presidente da República e o primeiro-ministro, designadamente, atendendo ao último discurso do Presidente.
José Miguel Júdice afirmou que Cavaco Silva devia surgir como uma força de poder na sociedade portuguesa, como alguém que define as regras do jogo, mas "queimou e malbaratou prestígio" e que na terça-feira começou a campanha para as eleições presidenciais, um "erro clamoroso".
José Adelino Maltez disse uma verdade incontestável: "Cavaco não é Deus, nem é Nietzsche". "O que aconteceu ... foi a vulgarização do homem. Do mundo celeste, ele desceu à Terra e tenta atabalhoadamente ser Mário Soares. Tenta politizar. E a política não é de anjinhos, não é de super-homens, é de homens concretos que têm de viver com a liberdade de imprensa. O povo percebeu que ele afinal é humano."
Baptista-Bastos já se fica pelo "mínimo de cortesia institucional", mas concorda que "o discurso de Cavaco foi uma coisa assustadora". .. não esclareceu nada: se houve uma grande manipulação pelo PS, porque despediu o Fernando Lima? E como é que o Fernando Lima tem um dossiê sobre uma pessoa (ou mais)? Quem é que lhe deu essas informações? Foi a perplexidade instalada: A Presidência tem legitimidade para ter dossiês sobre uma pessoa?
Considera que Cavaco é uma pessoa vingativa, que vai atrapalhar (eu diria que, dentro desta modernice da magistratura activa, o vai bloquear) o Governo.
Paulo Teixeira Pinto julga que "deve haver razões de parte a parte para esse sentimento de mal-estar, mas o facto de haver razões não significa que haja uma razão. Nestes cargos, o homem não é só o homem - é também o cargo, e os cargos não podem ter estados de alma." Para ele "política só é feita por pessoas, portanto só há casos pessoais e eu receio muito - e digo isto como alguém que preza muito Cavaco Silva, fui membro na sua comissão de honra - que lhe tenha aparecido uma espécie de terça-feira de Carnaval. Provavelmente podemos ter um fenómeno, que receio bem que seja a primeira situação de um presidente não ser reeleito." e sem gostar de "fazer prognósticos com vontades íntimas de ninguém. Ele já demonstrou que tem coragem para ser candidato numa situação muito difícil", não quer antecipar, mas receia que seja um fenómeno que não tenha a natureza de epifenómeno, mas que seja uma marca que fique."
Vulgar cidadã que sou, diria que, e o futuro o esclarecerá, Cavaco demonstrou sempre um egocentrismo perigoso para quem lida com poder. Às suas mãos e por sua vontade, cairam redondos no chão homens que, qualitativamente, quer ao nível das suas competencias humanas, quer ao nível das suas aptidões técnicas, lhe eram infinitamente superiores, apenas porque ousaram pensar primeiro que ele, à sua margem, de per si. Mudou cadeiras, cargos e funções sem ais nem uis. Cavaco, talvez até por causa disto, deslumbrou os portugueses, ele era a prova de que todos podiam ser presidentes e que até o homem mais humilde podia residir em Belém. Mas Cavaco nunca foi do povo - essa foi a primeira ilusão - muito menos alguma vez foi humilde - e não é cerebralmente um homem comum, é um homem culto, um académico, um estratega. Todos pensaram usá-lo na Figueira e ele provou que aguardava que o fizessem para depois se usar de todos a seu bel-prazer! No que fez muito bem, que assim muito barão e gabarola ficou pelo caminho e, tanto mais, que "barão que rouba a barão tem cem anos de perdão" (isto não me soa bem!!). E, nem Cavaco, é tão humano quanto o pintam! É implacável!
E o que o povo viu, finalmente, é que este homem desce do seu púlpito para ter uma "conversa em família" em que se confessa sob controlo, mas claramente atabalhoado, ele o tal que nunca tem dúvidas e raramente se engana - o que faz dele um ser paracelestial!
Deu uma súbita importância a Sócrates e imputou um poder ultra-secreto ao seu exército que o debilitam como Presidente! E, disso não temos dúvidas, revelou-se um homem francamente debilitado, cansado e que vive num mundo de perseguição e suspeita que o aproximam do delírio.
Um homem-Sol com dificuldade em lidar com a sua própria sombra!
José Miguel Júdice afirmou que Cavaco Silva devia surgir como uma força de poder na sociedade portuguesa, como alguém que define as regras do jogo, mas "queimou e malbaratou prestígio" e que na terça-feira começou a campanha para as eleições presidenciais, um "erro clamoroso".
José Adelino Maltez disse uma verdade incontestável: "Cavaco não é Deus, nem é Nietzsche". "O que aconteceu ... foi a vulgarização do homem. Do mundo celeste, ele desceu à Terra e tenta atabalhoadamente ser Mário Soares. Tenta politizar. E a política não é de anjinhos, não é de super-homens, é de homens concretos que têm de viver com a liberdade de imprensa. O povo percebeu que ele afinal é humano."
Baptista-Bastos já se fica pelo "mínimo de cortesia institucional", mas concorda que "o discurso de Cavaco foi uma coisa assustadora". .. não esclareceu nada: se houve uma grande manipulação pelo PS, porque despediu o Fernando Lima? E como é que o Fernando Lima tem um dossiê sobre uma pessoa (ou mais)? Quem é que lhe deu essas informações? Foi a perplexidade instalada: A Presidência tem legitimidade para ter dossiês sobre uma pessoa?
Considera que Cavaco é uma pessoa vingativa, que vai atrapalhar (eu diria que, dentro desta modernice da magistratura activa, o vai bloquear) o Governo.
Paulo Teixeira Pinto julga que "deve haver razões de parte a parte para esse sentimento de mal-estar, mas o facto de haver razões não significa que haja uma razão. Nestes cargos, o homem não é só o homem - é também o cargo, e os cargos não podem ter estados de alma." Para ele "política só é feita por pessoas, portanto só há casos pessoais e eu receio muito - e digo isto como alguém que preza muito Cavaco Silva, fui membro na sua comissão de honra - que lhe tenha aparecido uma espécie de terça-feira de Carnaval. Provavelmente podemos ter um fenómeno, que receio bem que seja a primeira situação de um presidente não ser reeleito." e sem gostar de "fazer prognósticos com vontades íntimas de ninguém. Ele já demonstrou que tem coragem para ser candidato numa situação muito difícil", não quer antecipar, mas receia que seja um fenómeno que não tenha a natureza de epifenómeno, mas que seja uma marca que fique."
Vulgar cidadã que sou, diria que, e o futuro o esclarecerá, Cavaco demonstrou sempre um egocentrismo perigoso para quem lida com poder. Às suas mãos e por sua vontade, cairam redondos no chão homens que, qualitativamente, quer ao nível das suas competencias humanas, quer ao nível das suas aptidões técnicas, lhe eram infinitamente superiores, apenas porque ousaram pensar primeiro que ele, à sua margem, de per si. Mudou cadeiras, cargos e funções sem ais nem uis. Cavaco, talvez até por causa disto, deslumbrou os portugueses, ele era a prova de que todos podiam ser presidentes e que até o homem mais humilde podia residir em Belém. Mas Cavaco nunca foi do povo - essa foi a primeira ilusão - muito menos alguma vez foi humilde - e não é cerebralmente um homem comum, é um homem culto, um académico, um estratega. Todos pensaram usá-lo na Figueira e ele provou que aguardava que o fizessem para depois se usar de todos a seu bel-prazer! No que fez muito bem, que assim muito barão e gabarola ficou pelo caminho e, tanto mais, que "barão que rouba a barão tem cem anos de perdão" (isto não me soa bem!!). E, nem Cavaco, é tão humano quanto o pintam! É implacável!
E o que o povo viu, finalmente, é que este homem desce do seu púlpito para ter uma "conversa em família" em que se confessa sob controlo, mas claramente atabalhoado, ele o tal que nunca tem dúvidas e raramente se engana - o que faz dele um ser paracelestial!
Deu uma súbita importância a Sócrates e imputou um poder ultra-secreto ao seu exército que o debilitam como Presidente! E, disso não temos dúvidas, revelou-se um homem francamente debilitado, cansado e que vive num mundo de perseguição e suspeita que o aproximam do delírio.
Um homem-Sol com dificuldade em lidar com a sua própria sombra!